Confira a entrevista de João Abreu a O Imparcial na íntegra

Declarações geraram clima tenso na AL.

Continua dando o que falar a entrevista do secretário chefe da Casa Civil, João Abreu, ao jornalista Diego Emir (O Imparcial) publicada no último domingo. Principalmente pelo fato do secretário ter defendido à privatização e um “estado menor”.

O clima esquentou entre os líderes de governo e oposição, César Pires (DEM) e Rubens Júnior (PCdoB). Até a prefeitura de Matões, administrada pela mãe do deputado Rubens entrou na discussão.

Para quem não teve a oportunidade de ler a entrevista na edição de domingo de O Imparcial, o blog publica na íntegra a entrevista de João Abreu a Diego Emir. Veja abaixo e tire suas conclusões.

“O caminho é
a privatização”

João Abreu, Chefe da Casa Civil, defende que o estado seja mais regulador e acredita que a Caema, presídios e hospitais poderiam ser administrados pela iniciativa privada

DIEGO EMIR

Secretário de Roseana Sarney (PMDB) pela terceira vez, João Abreu (PMDB) retornou ao governo abrindo o diálogo com deputados estaduais e ajustou as ações do governo com os secretários, através de planejamento de trabalho e metas a serem cumpridas. Com uma caminhada no ramo empresarial, como ex-presidente da Associação Comercial do Maranhão e do Sebrae, abre o debate de que o estado deveria ser menos executor e mais regulador, defendendo assim a privatização de alguns serviços básicos.

O homem de confiança da governadora, acredita também que no máximo em 15 anos o Maranhão será um novo estado, por conta dos projetos que estão sendo desenvolvidos, os quais vão alavancar o progresso econômico e social no Maranhão.

Por fim, o Chefe da Casa Civil ainda comenta sobre as eleições de 2014, fala quem são os favoritos na disputa pelo grupo que pertence e acredita que o candidato opositor vai cair nas pesquisas com o passar do tempo. Porém pondera que no momento ideal estará focado nas eleições, antes disso só pensa no trabalho a ser desenvolvido.

O Imparcial – O senhor já tinha sido secretário de Roseana em outras oportunidades, após um bom tempo afastado da vida pública, o que motivou o seu retorno?
João Abreu: Eu já tinha sido secretário estadual de Saúde entre 1999 e 2002, em 2009 fui Chefe da Casa Civil e em março de 2010 tive que me descompatibilizar, pois existia a possibilidade de concorrer as eleições de 2010. Desde então eu me dediquei às atividades da minha empresa e da minha família, que pese ressaltar, durante os últimos recebi convites para voltar a ser secretário: Educação, Cidades, Articulação Política e Assuntos Estratégicos foram os postos que fui convidado a assumir. E eu recusei esses quatros convites, pois a minha prioridade eram minhas atividades particulares. Dessa vez a governadora me fez um novo convite e me apresentou um projeto que achei muito interessante, abrindo a possibilidade para se concretizar o meu retorno à vida pública, então eu senti que era o momento de voltar ao governo.
O senhor falou que tinha uma possibilidade de concorrer às eleições de 2010, o que houve que o projeto não deu certo?

