Em entrevista à Globo News, Flávio Dino rechaça acordo com grupo Sarney

O governador Flávio Dino concedeu entrevista ao programa Diálogos com Mário Sergio Conti, na Globo News. Chamou atenção o questionamento de Márcio a Flávio sobre a possibilidade de um diálogo ou um apoio do grupo Sarney. Flávio respondeu colocando o grupo no seu lugar de oposição. 

“Eles, muito entranhados à máquina pública. privilégios historicamente acumulados, aquela cultura patrimonialista, apropriação de recursos públicos para fins privados. Então, é muito difícil que uma casta, um estamento acostumado a certos privilégios, considerem que outros atores se coloquem à frente da máquina pública, legitimados pelo voto popular. A reação muito agudo, muito agressiva sobre nosso. A principal defesa, perspectiva que apresentamos é trabalho”, avaliou.

Flávio, inclusive, acha bom ter oposição. “Respeito as vozes discordantes. Em um certo sentido, ajuda o governo. Compreendo que eles tiveram seu papel no estado. Agora, o estado cansou. Essa assimetria entre estado rico e povo pobre é que conduziu a este movimento vitorioso”.

Veja a entrevista na íntegra:

 

Márcio Jerry: “governo popular precisa sempre buscar caminhos de empoderamento do povo”

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Ele é tido como o mais poderoso do governo Flávio, embora rechace esse título.  Foi designado para assumir duas secretarias de grande porte e é o principal alvo dos adversários do governo. O secretário estadual de Articulação Política e Comunicação, Márcio Jerry, concedeu polêmica entrevista aos Blogs Clodoaldo Corrêa e Marrapá.

Márcio Jerry falou sobre como fica a comunicação do governo a partir de agora, as divisões de atribuições dele e Marcelo Tavares e sobre as críticas à sua atuação na articulação política. Ele afirmou que as mudanças no secretariado foram importantes por conta da crise econômica e ajustes do próprio governo.

Para as eleições de outubro deste ano, Márcio Jerry falou das prioridades do PCdoB e do campo político de sustentação do governo nas principais cidades. Também contou sobre uma possível candidatura sua em 2018.

Conte-nos um pouco sobre sua vida e trajetória política.

Sintetizo como o perfil de um militante político de esquerda. Comecei a fazer movimento estudantil muito cedo, lá em Colinas, onde organizei e presidi um grêmio estudantil, depois militei no movimento secundarista aqui em São Luís, quando conheci o Flávio Dino, eu no Meng e ele no Marista, depois com uma intensa militância no movimento estudantil universitário; Como jornalista, atuando nos movimentos sindicais, em organizações não-governamentais, no Sindicato dos Bancários. Também tive o prazer de ser professor da UFMA por quase cinco anos, período em que prestei três processos seletivos e fui aprovado em todos eles. Fui funcionário do IBGE aprovado em concurso público. Obtive a primeira colocação, junto com mais duas pessoas, no concurso para jornalista do Estado do Maranhão, o único até então havido, em 1993. Sempre mantive uma forte atuação política. Primeiramente na Juventude Viração, ligada ao PCdoB, depois no PT, partido em que fui da direção municipal de São Luís seguidamente, fui da direção estadual seguidamente, inclusive como presidente interino em um período na capital. Atuei em várias campanhas na área da Comunicação ao longo de muito tempo, campanhas vitoriosas, algumas que não tiveram êxito eleitoral mas tiveram êxito político. Integrei a coordenação da campanha vitoriosa do Jomar Fernandes para prefeito de Imperatriz. Conduzi toda a parte de comunicação da campanha, fiquei dois anos no governo, depois coordenei a campanha que elegeu Terezinha Fernandes deputada federal. Fui o chefe de gabinete dela em Brasília. Em 2014, fui convocado para assumir a Secretaria de Governo de Imperatriz num processo forte de recuperação do governo naquele momento. Ao final, Jomar perdeu a eleição por um pouco mais de 1% de diferença para o segundo colocado numa eleição muito disputada, com três candidatos que ficaram na casa dos 30%. Após essa experiência em Brasília, houve o movimento importante de reposicionamento do Flávio Dino na cena política, saindo da magistratura para ser candidato, e de lá para cá em processos muito rápidos de eleições. Em 2008, pude coordenar a campanha do Flávio a prefeito. Em São Luís, 2010, a campanha para governo. Em 2012, na elaboração de todo o processo que resultou na candidatura do Edivaldo Holanda Junior a prefeito, depois na própria campanha dele; e, por fim, em 2014, com essa grande e histórica vitória de Flávio Dino como governador. Qual o liame de tudo isso? Ser um militante político de esquerda que desde a adolescência tem o mesmo lado na vida, ideológico, militando pela esquerda política maranhense e brasileira. Hoje integro a executiva nacional do PCdoB, presido o PCdoB aqui no Maranhão, presidi o PCdoB em São Luís, de modo o que me identifica sobretudo, me olhando no espelho, é ser um militante político de esquerda que tem uma marca forte e inegável de coerência ideológica.

