Pré-candidatos que fazem doações em “lives” como propaganda podem ter problema no pleito por abuso de poder

Políticos maranhenses tiraram “casquinha” da Live do cantor Wesley Safadão com doações

Em ano eleitoral existe uma série de restrições para pré-candidatos e o poder público em geral para programas assistencialistas e doações em geral. Estas regras estão mais flexibilizadas em função do estado de calamidade pública em decorrência do novo coronavírus. Ainda assim, não significa um “liberou geral” e ainda existem muitas restrições.

A Promotoria Eleitoral expediu recomendação para evitar abusos de poder econômico e político. Pode haver programas e ações pessoais de distribuição gratuita de bens, valores e benefícios, entretanto não pode ocorrer o uso promocional, propaganda eleitoral ou enaltecimento em favor de pré-candidato ou partido político, ainda que de forma subliminar (o que não está explícito), bem como essas ações não sejam realizadas por entidades nominalmente vinculadas aos pré-candidatos ou por eles mantidas.

Ocorrendo a distribuição e execução dos programas sociais e de distribuição gratuita de bens, valores e benefícios, não seja utilizado fundamento subjetivo e pessoal, mas critério objetivo e impessoal de avaliação, devendo ser comunicada ao Órgão do Ministério Público Eleitoral, o produto/serviço e o local que irá acontecer a execução dos programas sociais.

Muitos cantores têm feito lives na internet para entreter as pessoas que estão em casa durante a quarentena, e nas últimas apresentações foi possível perceber a participação efetiva de políticos maranhenses, alguns pré-candidatos, aproveitando a situação para fazer promoção pessoal para os espectadores destes shows.

O advogado Carlos Sérgio Barros, especialista em direito eleitoral, confirma que é preciso ao pré-candidato tomar cuidado pois este tipo de abordagem pode ser caracterizada como abuso de poder econômico. “Todos os gastos elevados com a finalidade de angariar a simpatia do eleitorado, dependendo da gravidade, pode se constituir em abuso do poder econômico”.

O especialista salientou que é necessário que a doação, o gasto seja aplicado na circunscrição eleitoral do pré-candidato para se constituírem abusivos.

A ressalva é relevante porque durante a live do cantor Wesley Safadão, os deputados Edilázio Júnior, André Fufuca, Fábio Macedo e Wellington do Curso se promoveram com doações de máscaras ou alimentos. Wellington é pré-candidato a prefeito de São Luís. Houve um debate nas redes sociais sobre o fato destes deputados doarem para outro estado e não para o Maranhão, já que os recursos iriam para o Ceará. Oficialmente, o cantor divulgou que as doações serão para o projeto “W Solidário”, levando as doações para instituições beneficentes em vários estados do Brasil.

Durante a live da banda Mesa de Bar, na última sexta-feira (17), o deputado estadual Neto Evangelista, pré-candidato a prefeito de São Luís, fez uma propaganda, embora não tenha feito doação. Mas foi mais uma utilização de live de cantor para uma promoção pessoal.

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