“Previdência deve ser reformada, mas não pode ser destruída”, afirma Márcio Jerry

O deputado federal e presidente estadual do Partido Comunista do Brasil no Maranhão (PCdoB/MA), Márcio Jerry, concedeu entrevista ao programa “Portal da Assembleia”, no quadro “Sala de Entrevista”, da TV Assembleia, nesta segunda-feira (27). Ele falou sobre a intensidade de suas atividades parlamentares desenvolvidas em Brasília e a atual conjuntura nacional.

Segundo Márcio Jerry, a proposta de reforma da Previdência, em discussão no Congresso Nacional, que considera muito ruim, só deverá ter sua votação concluída no segundo semestre. “A proposta de reforma da Previdência de Bolsonaro só é boa para os banqueiros. Ela promete tirar um trilhão de reais em dez anos dos mais pobres para colocar para os mais ricos. Há muito debate a ser feito e acredito que a sociedade não vai ficar parada assistindo a uma destruição da Previdência Social”, complementou.

O parlamentar disse ainda que está em questão, na proposta da reforma da Previdência, a destruição do princípio de proteção por parte do Estado àqueles que deixaram de trabalhar depois de um longo período prestando serviços à sociedade. “É como se você transportasse para o âmbito de uma nação aquelas responsabilidades que você tem dentro de casa como, por exemplo, cuidar de nossos pais ou avós. Porque, na vida em sociedade, esse princípio tão humano precisa ser rasgado, aniquilado? A Previdência precisa ser reformada, precisa, mas não pode ser destruída”, ressaltou.

“O que o ministro da Economia, Paulo Guedes quer, é instituir um novo regime de Previdência, que é o regime de capitalização, de cada um por si e a Previdência por ninguém. Paulo Guedes atua, claramente, em favor dos setores para os quais ele trabalha, os setores da elite brasileira, especialmente o sistema financeiro”, disparou o parlamentar.

Pontos a serem debatidos pela sociedade

Márcio Jerry sugeriu o debate da sociedade sobre os seguintes pontos da proposta da reforma da Previdência: “Primeiro, o regime da Previdência rural. Não dá para tratar o trabalhador rural, com as suas precárias condições de trabalho e de sobrevivência, ainda hoje, em todo o Brasil, como se fosse um trabalhador urbano”. Segundo, precisa se respeitar a situação peculiar dos professores. Essa é uma categoria muito peculiar da sociedade e não dá para lhe subtrair direitos. Terceiro, é preciso olhar com muito carinho para os idosos que vivem em situação de vulnerabilidade social. É um genocídio querer acabar com o Benefício de Prestação Continuada (BPC)”.

O que é o regime de capitalização

O parlamentar esclareceu que o regime de capitalização que a proposta de Bolsonaro quer implantar, significa, de forma sintética, que um cidadão ou cidadã vai entregar todo mês para um banco um recurso que ele não tem segurança se daqui há algum tempo ela vai poder ter de volta. “O regime de capitalização, implantado em mais de 20 países, foi abolido em quase todos. Na América Latina, ele sobre existe no Chile, país em que há o maior número de idosos miseráveis e o maior número de suicídio de idosos em idade de aposentadoria. Ou seja, existe um desalento absoluto com esse tipo de regime. Temos que pensar no agora e no amanhã”, salientou.

Para Márcio Jerry, o problema da Previdência é, antes de tudo, um problema da economia, porque na hora que você tem pleno emprego, com carteira assinada, você tem mais recolhimento para a Previdência e, na medida que você contribui mais para a Previdência, você diminui ou até zera o déficit. “Não é a Previdência que vai resolver a economia. Só a economia, funcionando bem, é que pode resolver a Previdência”, defendeu.

Governo de balbúrdia

“Vamos completar cinco meses de governo, sem que o presidente da República tenha tomado uma iniciativa adequada. O governo Bolsonaro é uma balbúrdia só. Um governo dirigido por um maluco dos Estados Unidos, um tal de Olavo de Carvalho, e por três filhos tresloucados. Um filho senador que, sabidamente, é miliciano e amigo do Queiroz e dos assassinos de Marielle. Um outro, que vive no twitter o dia inteiro, fazendo balbúrdia na República, e outro, que vive buscando relações com a CIA, o Serviço Secreto Americano. É desse jeito que o Brasil está vivendo, hoje, descendo ladeira abaixo. É um governo sem rumo e que faz aumentar o desalento de milhões de brasileiros”, analisou Márcio Jerry.

Acordo de Salvaguardas firmado entre Brasil e EUA

O deputado federal argumentou que se Alcântara é o melhor lugar do mundo para se lançar foguetes, deve ser, por consequência, o melhor lugar para se garantir direitos, para se viver. “Não dá para você ter um setor de ponta, lançamento de foguetes, e, ao mesmo tempo, se ter uma situação de negação de direitos básicos como, por exemplo, moradia, saúde, educação e alimentação”, pontuou.

Segundo Márcio Jerry, Alcântara precisa ganhar muito pela utilização de seu território para lançamento de foguetes. “Esse é um princípio fundamental que orienta a minha posição e a de meu partido acerca desse tema. Somos favoráveis à utilização comercial do CLA, desde que se preserve a soberania do Brasil, se impulsione a política aeroespacial, tecnológica e científica do Brasil e, sobretudo, que seja importante para a comunidade de Alcântara, especialmente as comunidades quilombolas, e o povo do Maranhão”, revelou.

Contingenciamento do orçamento da Educação

O deputado afirmou que o governo está tirando dinheiro da educação, ou seja, que não se trata de corte orçamentário, mas de subtrair recursos das universidades e dos institutos federais, o que considera um absurdo. “O governo Bolsonaro elegeu a educação como inimiga. Não há nenhum país no mundo que tenha se desenvolvido sem a educação. Mas, no Governo Bolsonaro, se corta até bolsa de pesquisa de ponta. Isto é muito grave para a sociedade brasileira e o desenvolvimento do país”, assinalou.

Manifestações em defesa da Educação

Márcio Jerry afirmou que as manifestações ocorridas dia 15 último, em todo o Brasil, em defesa da Educação, e que acredita serão maiores ainda no próximo dia 30, demonstram, claramente, que a sociedade brasileira exige que a educação seja uma prioridade e que merece respeito por parte do Governo Federal.

PEC sobre aumento do FPM

Sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) em tramitação, na Câmara, sobre o aumento do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), o parlamentar assim se pronunciou: “Essa PEC está sendo analisada por uma Comissão Especial, da qual eu e o deputado Gil Cutrim (PDT) participamos. Trata-se de uma medida reparadora, que faz com que se atenue os graves problemas da relação dos chamados entes federados. Os municípios vêm, progressivamente, assumindo novas e importantes responsabilidades com as políticas públicas, sem, contudo, terem um aumento de receita para fazer face a essas novas despesas”, argumentou.

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