A reforma promovida pelo governador Flávio Dino te deixou mais ou menos poderoso?

OlhosMJ1O discurso de que eu sou poderoso de recorte muito político, e ideológico também, e tem várias razões que não me compete julgá-las, compete apenas repelir essa ideia de que eu sou um secretário poderoso. Sou um secretário tão poderoso quanto todos os outros e só diz que há um secretário poderoso quem não conhece a natureza do governo e nem o modo pessoal de Flávio governar. O governador Flávio Dino é extremamente dedicado à tarefa de governar, tem uma compreensão muito integral do governo e governa no limite da prerrogativa de governar. Então, se existe alguém poderoso no governo Flávio Dino é o governador Flávio Dino. Os outros todos têm características diferentes, mas não há um mais empoderado do que o outro. Evidentemente que quem tem presença na gestão política, eu e o Marcelo Tavares, por exemplo, nós temos uma responsabilidade a mais ao lado do governador que pode fazer com que se projete uma ideia de ter mais poder. Acho que há um discurso exagerado de um suposto poder que eu teria e não tenho, mas é muito mais para me queimar do que para me elogiar. Vejo isso com humildade, faz parte da batalha política. Falam muitas coisas que as vezes eu fico rindo de tantas as asneiras que falam no tema do poder, até em contradição, um dia uma pessoa fala algo e no outro dia a mesma pessoa fala algo oposto do que dissera há pouco. Faz parte dessa disputa de narrativas políticas. Em síntese, poder no governo Flávio Dino tem quem o povo outorgou poder pelo voto soberano que é o governador Flávio Dino.

Qual sua opinião sobre as mudanças no secretariado?

Metaforizando, eu digo que o governador precisa ser um técnico de futebol para emular, estimular e para posicionar o time. A mudança que o governador fez atende o objetivo de uma resposta conjuntural. Há uma crise econômica em que é preciso racionalizar a gestão pública, diminuindo gastos, fazer mais com menos. É muito importante para que o governo continue tendo capacidade de investimento. As mudanças também atendem uma necessidade de ajustes naturais do governo, de fazer com que as equipes possam funcionar sempre e cada vez melhor. Você vai atuando e aperfeiçoando essa atuação. A reforma vai melhorar a performance do governo para 2016 em comparação a 2015.

Como, na prática, você vai se dividir entre as atribuições de Assuntos Políticos e Comunicação?

Estamos fazendo uma série de reuniões, inicialmente com o secretário Robson Paz e com a minha equipe de Assuntos Políticos, para a gente fazer uma rearticulação a partir de mudanças de gerenciamento, ou seja, juntar as estruturas de gerenciamento, e fazer com que haja uma clara definição de metas, um planejamento de metas do que vamos fazer. Há uma imbricação natural, evidente e lógica de comunicação com política. É obvio isso. O locus contemporâneo da política é estar dentro do campo da comunicação, então não há nenhuma estranheza. Até porque como secretário de Assuntos Políticos sempre tive uma parceria muito forte e cotidiana com o secretário Robson. Então nós vamos só afunilar o trabalho e fazer um trabalho que não descuide da política, para que a gente possa dar respostas crescentes, que já vem sendo dadas, aperfeiçoando sempre o trabalho da comunicação.

Na sua opinião como jornalista, no primeiro ano, a comunicação do governo Flávio conseguiu alcançar a população a contento?

Não conseguiu. Mas isso não está determinado por ineficiência do trabalho de ninguém. Nem do secretário, nem da equipe. Sim por circunstâncias do primeiro ano de governo. Houve um processo licitatório que demorou a ser concluído, o que é natural por ser um processo que demora pela complexidade dele. Acho que o governo conseguiu atravessar o ano se comunicando bem com a sociedade a partir da chamada mídia espontânea, das ações do governo e da performance do governador Flávio Dino que é sempre muito boa nesse quesito. No final do segundo semestre conseguimos enfim veicular propagandas do governo, fazer com que o governo tivesse o anúncio de suas ações. As primeiras peças, as primeiras campanhas não ficaram a contento. Isso é público, nós já falamos sobre isso. O próprio secretário Robson falou acerca disso, mas temos evoluído muito e eu acho que a gente vai poder melhorar muito isso aí. Não é melhorar porque estou entrando, é melhorar porque vinha em um processo de aperfeiçoamento dessa ação da comunicação. Por muitas razões não foi aquilo que poderia ser, mas tenho compreensão que a gente vai poder, com esse acúmulo de experiência, aperfeiçoar o trabalho das agências contratadas pelo governo para que a gente possa chegar de melhor maneira possível ao povo do Maranhão. Povo este que aplaude o governo. Fechamos o ano com alto índice de aprovação. Fizemos agora uma pesquisa qualitativa que reitera isto, quer dizer, o povo tem uma percepção positiva do governo. Os fundamentos principais de imagem do governo estão preservados, mantidos e o governo tem um grande crédito com o povo do Maranhão.

