Manobra do governo acabou fortalecendo mais Arnaldo Melo

Arnaldo garante aos deputados que com 30 dias faz o que quiser no governo e garante a eleição indireta

Arnaldo garante aos deputados que com 30 dias faz o que quiser no governo e garante a eleição indireta

A mudança no texto da Lei que regulamenta a eleição indireta na Assembleia Legislativa soou como uma ameaça ao presidente da Assembleia, Arnaldo Melo. (PMDB). O texto da lei diz agora que a eleição para governador caso estejam vagos os cargos de governador e vice terá que ser feita em 30 dias. Ou seja, obrigatoriamente 30 dias após a saída da governadora e não mais em até 30 dias, como estava no texto anterior, que deixava margem para que o pleito fosse realizado até no dia seguinte da saída de Roseana.

Com isto, a ameaça do governo sobre Arnaldo Melo é que Roseana pode sair do governo na véspera do prazo de incompatibilidade (no início do mês de abril). Assim, com receio de assumir o governo neste prazo e ficar inelegível, Arnaldo não assumiria e deixaria o cargo para a presidente do Tribunal de Justiça, Cleonice Freire. Sem o poder do governo nas mãos, Arnaldo não teria como convencer os deputados a votarem nele como governador tampão e Luís Fernando seria eleito governador.

Após a aprovação do projeto, Arnaldo falou em entrevista à imprensa como se tivesse feito o jogo do governo, e que poderia não assumir o cargo se não lhe fosse viável. “O governador em exercício assume o cargo e é declarada a vacância do cargo e em 30 dias tem que ser feita a eleição. Se eu quiser eu assumo; se eu não quiser eu não assumo. Eu sou deputado estadual e assumi a presidência pelo meu puder. A Constituição diz que em caso de vacância o presidente da Assembleia assume. Mas em caso do presidente não poder assumir, assume o presidente do Tribunal de Justiça. O estado não ficará sem governante”, afirmou.

Porém, pouco depois já começou a articular com os deputados que não abriria mão de assumir o governo. Na visão de Arnaldo e dos que votam nele, o governo deu um tiro no pé. Sem a obrigatoriedade da eleição ser feita a qualquer tempo entre o primeiro e o 30º dia da saída de Roseana, Melo terá a garantia de 30 dias para articular sua candidatura. Caso o texto tivesse sido mantido com a expressão “ATÉ 30 DIAS”, o vice-presidente que se tornaria presidente em exercício, Max Barros, faria rapidamente a eleição no dia seguinte da saída de Roseana para eleger Luís Fernando sem dar tempo de Arnaldo sequer sentir o peso da caneta de governador.

Melo afirmou aos aliados que assume o governo e que com 30 dias assegurados na cadeira, não terá medo de ninguém.