Castelão: ele está de volta e isso que importa

Por Pedro Venâncio
Do Site Trivela

Foto: Neidson Moreira.

O Castelão não é o estádio dos sonhos de quase ninguém. Aliás, quase ninguém fora do Maranhão lembra que ele existe. É mais um daqueles estádios construídos no final da ditadura militar, época em que o slogan “Onde a Arena vai mal, mais um clube do nacional”, fazia todo sentido. Era um tempo em que a humildade estava na moda. O governador do Maranhão na época era João Castelo, que em um gesto altruísta homenageou um amigo sempre fiel nos momentos difíceis de sua própria vida: ele mesmo. Atual prefeito, Castelo ainda usa o estádio como um trunfo em suas campanhas políticas. Mas nada disso importou nesta quarta-feira.

O que importa para os maranhenses é que o estádio foi reinaugurado. Depos de sete anos, tempo mais do que suficiente para se fazer, por exemplo, três reformas faraônicas no Maracanã. Em 2005, quando o Castelão foi interditado, ainda não havia Engenhão, a Fonte Nova ainda não havia sido implodida e o Itaquerão não era nem um projeto de gente. Em 2005, as pessoas não tinham Twitter e interagiam entre si no Orkut, ou nos fóruns da vida. Tevez havia acabado de chegar ao Corinthians e o São Paulo era campeão do mundo com Edcarlos na zaga.

Pois bem, tudo isso passou. Só não havia passado a reforma do Castelão. Enquanto isso, o valente estádio Nhozinho Santos recebia todos os jogos. Eu disse valente, não iluminado. Aquilo ali parece uma casa noturna, se botarem uma pista de dança e um DJ (hoje é fácil, todo mundo é DJ), dá para fazer uma balada boa. Enfim, no Nhozinho Santos cabem umas 17 mil pessoas, uma capacidade razoável, mas só. Como eu já disse, o que importa para os maranhenses é que o Castelão foi inaugurado, e com casa cheia.

Cerca de 40 mil pessoas, capacidade atual do estádio compareceram (a maioria não pagou, mas muita gente teve que se virar com os cambistas) e viram o Sampaio Corrêa enfiar 4 a 1 no Vilhena, de virada. A festa (muito bonita, por sinal), teve como dono o atacante Pimentinha (que não se chama Dênis), autor de dois gols. E isso porque é um atacante canhoto, ciscador e baixinho, desses que o nordeste produz em série todos os anos, um Madson sem direção hidráulica e vidro elétrico. Outro nome curioso é Mimica (sem acento mesmo, não é Mímica), zagueiro que já foi vendedor ambulante no próprio Castelão há dez anos e quase foi parar no Botafogo um dia. Vale ressaltar que o apelido dele não é tão exótico quanto os cortes de cabelo do Fábio Ferreira.

Com a vitória, o Sampaio está a dois jogos do acesso para a Série C. E a torcida, que ganhou o seu estádio de volta, vai lotar o Castelão pelo menos no jogo do mata-mata contra o Mixto. Mais uma chance para Pimentinha se consagrar com seu futebol moleque, cheio de ginga e (quase nunca) produtivo, e tirar um clube popular desse atraso de vida que é a Série D, fazendo a festa da “Tubarões da Fiel”.

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