Como você recebeu as críticas à sua atuação na articulação política e qual o resumo do seu primeiro ano à frente da pasta?

olhosMJ2Recebo as críticas com naturalidade e tranquilidade. Primeiro porque são legitimas as críticas e segundo porque não me tiram o foco, pois acho que o trabalho foi bem realizado. Respeito a crítica, muito embora não concorde com elas. São críticas que precisam ser refletidas e ao serem refletidas vão mostrar que fizemos um trabalho a contento. Agora, nem todo mundo tem a mesma compreensão do que é articulação política. Há conceitos diferentes disso. O governador Flávio Dino ainda na campanha estabeleceu o rumo sobre este tema, e eu sigo rigorosamente aquilo que o governador Flávio Dino definiu como conceito de articulação política. Ou seja, a articulação política que eu executo é aquela que é emanada pelo governador Flávio Dino. Isso vem desde a campanha. Nós precisamos fazer de forma democrática, de forma isonômica, de forma participativa. Dialogando com os deputados, mas não só; dialogando com os prefeitos, mas não só; dialogando com as lideranças mais tradicionais, mas também não apenas com elas. Um governo popular precisa sempre buscar caminhos de empoderamento do povo. Fazer com que a liderança que tenha a estatura de um vereador possa ser tão respeitada quanto aquela que tem a estatura de um governador.

Qual será a dinâmica da relação entre os secretários Marcio Jerry e Marcelo Tavares?

A minha relação com o Marcelo Tavares, que já é boa, vai ficar melhor ainda, porque a gente sempre jogou tabelando, e agora, além de tabelar por afinidade pessoal, vamos tabelar também por necessidade institucional. Nós temos tarefas bem definidas. Temos nos reunido todos os dias, fazendo todo um planejamento de como será este trabalho. Não há mudança. Existe muita tentativa de fazer fofoca acerca de governo, mas a minha relação com o Marcelo, desde a campanha, é uma relação sem nenhum ruído. É afinada entre nós e na nossa relação com o governador Flávio Dino. O foco prioritário do secretário Marcelo é a Assembleia, Câmara Federal e o Senado. Meu foco na articulação política é a relação com os municípios. Nosso trabalho será cada vez mais unificado para continuarmos tendo êxito na gestão política, êxito que foi comprovado em 2015, quando fechamos o ano sem problemas com o parlamento estadual. O governo conseguiu ter todas as suas demandas aprovadas na Assembleia Legislativa.

A mudança de paradigma da articulação política do governo trouxe problemas com lideranças tradicionais?

É importante aprender com a experiência. O governador Flávio Dino dizia que era preciso ganhar a eleição e governar com aqueles que o ajudaram a ganhar a eleição. Isto é um contrato que não pode ser quebrado, é uma palavra dada, é algo muito forte na relação de confiança que se estabelece na relação entre um governante e os seus companheiros de jornada. Há quem ache que você ganha uma eleição e muda de aliados. Houve no governo Jackson Lago uma péssima experiência nesse aspecto. Não estou falando mal do governo Jackson Lago, estou dizendo que houve uma experiência que o próprio doutor Jackson Lago, em 2010, fez uma autocritica. Está nos anais da história, numa longa entrevista que ele deu ao jornal O Imparcial, em que ele faz uma autocritica a uma série de movimentos na direção apenas da classe política. É preciso saber combinar a relação apenas da classe política e a relação com o povo de um modo geral e com as lideranças. Não podemos jamais considerar equivocadamente a classe política como uma espécie estamento político. Isso é antidemocrático, inibe a oxigenação e a democratização da política. Este modo de fazer a gestão política, no conceito que o governador Flávio Dino estabeleceu, não colide nem com a classe política tradicional, nem com as lideranças populares. Valoriza ambos, não fazendo uma escala em que um é mais importante que o outro. É preciso que a gente tenha essa compreensão. É uma disputa permanente. Quem ganha um governo não ganha necessariamente o poder. É um equívoco se pensar assim. No Maranhão nós ganhamos a última eleição em condições extremamente adversas, de um grupo econômico poderoso, politicamente muito bem estabelecido, com elevadíssimo grau de hegemonia política. A gente está buscando governar construindo um processo de hegemonia política do povo que não está dada, consolidada. É uma luta permanente. Ganhar um governo não encerra a guerra, encerra uma batalha. A guerra persiste no modo de governar, nas eleições que virão em 2016, 2018, 2020. É preciso ter uma noção processual da disputa permanente de hegemonia.

Houve atrito entre PCdoB e demais partidos na relação tanto de busca de espaço, quanto na relação de busca de lideranças para 2016?

