Mensagens revelam como Moro atuou auxiliando a acusação no julgamento de Lula

O site The Intercept derrubou as estruturas da “República de Curitiba” ao revelar as conversas entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol nas quais o então juiz federal sugeriu ao procurador que trocasse a ordem de fases da Lava Jato, cobrou agilidade em novas operações, deu conselhos estratégicos e pistas informais de investigação, antecipou ao menos uma decisão, criticou e sugeriu recursos ao Ministério Público e deu broncas em Dallagnol como se ele fosse um superior hierárquico dos procuradores e da Polícia Federal.

“Talvez fosse o caso de inverter a ordem da duas planejadas”, sugeriu Moro a Dallagnol, falando sobre fases da investigação. “Não é muito tempo sem operação?”, questionou o atual ministro da Justiça de Jair Bolsonaro após um mês sem que a força-tarefa fosse às ruas. “Não pode cometer esse tipo de erro agora”, repreendeu, se referindo ao que considerou uma falha da Polícia Federal. “Aparentemente a pessoa estaria disposta a prestar a informação. Estou então repassando. A fonte é seria”, sugeriu, indicando um caminho para a investigação. “Deveriamos rebater oficialmente?”, perguntou, no plural, em resposta a ataques do Partido dos Trabalhadores contra a Lava Jato.

Segundo o “Tha Intercept”, as conversas fazem parte de um lote de arquivos secretos enviados site por uma fonte anônima há algumas semanas (bem antes da notícia da invasão do celular do ministro Moro, divulgada nesta semana, na qual o ministro afirmou que não houve “captação de conteúdo”).

Nas conversas, também foi discutido o vazamento da conversa entre Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff, que iria nomeá-lo para a Casa Civil. O vazamento foi muito criticado á época. Dellagnol pergunta a Moro se a decisão de abrir as conversas estava mantida e o juiz pergunta qual a posição do MPF. O procurador responde: “abrir”.

Em uma das conversas num grupo de mensagens do Telegram, procuradores trocaram mensagens expressando indignação quando o ex-presidente Lula foi autorizado pelo ministro Ricardo Lewandowski a dar uma entrevista à “Folha de São Paulo”.

Eles traçaram estratégias para cassar a autorização por temerem que a entrevista ajudasse a eleger o então candidato do PT, Fernando Haddad. Os procuradores comemoraram quando a autorização para a entrevista foi cassada.
A força-tarefa da Lava Jato divulgou uma nota agora à noite declarando que seus integrantes foram vítimas de ação criminosa de um hacker. E que esse hacker praticou os mais graves ataques à atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus integrantes.
O ministro Sérgio Moro lamentou o que disse ter sido uma invasão criminosa a seu celular. Afirma ainda que “quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias”. 
Ou seja, nem o MPF nem Sérgio Moro negaram a veracidade das conversas. Apenas questionaram como estas chegaram ao site e o contexto no qual as conversas se passaram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *