Primeiro satélite 100% brasileiro é lançado bem longe de Alcântara

O Amazônia 1, primeiro satélite completamente brasileiro, foi lançado ao espaço na madrugada deste domingo (28). O lançamento ocorreu às 1h54, no Centro de Lançamento Sriharikota, na Índia.

O equipamento é o terceiro a formar o sistema Deter e vai auxiliar na observação e no monitoramento do desmatamento na região amazônica. Com 4 metros de comprimento e 640 kg, o Amazônia 1 vai ficar a 752 quilômetros acima da superfície da Terra em uma órbita entre os polos norte e sul e vai capturar imagens em alta resolução.

E Alcântara?

E o primeiro produto 100% nacional a ir ao espaço não foi lançado da base que fica no Maranhão. Mas existe uma explicação técnica pra isso. Para cada tipo de foguete, você precisa de uma plataforma de lançamento apropriada para aquele tamanho. Em Alcântara, existe uma plataforma que pode lançar um foguete do porte do VLS (com 19,7 metros de altura). O foguete que colocou o Amazônia-1 em órbita é o Polar Satellite Launch Vehicle (PSLV), foguete indiano de 44,4 metros.

Construído em 1983, o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, é mundialmente conhecido por sua localização privilegiada, próxima da linha do Equador.

A base é cobiçada, porque fica num ponto estratégico. Voos que saem dali rumo à órbita equatorial (onde o satélite artificial ou natural orbita baixo, na altura da linha do Equador) gastam até 30% menos combustível em relação a outras bases pelo mundo.

Os custos mais baixos são um diferencial para voos com cargas maiores —por exemplo, um foguete com grande quantidade de satélites —como o que levará o Amazônia-1.

O potencial da base, no entanto, foi pouco explorado até agora, porque havia uma limitação para o uso do local por outros países. Em novembro de 2019, o Senado aprovou o AST (Acordo de Salvaguardas Tecnológicas), que permite aos Estados Unidos lançarem satélites com fins pacíficos a partir de Alcântara —o que poderia trazer mais investimentos na área.

Em janeiro do ano passado, a AEB (Agência Espacial Brasileira) começou a negociar com empresas estrangeiras que demonstraram interesse em utilizar o Centro de Lançamento de Alcântara para o lançamento de microssatélites. No entanto, isso ainda não avançou muito.

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