IMG-20160124-WA0005_resizedNão existe atrito. Existe aqui e ali, como gosta de dizer o senador Roberto Rocha, uma fricção democrática, que a gente senta, reúne, conversa e resolve. Não há essa história de que o PCdoB ocupa todos os espaços. O PCdoB vinha num processo crescente de organização no Maranhão, não tem uma visão burocrática de hegemonismo. A gente não quer ser o maior partido do Maranhão. Pretendemos ser um partido que facilite a unidade do campo político que elegeu Flávio Dino, mantendo este campo e ampliando. Esse é o esforço principal do PCdoB. Não somos e nem queremos ser melhores do que nenhum outro partido. Queremos ser a peça fundamental para que todos os partidos se unifiquem e tenham um caminho comum.

Como o PCdoB vai se posicionar em São Luís e Imperatriz nas eleições deste ano?

Vamos nos posicionar de acordo com a agenda política estadual. São casos diferentes. O governador Flávio Dino já disse que ele como governador não vai romper o acordo que fez em 2014 por causa de 2016. Temos vários candidatos do nosso campo e, por essa razão, o governador Flávio Dino não vai poder participar da eleição em São Luís. Isso já foi comunicado a todos os pré-candidatos. Ao prefeito Edivaldo Holanda Junior, ao secretário Bira do Pindaré, ao secretário Neto Evangelista, à deputada Eliziane Gama, todos sabem que o governador Flávio Dino não vai interferir no processo eleitoral de São Luís. Este é um ponto. O outro ponto, que é preciso tratar com muita transparência, com muita clareza, com muito companheirismo com todos é que o PCdoB ajudou a eleger o prefeito Edivaldo Holanda Junior, foi uma peça fundamental para elegê-lo. O PCdoB integra o governo Edivaldo Holanda Junior e, nada mais lógico, que o PCdoB apoiar a reeleição dele. Isso já foi dito por mim e pelo governador Flávio Dino a todos os nossos aliados, e ninguém contesta isso, pois acham que não fazer assim seria um ato extremamente incoerente. Como um partido ajudou eleger, integrou o governo e agora, no último ano de governo, rompe de última hora?! Não há como fazer isso. E o PCdoB estará ao lado de Edivaldo Holanda Junior. O governador Flávio Dino vai se preservar com uma visão isonômica. Todos os candidatos terão da parte dele o mesmo respeito, o mesmo acolhimento e a garantia de que não forçará a mão para favorecer nenhum candidato da sua base de apoio.

O PCdoB pode indicar o vice de Edivaldo?

O PCdoB não cogitou até hoje isso. O PCdoB não postula também isto aí. Acerca deste tema, só vamos nos pronunciar após o prazo de filiação, após a melhor definição do cenário eleitoral, que é a partir do mês de março.

 E em Imperatriz?

Em Imperatriz é preciso ter muita paciência e compreensão do processo eleitoral. Não é OlhosMJ3difícil entender isso. O prefeito Madeira é nosso aliado. A Rosângela Curado é nossa aliada. Se não há um acordo entre a deputada Rosângela, que é nossa aliada, e o prefeito Madeira, que é nosso aliado, é obvio que o PCdoB tem que ficar recuado. O PCdoB não pode antecipar nenhuma posição sua para desagregar o campo político que nos dá sustentação na cidade de Imperatriz. Nós temos que montar uma mesa de debates entre os partidos, uma mesa de debates sincera, franca, com o objetivo de unificar o PSDB, PDT, PCdoB, PT, PP, Solidariedade, PSB, enfim, esses partidos todos que integram hoje a base do governador Flávio Dino precisam sentar-se à mesa para dialogar e buscar o chamado consenso progressivo. É isso que o PCdoB defende, que todos nós nos sentemos para botar as cartas à mesa e buscar um caminho, com o princípio de buscar a unidade, pois se a gente se dividir, a gente perde a eleição em Imperatriz. A gente precisa ganhar e a gente vai ganhar a eleição em Imperatriz com um campo político unificado.

E quanto aos demais municípios grandes?

Estamos propondo aos demais partidos que precisamos separar as 25 maiores cidades do Maranhão, e esses partidos apresentarem quais são suas prioridades. A partir do momento que cada um deles apresentar suas prioridades, nós vamos conversando. Em Timon, a prioridade é reeleger o Luciano Leitoa. Em Caxias, a prioridade é reeleger o Léo Coutinho. Isso é muito óbvio. Em Pinheiro, nós temos o doutor Leonardo Sá e o Luciano Genésio, pois temos que definir, dentro do processo político, quem dos dois vai disputar a eleição lá. Barra do Corda, uma das dez maiores cidades, o Erick é do PCdoB, e na base do Erick estão todos os partidos da base estadual, portanto ele é o candidato óbvio. Em Balsas, nós temos uma divisão. O PSB está de um lado, o PDT de outro. Vamos ver como que busca um entendimento, se for possível. Cada caso é um caso, e nós temos que ter um método para isso. O método é: a mesa de partidos colocar suas prioridades para a gente ir ajustando. Isso servirá de modelo para as composições que ocorrerão nos demais municípios.