Algumas circunstâncias. O PT foi o fator preponderante, pois era interessante para o nosso grupo ter a aliança PT-PMDB e consequentemente eles indicaram o candidato à vice da Roseana.
Naquela situação, a sua ideia era concorrer à vice de Roseana?
Eu trabalhava com essa possibilidade, mas em política as possibilidades só se concretizam no exato momento mais próximo da eleição e com o passar do tempo que foi afunilando o debate eleitoral fui assimilando que seria muito difícil podermos montar uma chapa “puro sangue”, mas eu entendi perfeitamente e confesso que dei por encerrado naquele momento as minhas pretensões políticas, afinal era a terceira vez que meu nome era ventilado a um cargo, mas novamente não se concretizava.
Dessa forma tá encerrada de forma definitiva a possibilidade de disputar um cargo eletivo?
Quando eu voltei meu pensamento foi apenas um: ajudar a governadora, ajudar o governo, colocar minha experiência em favor do governo. Agora existe um fato em política que você não pode desprezar, que é o imponderável. Se por um determinado motivo não se concretizar nenhum dos projetos que estão em pauta no momento e de repente entra em cena esse imponderável, de repente o candidato pode ser eu.
O senhor já foi presidente da Associação Comercial do Maranhão e do Sebrae, qual a diferença da gestão privada para pública?
Não há diferença. O governo é uma empresa. A diferença básica para a empresa privada da pública se resume no lucro, onde na iniciativa privada o lucro é financeiro e relacionado ao patrimônio, enquanto no estado está relacionado ao bem-estar social. Mas ambas tem funcionários, ambas tem compromissos, tem metas ou deveriam ter, tem gestão, não se diferencia muito, tem impostos a pagar, agora a diferença básica é no resultado final, uma prega o lucro financeiro a outra o bem-estar social.
Com a familiaridade de ter trabalhado e continuar trabalhando no ramo empresarial, como o senhor pode ajudar para tentar aproximar a classe do governo e promover o desenvolvimento econômico?
Eu acho que é extremamente importante criar essa relação, pois um empresário dentro do governo, ele traz gestão. Eu não acredito mais em um gestor público que tenha apenas habilidade de gestão ou de política, isso não existe mais, a população quer a conjugação dessas duas vertentes. Hoje o grande problema é que o empresário ainda não é visto como um bom político e nós temos um quadro de empresários que poderiam ser excelentes políticos. A classe política ainda não percebeu que precisa se oxigenar com essa questão da gestão e o empresário tem muito essa pegada.
E o que falta para o Maranhão começar a se destacar economicamente?
Nós precisamos cada vez mais trabalharmos com a possibilidade de termos um estado menor e uma iniciativa privada maior. De alguma forma esse governo da Roseana conseguiu alavancar projetos que estão em torno de R$110 bilhões de investimento, retirando os R$40 bilhões da Refinaria, os R$70 bilhões restantes são de investimentos privados, que são de empresas como a OGX, Suzano, Vale etc. Não tem nenhuma dúvida que o Maranhão vai sair desse patamar de não industrializado, o que temos que nos preocupar é com a nossa mão de obra, precisamos ocupar os postos de trabalhos com a nossa população, por isso precisamos qualificar nossa mão de obra, por isso que esses programas: Viva Maranhão e Maranhão Profissional, vão criar uma forma do mercado absorver nossa mão de obra. Outra coisa importante é a descentralização industrial que a governadora tem proposto, levando alguns empreendimentos para Açailândia, Balsas, Chapadinha, deslocando esse eixo, que vai forçar o governo a fazer investimentos nessas outras regiões, cujo nível educacional vai se elevar. Daqui há 15 anos teremos uma realidade diferente em nosso estado.
Quando o senhor fala em “estado menor”, está se relacionando a uma política de privatização? Por exemplo, o senhor acha que a Caema deveria ser privatizada?
O estado tem que ser cada vez mais regulador. O estado tem que deixar de ser executor, atividades estas que a iniciativa privada faz bem melhor. Os exemplos de privatização no setor de saneamento no país são muito exitosas, estados que tem esse sistema privatizado tem uma boa participação. Você pode falar tudo da Cemar, mas de uns tempos pra cá, podemos perceber que o serviço de energia pública melhorou muito, hoje a Cemar é uma grande empresa, que talvez se ainda fosse pública não teria esse desempenho. Você pega a telefonia, por exemplo, hoje nós reclamamos por que a ligação cai, antes reclamávamos que não tínhamos como efetuar a ligação. Então fica claro que a iniciativa privada tem mais competência do que o estado, o qual deve se prestar ao serviço de ser indutor e regulador. Eu chego a discutir que serviços que são obrigações constitucionais do estado, como presídios e hospitais, eu acho que deveríamos experimentar através da iniciativa privada e não há invenção nenhuma nisso, nos Estados Unidos já funciona assim. Os melhores exemplos de hospitais hoje em dia são os privados, o serviço público tem melhorado muito, mas esbarra em muitas dificuldades: licitação, contratação via concurso que demora, enquanto isso o povo vai sofrendo. Enfim acredito que o governo deve ter esse papel de regulador e indutor, deixar a execução para a iniciativa privada, poupar energias e recursos para empreendimentos que são de exclusividade do estado. O próprio PT que tinha uma barreira contra privatização, hoje mudaram a forma de pensar.
Logo quando o senhor assumiu, foi convocada uma reunião com os deputados estaduais, o dialogo com a base aliada melhorou, após a sua entrada na Casa Civil? Pelo fato do senhor não ser colocado como um possível candidato em 2014 também contribuiu?

