Imirante se compara às piores páginas de fakenews e causa vergonha a jornalismo maranhense

Autor do projeto, deputado Orlando Silva, desmentiu fake news do Imirante e disse que processará os responsáveis

Errar faz parte do jornalismo. Você dá uma “barrigada” aqui, acolá, pede desculpas aos seus leitores/ouvintes/telespectadores e corrige a informação. Mas existem os equívocos sem dolo e a notícia falsa proposital para levar o público ao erro: as fakenews.

Esta segunda-feira (19) foi um dia para ser esquecido pelo jornalismo maranhense, que ficou constrangido nacionalmente pela publicação do site Imirante, que estampou a manchete: “Projeto do PCdoB que permite casamento entre pais e filhos deve ser votado hoje”. Depois de algumas horas, o site retirou a publicação do ar, sem pedir desculpas aos leitores e explicar porque o site pertencente ao maior grupo de comunicação do Estado permitiu que uma aberração dessas ficasse publicada como se notícia fosse por tanto tempo.

A fake news dizia que o projeto de Lei do deputado Orlando Silva (PCdoB) iria legalizar o casamento entre pais e filhos (o incesto) e entre mais de duas pessoas (poliamor).

De cara, é possível se perceber que o tema “casamento entre pais e filhos” não é tratado no projeto. Quando se fala em “união de duas ou mais pessoas”, o texto não fala de “casamento”. O texto fala em família. O mesmo vale para quando o termo “consaguinidade” é tratado.

O texto não se refere a casamentos entre pais e filhos e sim o reconhecimento de pessoas, mesmo sem laços sanguíneos (como, por exemplo, um enteado), como membros de uma mesma família. E nesta parte que quem não apura se perde na redação. A explicação está em outro projeto de lei: o “Estatuto da Família”.

Na realidade, o “Estatuto da Família do Século XXI” (do Orlando Silva) nada mais é do que uma resposta de um projeto criado pelo deputado Anderson Ferreira (PR-PE) em 2013 e aprovado em comissão especial em 2015 que visa instituir que a família é um “núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher” ou “por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”.

Mais alguns detalhes reforçam a tese de que o “Estatuto da Família do Século XXI” nada mais é do que uma resposta ao “Estatuto da Família” (que ainda está tramitando na Câmara) e não tem nada a ver com casamento entre pais e filhos. O primeiro é a data de proposição feita por Orlando Silva (cerca de um mês após a aprovação do projeto de Anderson Ferreira).

O segundo detalhe é técnico. Se você não sabe, há um artigo (mais exatamente o 1521) no Código Civil que versa sobre o impedimento do casamento de pessoas com laços sanguíneos. Se o projeto tivesse como objetivo alterar esse artigo, teria que discriminar isso no “inteiro teor”. E não há nada do tipo “altera os artigos XX do Código Civil”.

O Imirante apontava também que o projeto visava “legalizar” o poliamor. Na realidade, o assunto já foi tratado no âmbito do Judiciário e cartórios foram proibidos de realizar casamentos entre mais de duas pessoas. Logo, qualquer projeto que visasse a liberação da prática teria que ser mais claro do que o “Estatuto da Família do Século XXI”.

Com tal matéria, o Imirante se compara a Jornal da Cidade Online, Brasil de Fato, Folha Política, Folha Política, Política na Rede e tantos outros que fizeram tanto estrago nas eleições do ano passado, levando informações falsas à população espalhadas como pólvora pelo Whatsapp. E estas páginas até agora não responderam pelo desserviço que prestaram ao Brasil. Não pode uma página de jornalismo profissional se comparar a este submundo.

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