São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar?

Em Ribamar nós temos quatro aliados importantes. O Arnaldo Colaço, que é pré-candidato do PSB, nosso aliado e companheiro. Temos o PCdoB, que não tem, digamos assim, uma expressividade, mas é um partido antigo na cidade, que precisa ser ouvido e respeitado. Nós temos o Luís Fernando, do PSDB, que é uma pessoa que nós temos uma proximidade muito grande, e o Gil Cutrim, que é do PDT, e também está no nosso campo de alianças. Nós vamos conversar para encontrar um caminho de construir uma unidade. Apesar das notas em jornais e blogs de diferenças insanáveis e intransponíveis entre o Gil e o Luís Fernando, eu não creio nisso. Acho que nós vamos construir um caminho de unidade para que a gente possa ganhar a Prefeitura de Ribamar. Na Raposa, é óbvio que nós temos a candidatura da Talita Laci e, em Paço do Lumiar, nós temos uma definição clara, já apresentada aos outros partidos, que é a candidatura do ex-deputado Domingos Dutra, com grande viabilidade e que nós vamos disputar com muita vontade de vencer.

Você acredita na possibilidade de reaglutinação do grupo Sarney?

Independente do êxito do governo Flávio Dino, o grupo Sarney tem ainda uma força no Maranhão. Eles são, como dizia o saudoso Walter Rodrigues, mais do que um grupo político, eles são um esquema de poder. O conceito de esquema envolve muita coisa. Então é um grupo que tem força midiática, força econômica, força simbólica em pelo menos 30% da sociedade, força nas instituições. Não dá para, de forma arrogante, desprezar a força que eles têm, pois seria burrice. Mas, com segurança, eu afirmo que eles não voltarão, porque nós estamos trabalhando para constituir um novo bloco de poder, renovado, participativo, mobilizador, republicando, que melhora as condições de vida do povo do Maranhão, e, neste caso, haverá sempre uma comparação muito forte entre o que é o governo Flávio Dino, flagrantemente, a olho nu, imensamente melhor que qualquer um dos governos da oligarquia. O governador Flávio Dino conseguiu mostrar em um ano que o Maranhão tem rumo, planejamento, está em boas mãos, e que o governo Flávio Dino é incomparavelmente melhor que todas as experiências de governo da oligarquia. Eles não se preocuparam com o desenvolvimento do Maranhão, não se preocuparam com a educação, com a saúde, com nada. Apenas com uma política de perpetuação do poder. A lógica do sarneyzismo sempre associou o patrimonialismo econômico com a sustentação política. Fazer um governo para pilhar o estado e ganhar outra eleição. Esse governo acabou. Vamos comprovar isso construindo cada vez mais a agenda administrativa de mudanças do governador Flávio Dino.

Como secretário de Assuntos Políticos, como o senhor avalia o comportamento da oposição no primeiro ano do governo?

O comportamento da oposição em 2015 foi isolado e extremamente desqualificado. As pessoas que vocalizam a oposição ao governo Flávio Dino beiram ao ridículo. Seja pelos discursos que fazem, seja pelas questões que colocam na agenda política. O principal porta-voz dessa oposição, por exemplo, é um homem que a Polícia Federal diz ter desviado mais de bilhão da saúde maranhense. Não só a PF, o Ministério Público Federal também disse, tanto é que pediu a prisão dele. Quem tem como porta-voz alguém da estatura de quem é acusado de ser chefe de uma organização criminosa, por aí você tira a medida e a qualidade desse tipo de oposição.

Márcio Jerry é pré-candidato a deputado federal ou senador em 2018?

Quem faz política por vocação, lembrando Max Weber, é obvio que algum dia você pode ser candidato. Agora seria um exagero meu, e seria uma mentira também, dizer que pensou, planejo ou estou organizando isso. Não estou. Tenho muita responsabilidade, trabalho muito, tenho muita dedicação ao que faço, sei do papel que cumpro no governo, e tenho um desprendimento muito grande a isso, de modo que não pensei em candidatura, não planejei, articulei ou conversei com ninguém. Isso deve ser pensado e será pensado pelos meus companheiros de partido depois de 2016, quando tiver pelo menos no ano pré-eleitoral. Temos várias candidaturas postas para o Senado e, neste campo, não há a menor possibilidade de eu vir ser candidato ao Senado. O que a gente vai continuar fazendo é esse trabalho de ajudar o governador Flávio Dino. Vejo preconceitos espalhados em alguns órgãos de comunicação, do grupo Sarney, espelhando uma visão extremamente elitista da política. No começo do ano, li no jornal que era um absurdo eu vir trabalhar no Palácio dos Leões porque aqui não era para qualquer um. Por si só, isso já diz o grau de atraso, de medievalismo, dessa afirmação. Depois, no fim do ano, para coroar essas aleivosias conservadoras, uma outra afirmação questionando o que justificava as minhas pretensões, afinal eu era “apenas uma pessoa simples do sertão maranhense”. Recebo isso como elogio, pois isso revela com mais agudeza aquilo que a gente mesmo é. Tenho orgulho da minha condição de militante político de todas as causas boas. Não há, nas últimas três décadas, nenhuma luta por justiça, por igualdade, por meio ambiente, enfim, nenhuma luta por causas diversas que eu não tenha tido participação. Quem é da luta popular do Maranhão sabe do que estou dizendo. Digo isso com humildade e muito orgulho, pois é bom olhar para trás e ter satisfação dos passos que deu na vida, sem ceder a nenhum tipo de desvio de conduta, caráter, visão ideológica ou prática política. Isso não me dá o desejo obsessivo de ocupar um mandato parlamentar. Se vier, será naturalmente, em decorrência não de uma ambição, mas de uma longa trajetória.

