O perigoso clima de cerceamento à liberdade de imprensa na Assembleia

“Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de dizê-las”. O titular deste Blog segue como lema de vida o pensamento de Voltarie*. E é extremamente incômoda a situação atual da cobertura jornalística na Casa do Povo.

Nunca na história da Assembleia Legislativa do Maranhão se viu um clima tão tenso de cerceamento à liberdade de imprensa como o que está se criando por alguns deputados que não suportam críticas e procuram atacar quem lhe faz as críticas. Se o jornalista, blogueiro ou radialista ocupa algum cargo na Assembleia Legislativa, o deputado questionado pede “a cabeça” do jornalista, se ocupa cargo no governo, a tentativa de cerceamento é junto ao Executivo.

Rigo Teles, Wellington do Curso e até Andrea Murad, que defendeu a imprensa em discurso, já usaram do expediente para cercear o direito sagrado do jornalista se posicionar e criticar quando tem que criticar o agente público. Quem sentiu que sua honra foi atingida para além do fato jornalístico deve exigir retratação e buscar na Justiça seus direitos. Jamais pedir a “cabeça” de quem quer que seja.

É fato que a deputada Andrea Murad teve sua honra atacada por um blogueiro de forma que ultrapassa o limite do jornalismo e do que é de interesse público. Mas o caminho para a reparação é a Justiça e não a perseguição no ambiente de trabalho, inclusive pedindo a credencial do comitê de imprensa do blogueiro. O próprio titular deste Blog já foi atacado por este blogueiro, mas é parte do jogo democrático.

E o grupo do Whatsapp dos deputados está servindo muito mais pra questionar a atuação jornalística do que discutir as atuações na Casa. Como disse Paul Valéry, “Quem não pode atacar o argumento ataca o argumentador”.

*Alguns autores negam que a frase que inicia este texto tenha sido proferida pelo escritor francês.