Isso é bem relativo, pois em 2009 eu era considerado candidato a vice-governador e a relação com os deputados estaduais era excelente. A questão central é que os deputados carecem de um dialogo permanente, então se você se predispõe a fazer a interlocução e isso é importante, mesmo não seja possível atender todos os pedidos, mas a interlocução é fundamental. Afinal o parlamentar precisa de uma resposta para dar na sua base e quando ele não tem um posicionamento do governo, ele fica em uma situação delicada. Então esse é um trabalho que a Casa Civil tem que fazer, o meu telefone não desliga nunca, isso significa dizer que nem todas as demandas atendemos, mas o fato de você dar atenção e de não deixar um assunto pendente, já satisfaz, ele já tem uma resposta. E que fique claro que o meu bom relacionamento se estende até os deputados oposicionistas, o qual tenho bom diálogo e alguns são meus amigos. Entendo o posicionamento deles, mas o que peço é que não criem fatos que não existem, pois terei que rebater. E os que ainda não vieram para esse canal aberto, não vieram por que não quiseram, pois eu não sou secretário da base aliada, eu sou secretário do governo do Maranhão. Por isso não quero saber se o deputado é de oposição ou de governo.
Então o senhor está querendo dizer que faltou a abertura do dialogo por parte do ex-secretário Chefe da Casa Civil?
Olha o Luís Fernando é um dos melhores técnicos do Maranhão. Eu não sei dizer se ele fez certo ou errado. Mas o que quero deixar bem claro é que Luís Fernando estava assoberbado com um projeto do grupo e também com as atividades do governo, ou seja, ele não tinha 100% do tempo para atender as demandas que chegavam dos deputados. Acredito que ele não tenha a postura de ter se recusado a atender qualquer um que seja.
Essa semana o senhor fechou o ciclo de reuniões com os secretários de governo, o plano de governo para até o final de 2014 está finalizado? Quais são as diretrizes?
Todas as demandas passam pela Casa Civil, por isso eu procurei reunir os secretários em grupos de 10, para conhecer todas as atividades do governo do estado. Querendo saber o que cada tá gastando, o que já foi feito, o que não gastou, procurei ter uma panorâmica da atual situação de todas as secretarias. Terminado esse ciclo, coloquei todas em uma planilha e agora de mês em mês cada secretário terá o compromisso de apresentar o trabalho que foi feito ao longo de 30 dias e agora todo secretário vai ter que prestar conta de tudo que foi feito. Por exemplo: Saúde. Se tiver na planilha que existe um planejamento para gastar R$20 milhões no hospital de Imperatriz, este resultado terá que ser me apresentado, se houver disparidade nisso ou mexer na minha planilha, vai ter que ter uma explicação. Esse é o nosso gerenciamento da Casa Civil, que visa mostrar a governadora em linguagem simples e fácil, mostrar como cada secretaria tem se comportado.
A governadora já conversou com o senhor sobre os rumos que ela deve tomar em 2014?
Olha ela tem me dito que ela ficar até o último dia de governo. Agora a minha opinião e defendo é que ela (Roseana) não fique afinal, ela é a grande líder do nosso grupo. Se ela ficar até o fim, não vai ser mais nada. Sendo assim não deve ficar, pois uma pessoa que tem 40% ou 45% na disputa pelo Senado, não pode jogar fora esse capital político. A minha opinião é que ela será candidata ao senado, embora ela diga que não, mas eu sinto que esse apelo popular vai acabar contagiando ela entrar na disputa.
Em relação à disputa pelo governo do estado, quem é o mais cotado dentro do seu grupo?
Nós temos pelo menos três nomes bem colocados publicamente dentro do nosso grupo: Luís Fernando, Lobão e Gastão Vieira. Qualquer uma das candidaturas, diante das candidaturas de oposição colocadas, eles levam vantagem, diante de experiência política comprovada e capacidade gerencial. Resta a questão do eleitor, qual dos três eles preferem mais. Hoje o candidato da oposição deve ter números superiores aos nossos, mas devemos lembrar que estamos a um ano e meio das eleições, se um dessas candidaturas de oposição já chegou ao topo, significa que quem chegou ao topo fora de tempo tem uma grande possibilidade de começar a cair, por isso existe uma possibilidade muito maior dos nossos candidatos crescerem do que os opositores.
Dos três que o senhor disse mais bem cotados publicamente, qual é o que está vantagem para ter consolidado o seu nome como candidato ao governo?
Olha eu acredito que o Luís Fernando e Lobão são os mais fortes, o Gastão Vieira está correndo por fora, mas é um nome que não pode ser descartado.
O senhor tem preferência por algum dos dois nomes?
Se eu tivesse que escolher um dos dois, eu teria dificuldade. Se pudesse complementar os dois seria excelente, mas como não podemos fazer isso, vou esperar o momento exato para me posicionar. Ainda mais pelo fato de ser Chefe da Casa Civil, eu não posso ter nenhum candidato antes da convenção, se eu me posiciono agora eu acabo com o governo, pois o grupo que não for contemplado pela minha escolha, vai começar a me ver com outros olhos, eu não posso ter uma visão partidária, isso somente durante a eleição. Mas no momento tenho que me focar no estado.

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