Márcio Jerry confirma que Flávio Dino estará neutro nas eleições de São Luís

20151110_225613_resizedEm entrevista ao programa Avesso, da TV Guará, o secretário de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry, ratificou a posição do governador Flávio Dino de ficar neutro nas eleições municipais onde concorrerem mais de um aliado, inclusive em São Luís. Márcio citou como possíveis candidatos aliados, além do prefeito Edivaldo, Eliziane Gama, Neto Evangelista, João Castelo, Bira do Pindaré e Roberto Rocha. O secretário também sabe que não será possível unir a base nos municípios.

“O governador Flávio Dino já comunicou a todos os partidos que onde houver mais de um candidato da base dele, ele obviamente em respeito a todos não apoiará nenhum dos candidatos. Agora os partidos ficam livres. Por exemplo. O PCdoB de São Luís já se reuniu, já definiu, já fez sua conferência municipal e definiu que marchará ao lado do prefeito Edivaldo Holanda Júnior. Nós temos outras pré-candidaturas do nosso campo. Pré-candidatura da deputada Eliziane Gama, pré-candidatura absolutamente legítima, é um grande quadro político do nosso Estado, tem todo o direito de disputar a prefeitura da capital. O nosso companheiro Bira do Pindaré, do PSB, o Neto Evangelista do PSDB, o deputado federal João Castelo, do PSDB, o próprio senador Roberto Rocha, que há dois meses no encontro do PSB falou acerca de candidatura. Enfim, os candidatos desse campo nosso, o governador Flávio Dino terá um tratamento isonômico, do ponto de vista político. [….] O compromisso que ele assumiu com todo seu campo de alianças, que é um campo amplo e que é preciso preservar e respeitar esse campo de alianças e isso o governador Flávio Dino fará com certeza”, afirmou.

O secretário fez duras críticas ao modelo esdrúxulo de saúde implantado por Ricardo Murad no Maranhão, com hospitais de 20 leitos que não funcionam. “Esses hospitais de 20 leitos viraram motivo de pilheria nacional para quem entende de saúde pública. Um ex-ministro da saúde disse que nós temos dois SUS no Brasil. Um Sistema Único de Saúde que é no Brasil inteiro e temos um SUS criado no Maranhão que inexiste. Esses hospitais não foram reconhecidos, não foram financiados”, Ele destacou o modelo com hospitais regionalizados idealizado por Jackson lago e agora implantado no Maranhão.

Indagado sobre a publicidade do governo que começa a fazer as campanhas nos veículos de comunicação, Jerry afirmou que a publicidade será feita em todas as emissoras, mas alfinetou o monopólio da comunicação no Maranhão e no Brasil. “Haverá propaganda do Governo, uma propaganda técnica, em todas as emissoras do Estado independente de quem seja lá o dono, a filiação partidária ou politica da emissora. Aliás, é um absurdo tipicamente nosso do Brasil, que vai ser quem sabe um dia reformado, que é a utilização de meios de comunicação que são concessões públicas por políticos. E ainda mais no nosso país. Nos EUA por exemplo, quem tem uma TV não pode ter um jornal. E aqui nossa legislação é muito precária e a pessoa tem rádio, jornal, TV, internet, e por isso mesmo monopoliza o sistema de comunicação”.

Rodrigo Lago: “quase todas as licitações do ‘Saúde é Vida’ foram viciadas”

O convidado desta terça, 25, do programa Avesso, é Rodrigo Lago, secretário de Estado de Transparência e Controle.  Responsável por fazer uma radiografia do que acontece e do que aconteceu na administração pública Rodrigo conta que há programas de secretarias de estado do Maranhão onde absolutamente todos os contratos estão viciados, ou por impropriedade ou, mesmo, por improbidade, com lesão ao erário.

