Morador de casa de taipa é “dono” de empresa que já recebeu mais de R$ 7 milhões da prefeitura de Colinas

Aluízio teve seus documentos usados para criar empresa que fatura alto em Colinas

Aluízio teve seus documentos usados para criar empresa que fatura alto em Colinas

Um grande escândalo está dando o que falar no município de Colinas (437 km de São Luís). O carvoeiro, Aluízio Silva, morador de casa de taipa, é dono, pelo menos no papel, da empresa L.A TERRAPLANAGEM E CONSTRUÇOES LTDA, que já recebeu mais de R$ 7 milhões em contratos com a prefeitura do município. Só que o carvoeiro garante nunca ter visto um centavo do dinheiro.

Na versão de Aluízio, ele foi procurado em 2014 por um senhor chamado Leonardo César Ribeiro Souza, funcionário de um banco público da cidade e sócio de outra empresa com gordos contratos no município. Aluízio já havia feito serviços para Leonardo e cedeu seus documentos ao então patrão. Quando começou a ter problemas para conseguir emprego já que seria proprietário de uma empresa milionária, Leonardo teria lhe prometido a quota de 1% dos lucros.

Contratos da empresa com a prefeitura de Colinas

Contratos da empresa com a prefeitura de Colinas

Aluízio diz nunca ter tido nenhum acesso aos documentos da empresa e não tem conseguido mais trabalho. “Depois que eles pegaram meus documentos, eles esqueceram de mim e sumiram. Eu estou sem trabalhar, porque minha carteira [de trabalho] ninguém assina. Eu passei mensagem pra ele [Leonardo Souza] pra saber se minha carteira tem algum problema e ele não responde”.

Os contratos da empresa com a prefeitura de Colinas são de estradas vicinais, locação de mão de obra, limpeza pública, construção de fossa e reforma da Farmácia Popular, totalizando R$ 7.792.390,39.

Casa de Aluízio Silva na comunidade Chapadinha, em Colinas

Casa de Aluízio Silva na comunidade Chapadinha, em Colinas

Convênios eleitoreiros celebrados por Hildo Rocha causaram prejuízos aos municípios

hildorochaBlog Marrapá – Fonte da Secretaria das Cidades e Desenvolvimento Urbano (SECID) revelaram que auditores da Secretaria de Transparência realizaram no ano passado um levantamento sobre a celebração de convênios em 2013 entre a SECID, então dirigida pelo deputado Hildo Rocha, e os municípios maranhenses, e constatou o calote causado pela irresponsabilidade do gestor.

Segundo o levantamento, de acordo com a fonte, Hildo Rocha teria assinado 472 convênios em 2013, dos quais 349 foram assinados em dezembro de 2013, se comprometendo a repassar aos municípios o valor de R$ 323,9 milhões entre 2013 até julho de 2014. Mas o calote já era anunciado.

Segundo a Lei Orçamentária Anual de 2014, que previu as despesas que seriam realizadas em 2014, o orçamento para a SECID, excluídos os valores vinculados aos convênios federais, seria de R$ 51.122.930,00. Ou seja, mesmo já sabendo em que não disporia de orçamento para honrar os compromissos assumidos, porque o Governo Roseana Sarney já havia enviado a peça orçamentária para a Assembleia Legislativa, o então secretário Hildo Rocha celebrou convênios que gerariam o calote pelo Estado do Maranhão.

Na grande maioria dos convênios, somente foram repassados 5% do valor total do convênio, obrigando os municípios a realizarem licitações e celebrarem contratos com empreiteiras para a execução dos convênios. Mas o dinheiro prometido nunca saiu, ao menos para a grande maioria dos prefeitos. E Hildo Rocha já sabia que o dinheiro não sairia, porque o orçamento enviado para a Assembleia não seria suficiente para pagar um sexto do valor que prometeu pagar até julho de 2014.

Prefeitos aliados foram beneficiados

Apesar do quadro assustador do anunciado calote, Hildo Rocha não deixou seus aliados na mão e garantiu a sua candidatura abastecendo os cofres das prefeituras aliadas. Mesmo não transferindo valores para quase todos os municípios, descumprindo os convênios que assinou, alguns sequer receberam 5% dos valores conveniados, o então secretário Hildo Rocha, pré-candidato a deputado federal, foi bastante generoso com os prefeitos aliados. O dinheiro, depois, garantiria a sua eleição.

O Município de Magalhães de Almeida recebeu entre 2013 e 2014 o valor de R$ 3.373.287,50. Somente em fevereiro e março de 2014, um mês antes de Hildo Rocha se desincompatibilizar para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, o Município recebeu nas contas da Prefeitura o valor de R$ 1.289.087,50. Nas Eleições 2014, o prefeito Tadeu Sousa, aliado e correligionário de Hildo Rocha no PMDB, garantiu ao deputado nada menos que 38% dos votos válidos para deputado, que saiu do município como o candidato mais votado.

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Prefeito de Magalhães de Almeida, Tadeu Sousa (PMDB), abraça Hildo Rocha após receber R$ 3,3 milhões em convênios eleitoreiros.

O Município de Barra do Corda recebeu R$ 2.275.000,00 entre 2013 até a saída de Hildo Rocha da SECID, em abril de 2014. O prefeito Eric Costa, que até discursou na campanha ao lado do então candidato Hildo Rocha, garantiu ao mesmo a segunda maior votação no município para deputado federal, com 17% dos votos válidos.

O prefeito Eric Costa, de Barra do Corda, garantiu a eleição de Hildo Rocha após receber R$ 2,2 milhões em convênios eleitoreiros.

O prefeito Eric Costa, de Barra do Corda, garantiu a eleição de Hildo Rocha após receber R$ 2,2 milhões em convênios eleitoreiros.

Presidente Dutra foi o terceiro município que mais recebeu recursos da SECID em 2013 até a desincompatibilização do secretário Hildo Rocha em abril de 2014. Foram depositados nas contas do Município R$ 1.907.785,71. Com as contas da Prefeitura abastecidas com recursos dos convênios eleitoreiros, o prefeito Juran Carvalho pôde mostrar força para eleger Hildo Rocha como o seu deputado federal, com a segunda maior votação no Município, com 2.796 votos.

Juran Carvalho, prefeito de Presidente Dutra, em pedindo votos para Hildo Rocha em retribuição aos R$ 1,9 milhões que recebeu em convênios eleitoreiros.

Juran Carvalho, prefeito de Presidente Dutra, em pedindo votos para Hildo Rocha em retribuição aos R$ 1,9 milhões que recebeu em convênios eleitoreiros.