Sarney usa artigo para bater na Lava Jato mais uma vez

Mais uma vez o ex-senador José Sarney usou sua coluna no jornal O Estado do Maranhão para atacar a Operação Lava Jato e as denúncias contra ele.

Denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) como integrante do “quadrilhão do PMDB” que teria recebido R$ 864 milhões em propina e gerado um rombo de R$ 5,5 milhões na Petrobras e de mais de R$ 113 milhões na Transpetro, Sarney ameniza as acusações contra ele ao dizer em seu artigo deste fim de semana que “a lógica das denúncias que circulam nos jornais” enquadra todo mundo como quadrilheiro, “e nisso não respeitam nem presidentes nem governadores”, critica o político.

Para Sarney, as denúncias protocoladas contra ele pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não passam de um jogo semântico, e a crise política e econômica brasileira teria atingido as palavras.

“É como eu disse no princípio: as palavras estão em crise. E o Dr. Rodrigo Janot ficará na História por dar essas contribuições ao léxico brasileiro”, ironiza.

Sarney tenta suavizar a polêmica envolvendo seu nome, mas as acusações contra o velho oligarca são graves.

Em delação aos investigadores da Operação Lava Jato, o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, afirmou que José Sarney recebeu R$ 16,25 milhões em propina, pagos em dinheiro vivo, entre 2006 e 2014. Outros R$ 2,25 milhões em recursos obtidos de forma ilegal teriam sido pagos por meio de doações legais, totalizando R$ 18,5 milhões.

Machado relatou que foi procurado por José Sarney em 2006. No encontro, Sarney teria manifestado “dificuldades em manter sua base política no Amapá e Maranhão, e pediu ajuda”.

Em seu artigo, Sarney chega a citar o poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade, para apontar uma possível subversão do termo nos tempos atuais, já que para ele “quadrilha não é mais dança de São João”.

O imortal Sarney usa artifícios linguísticos para tentar confundir o leitor e se redimir junto à opinião pública. Resta saber se ele conseguirá contra argumentar poeticamente sua inocência perante os investigadores da Lava Jato. Com vários indícios contra ele, Sarney terá que usar muito malabarismo retórico para escapar das acusações.

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