Licença para morrer

Por Cunha Santos

Policiais enterraram muitos colegas de farda no ano passado

Policiais enterraram muitos colegas de farda no ano passado

Bandido que mata polícia não é apenas bandido. É bandido suicida. Quando soube da freqüência com que membros de facções criminosas estavam matando policiais e vi alguns deles se vangloriando disso diante da imprensa, compreendi que a resposta seria dura e que estava armada uma guerra fratricida que os bandidos não tinham como vencer. Polícia vítima de assassinato mata. Polícia com medo de morrer, mata. Independente de quem esteja governando, independente da edição de Medidas Provisórias. É assim em qualquer lugar do mundo. E não estou dizendo que isso seja legal nem correto. É fato incontestável, apenas.

Daí que a nota da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos visivelmente querendo inculpar o governador Flávio Dino pelo número de bandidos que sucumbiram nessa guerra, ignora o fato de que o crime organizado, no Maranhão, agiu tempo demais à vontade, inclusive criando uma cadeia de comando que tinha sede dentro da Penitenciária. Tão à vontade e certos da impunidade que, em determinado momento, achou que podia matar policiais impunemente. Estavam errados. E, como jornalista, eu sei disso há muito tempo.

A nota da SMDDH é perversa, suspeita, dirigida. O governador não editou Medida Provisória mandando matar ninguém. Nem para ganhar espaço na mídia. Essa insinuação é uma excrescência política inominável, que cheira a coisa arranjada, planejada para atender a interesses inconfessáveis ou apaziguar frustrações extremistas. O texto sequer cuida de mascarar o ódio ou desejo de vingança que o conduzem. É uma peça política destinada a construir a imagem de um governador monstruoso e que teria optado pela eliminação física dos inimigos da sociedade como forma de reduzir o alto nível de criminalidade que, sabemos por culpa de quem, elevou São Luís à condição de uma das cidades mais violentas do mundo. É espantoso e insidioso, principalmente em se tratando de Flávio Dino cuja opção pelos direitos humanos e preservação da dignidade do cidadão são fatos recorrentes de sua carreira jurídica e política no Brasil e no Maranhão.

Entendo que não se pode dar ao Estado poder de vida e morte sobre o cidadão. Mesmo que esse cidadão se divirta jogando futebol com cabeças humanas e incendiando crianças. É perigoso demais para a sociedade.

Por outro lado, são quase 1.500 homicídios por ano em São Luís e isso nada mais tem a ver com a “natureza social do crime”, à qual a SMDDH faz referência, subrepticiamente, ao criticar “o disparo do quarto poder sentenciando a dignidade de quem não a tem nem na vida nem na morte”. Isso tem a ver é com o poder do tráfico, com crime organizado, com desmantelamento familiar, com a juventude maranhense se matando em praça pública. E precisa acabar.

Acusar o governador Flávio Dino de dar à PM “licença para matar” é, antes de tudo, desconhecer sua história e, mais que tudo, deixar a impressão de que a SMDDH foi alugada para promover na sociedade maranhense um clima de terror. É uma atitude tão pusilânime, que custa crer tenha partido de uma entidade que sempre orgulhou o Maranhão.

E, pior, nada diz em defesa da sociedade ludovicense que, vivendo, nesses anos todos, o horror da presença de facções criminosas, tem tido toda licença do mundo para morrer.

Por que Ricardo Murad está tão nervoso?

Ricardo Murad sofre o desprezo que deu aos deputados e futuro preocupa.

Ricardo Murad sofre o desprezo que deu aos deputados e futuro preocupa.

Ele passa o dia tentando achar alguma motivo para vociferar contra a gestão estadual no Facebook. O ex-secretário estadual de saúde, Ricardo Murad, queria arrastar o que sobrou do grupo Sarney para confronto com governo Flávio Dino exclusivamente porque ele gostaria de ter uma bancada para defendê-lo por conta da péssima gestão à frente da saúde.

Parece que é uma questão de tempo até que foi feito na saúde nos últimos quatro anos aparecer e Murad quer ter um grupo de deputados estaduais para defendê-lo. Justamente por isso, fez de tudo para eleger dois deputados: a filha, Andrea Murad, e o genro. Souza Neto.

Mas justamente estas duas eleições estão entre os fatores do insucesso de Ricardo para arregimentar um grupo. A rica campanha de Andrea foi duramente criticada nos bastidores pelos candidatos do grupo Sarney, que reclamavam a concorrência desleal.

Nenhum deputado do grupo Sarney que estava em mandato suporta Murad por sua arrogância e prepotência. A prova foi a movimentação de guerra para as duas eleições de Arnaldo Melo como presidente da Casa quando o cunhado da ex-governadora Roseana Sarney sonhava com a cadeira de presidente.

Também quando foi secretário de Saúde, a mesma falta de consideração com deputados da base acirrou a ira dos parlamentares que não viam os pleitos na área de saúde para suas bases atendidos. O todo-poderoso fez de tudo apenas para a eleição da família. Para tanto, escanteou até seu ex-fiel escudeiro, Fábio Câmara.

Agora, Ricardo colhe os frutos do que plantou levando sua filha a uma humilhante candidatura a presidência da Assembleia Legislativa desnecessária. Tentou formar um gruo de oposição ferrenha Flávio Dino dentro do PMDB e não teve um apoio sequer. Como disse o deputado Roberto Costa em uma reunião do PMDB, Ricardo “acabou o governo de Roseana”. E acabou torrando centenas de milhões em obras inúteis e serviços que ninguém viu e nenhum deputado da base teve ganho político nas bases para agora ter algum agradecimento a Ricardo. Pelo contrário, querem deixá-lo ainda mais isolado.

Só resta ao ex-homem forte do governo passar o dia reclamando no Facebook. E é bom se preparar para o que está por vir, quando a caixa preta da secretaria de saúde for aberta.

Raimundo Barros dá 10 dias para defesa de Roseana sobre impeachment

Raimundo Barros quer informações da Assembleia e defesa de Roseana para embasar sua decisão

Raimundo Barros quer informações da Assembleia e defesa de Roseana para embasar sua decisão

O desembargador Raimundo José Barros de Sousa expediu ofício nesta quinta-feira (13) dando um prazo de 10 dias para que a governadora Roseana Sarney (PMDB) e o presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo (PMDB) apresentem defesa sobre o pedido de impeachment da governadora. As informações do presidente da Assembleia e a defesa de Roseana servirão de base para decisão.

Barros é relator do mandado de segurança impetrado pelo Coletivo de Advogados que pede a revogação da de Arnaldo Melo de arquivar pedido de impeachment da governadora. O pedido na Justiça foi feito dia 4 de fevereiro denunciando ser um ato “ilegal e abusivo” o arquivamento.

Os advogados pedem o impeachment de Roseana por crime de responsabilidade pelas dezenas de mortes nos presídios maranhenses.