MP quer que Assis Ramos anule contrato de compra de R$ 4,3 milhões em medicamentos

O Ministério Público do Maranhão e o Ministério Público Federal expediram Recomendação conjunta ao prefeito de Imperatriz, Assis Ramos, para anulação de um contrato de aquisição de medicamentos no combate à Covid-19.

O documento foi enviado na sexta-feira (2) por conta de diversas irregularidades encontradas no procedimento de Dispensa de Licitação que gerou o Contrato 133/2020, no valor de R$ 4.343.750,00 com a empresa APS Macedo – Ômega Hospitalar, com filial em Teresina.

A justificativa para a contratação foi que a empresa teria oferecido o menor preço para todos os itens, ou seja, considerando o valor global da proposta e não o menor preço para cada medicamento, como determina a legislação. Se o Município tivesse feito a contratação por item, poderia ter gerado uma economia de R$ 1.504.250,00 para os cofres públicos.

De acordo com a documentação extraída do Sistema de Acompanhamento Eletrônico de Contratação Pública do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (Sacop) e do Portal Covid-19, foram verificados vícios e erros no procedimento que antecedeu a contratação, inclusive no tocante às cotações de preços.

Comparação de preços

A análise aponta que o cálculo do orçamento vencedor comparou apenas os preços para o medicamento Clexane 40mg (medicamento de marca), sem considerar os orçamentos de medicamentos similares e com o mesmo princípio ativo (Enoxaparina Sódica), em desacordo com a Lei de Licitações (nº 8.666/93), que proíbe a preferência de compras no serviço público de itens por marca, salvo em caso de motivo justificável.

Nas investigações do MPMA e do MPF constatou que, se fossem comparados os orçamentos para o princípio ativo Enoxaparina Sódica, de acordo com os orçamentos apresentados, o Município teria obtido uma economia de R$ 1.488.000,00 na contratação.

Ainda de acordo com os orçamentos, os medicamentos Ivermectina e Zinco 100mg, se adquiridos pelo menor valor apresentado na proposta de outra empresa cotada, teria gerado uma redução de R$ 16.250,00 na contratação. Portanto, se os três medicamentos tivessem sido contratados, separadamente, com as empresas que ofereceram os menores preços por item, a economia proporcionada ao erário seria de R$ 1.504.250,00.

“Resta devidamente demonstrado que a pesquisa de mercado não foi utilizada para obter a maior vantagem econômica para a contratação, em violação clara ao princípio da economicidade. Portanto, não restam dúvidas acerca da nulidade do certame e do contrato, ante a violação aos princípios da competitividade, isonomia e economicidade, da qual decorreu danos ao erário”, ressaltam os representantes ministeriais.

Dos pedidos

Na Recomendação, o MPMA e MPF orientam que o Município de Imperatriz, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, anule o contrato nº 133/2020, assinado no dia 28 de maio, entre o Fundo Municipal de Saúde de Imperatriz e a empresa APS Macedo Eireli – Ômega Hospitalar.

O Município também deve obter a devolução de valores, eventualmente pagos à contratada, que excedam o preço oferecido pelos orçamentos mais vantajosos apresentados pelas outras participantes, com relação aos medicamentos Enoxaparina Sódica, Ivermectina e Zinco 100mg, incluídos no procedimento de dispensa de licitação.

Também foi recomendada a realização de pregão eletrônico para a compra de medicamentos. Caso o Município entenda necessário permanecer com a dispensa de licitação, deve justificar a decisão, devendo efetuar nova contratação dentro do mesmo procedimento, respeitando os melhores preços à Administração Pública com relação a cada item da contratação.

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