A secretaria comandada por Lago veio ampliar as atribuições da Controladoria Geral. A STC, além da auditoria também é responsável pela transparência Ativa – aqueles dados lançados no Portal – quanto pela Passiva – aquela em que o cidadão busca o órgão para mais informações sobre determinado assunto público. Rodrigo conta que “todo dia chegam reclamações dos diversos municípios do Maranhão, dizendo que a prefeitura da cidade não está conduzindo da melhor forma a administração municipal”.

As ideias de Rodrigo lago

“Nós recebemos uma herança maldita. O governo era transparência zero. O cidadão acreditava que todos os gastos públicos estavam no Portal e não estavam; apenas 40% estavam lá, 60% eram ocultados do cidadão”.

“Uma investigação envolvendo técnicos de vários órgãos concluiu que por deliberação do governo anterior (Roseana Sarney) esses gastos não eram publicados no Portal. Agora é lei”.

“Foi feita uma análise no software feito para o Portal da Transparência e se concluiu que lá constavam filtros que foram dolosamente inseridos (para impedir a divulgação de gastos), não foi um erro, foi uma premeditação”.

“Ao tomar posse no início do ano, recebemos uma auditoria que foi feita ainda em 2010, ou seja, no governo anterior, em que se constataram diversos problemas na contratação do programa Saúde é Vida. Houve a contratação de uma empresa de projetos e a partir disso foram feitas várias contratações de empresas de engenharia para construção ou reforma de hospitais. Esse relatório foi concluído em 2011 e encaminhado ao secretário de saúde e apontava diversos atos, desde impropriedades até improbidades administrativas com desvio de recursos do erário. Nós deliberamos uma auditoria mais profunda desse programa e, infelizmente, para nosso espanto, várias constatações foram feitas, com desvios absurdos. O caso mais repercutido na imprensa foi o de um hospital em Rosário, onde o terreno era inadequado, o projeto era inadequado e mesmo assim uma empresa foi contratada, sem no entanto fazer quase serviço nenhum,  mas foram feitos vários pagamentos, que somam quatro 4,8 milhões de reais, mas pela medição, foram executados apenas 500 mil reais”.

“Fizemos um relatório que analisa até o mês de julho e os números impressionam. O que se tem de danos causados ao erário chega a 113 milhões de reais”.

“No Programa Saúde é Vida quase todas as contratações foram viciadas. Todas as que foram auditadas tem elementos que apontam para direcionamento de licitação, quando não, aplicação de dispensa indevida de licitação”.

Othelino diz esperar que Roberto Rocha seja fiel aos seus aliados

avessoO entrevistado do programa Avesso, da TV Guará,  de terça-feira (14) foi o vice-presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado Othelino Neto (PCdoB). Ele falou sobre as movimentações em torno da CPI da Saúde e analisou o cenário político com vistas às eleições municipais, sobretudo, em São Luís, onde garantiu que estará em sintonia com o PCdoB e com as alianças firmadas pela manutenção da coerência política.

Sobre as recentes movimentações visando à sucessão municipal, Othelino foi cauteloso e defendeu uma coerência política em torno das alianças e/ou candidaturas que surgirem do grupo político do qual faz parte. Durante a entrevista, o deputado reiterou que a tendência do PCdoB é de se manter na coligação do prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr, que é natural pré-candidato à reeleição, e, desta forma, acompanhará o seu partido.

Por diversas vezes, Othelino foi questionado na entrevista sobre uma possível candidatura do senador Roberto Rocha (PSB) à Prefeitura de São Luís. Em todas as respostas, o parlamentar frisou que o respeita muito, que o mesmo tem o direito de pleitear isso, que o ex vice-prefeito tem qualificações, mas que acredita que ele será fiel aos seus aliados. Porém, o deputado disse que, se por ventura, o pessebista for mesmo para a disputa, desta vez, infelizmente, não contará com o seu apoio, frisando que já votou no aliado por diversas vezes, mas que, em 2016, acompanhará a decisão de seu partido e grupo político.

“O senador Roberto Rocha tem que cumprir um compromisso com o povo do Maranhão que é exercer bem o mandato de senador; é isso que nós que votamos nele esperamos: que ele faça um bom mandato de senador”, comentou em um momento da entrevista.

Othelino disse acreditar que o senador Roberto Rocha vai ser fiel àquilo que se propôs e, principalmente, naquilo que o povo do Maranhão acreditou. “O senador Roberto Rocha foi eleito numa ampla coligação; o governador Flávio Dino foi decisivo na eleição dele. No final da campanha, passou a se dedicar mais à eleição de senador do que à dele próprio”, lembrou.

Roberto Costa: “questão Ricardo Murad está superada”

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Por Clodoaldo Corrêa e Leandro Miranda

Em entrevista exclusiva aos Blogs Marrapá e Clodoaldo Corrêa, o presidente municipal do PMDB, deputado estadual Roberto Costa (PMDB), falou sobre o futuro da legenda que, nos últimos 30 anos, governou o Maranhão por 17 e passou mais seis anos como aliado principal do governo. Hoje, na oposição, a sigla junta os cacos para se reerguer já nas eleições municipais de 2016.

E é neste contexto, que a direção da legenda em São Luís busca um caminho. Para o dirigente peemedebista, o melhor é a candidatura de Roseana Sarney à prefeitura da capital.

Segundo Roberto Costa, o assunto Ricardo Murad está superado, ou seja, o ex-secretário não deverá mesmo continuar na legenda. O parlamentar pontuou que a atuação da bancada do partido na Assembleia Legislativa seguirá como uma oposição mais branda, em contraste ao discurso da deputada Andrea Murad, que atua como oposição mais “radical”.

Costa elogiou a parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura de São Luís e garantiu que se não for possível a candidatura de Roseana, a legenda está aberta a dialogar com todos os pré-candidatos.

Sobre o seu futuro político para as eleições municipais, Roberto deixou a definição para setembro, quando escolhe se continua como presidente do PMDB de São Luís ou muda o domicílio eleitoral para Bacabal para concorrer à prefeitura do município.

Muito se fala em crise no PMDB, diferença de posições entre os deputados e brigas por comando. Como está o posicionamento hoje do partido?

As discussões que acontecem no PMDB eu vejo com naturalidade. É um embate de ideias. Nós sabemos que um partido como o PMDB que, historicamente tem a presença de várias cabeças pensantes, sempre teve divergência. Aqui no Maranhão, após as eleições, houve essa discussão sobre o comportamento do partido no cenário estadual. Claro que existem deputados e lideranças que pensam diferentes de forma diferente umas das outras. Mas temos uma certeza: mantemos a coerência política. Eu faço parte do PMDB desde a minha formação política, fui presidente da Juventude, do diretório municipal, estadual, fiz minha história dentro do PMDB. Por isso, fico tranquilo em falar em nome do partido, que tem crescido dentro do Maranhão. Existe alguma saída, o que é natural em todo o partido que perde o governo. Isso é histórico e não acontece só no Maranhão. Aqui na Assembleia, o meu posicionamento é o mesmo da maioria dos deputados. O deputado Max Barros e a deputada Nina Melo tem o mesmo pensamento. Eu respeito a posição da deputada Andrea Murad de radicalizar em algum discurso, o que é um direito dela. Mas a minha posição é muito coerente com a dos meus companheiros de partido.

A deputada Andrea Murad e o ex-secretário de saúde, Ricardo Murad, têm criticado muito o fato do senhor não assumir a posição mais ferrenha de oposição ao governo. Por que o senhor resolveu adotar esta postura mais branda?

OlhoRobertoCosta1Primeiro que eu sigo a orientação e tenho conversado muito com os outros companheiros nossos aqui no Legislativo. A posição que nós tomamos foi de fazer uma oposição com responsabilidade. O que é oposição com responsabilidade? Levantamos contra a questão do reajuste da Polícia Militar. Para nós, o que o governo estava apresentando não era o que a categoria esperava. O que nós queremos é o entendimento. O governo acerta em vários pontos e erra em outros. Agora, não é preciso demonstrar os erros com radicalidade. Tratamos de forma tranquila. Inclusive conversando com os líderes governistas: Rogério Cafeteira, Eduardo Braide, Marco Aurélio e o próprio presidente Humberto Coutinho. Eles têm sido vozes abertas ao diálogo. Então, o que for de interesse da população, vamos aprovar. O que não for, vamos demonstrar, mas não é necessário usar da radicalidade. Eu respeito quem usa, pois é um direito de cada deputado agir da forma que acha que deve se posicionar. Agora, temos experiência de alguns mandatos e nos faz refletir para termos uma posição que não nos faça perder o respeito pelas autoridades. Nosso compromisso continua com o povo do Maranhão.

O partido realizou há pouco mais de uma semana reunião com a presença da ex-governadora Roseana Sarney. Após esta reunião, quais as diretrizes do PMDB para a eleição de 2016?

A reunião ratificou o que já estava estabelecido. O comando do partido continuará com o Senador João Alberto, que tem as condições políticas e eleitorais. Não se faz um favor em dar a direção do partido ao Senador João Alberto. Isto foi conquistado. Hoje, ele fortalece a estrutura do partido em todos os municípios. E a governadora Roseana entendeu que ele está muito bem na direção do partido e continuará. No âmbito municipal, eu continuo como presidente. Na eleição de agosto do diretório municipal serei novamente candidato à reeleição. Com relação à eleição de 2016, eu defendo e acho que a melhor candidatura que teríamos é da governadora Roseana para termos competitividade. Pelas obras que ela fez dentro da cidade. Mas é uma discussão mais pra frente. A própria governadora não quis assumir esta candidatura agora e disse que devemos avaliar junto com os outros aliados a melhor candidatura com competitividade. Caso não seja possível, vamos avaliar uma composição. A conjuntura política é que dirá a qual candidatura o PMDB poderá se atrelar.

A imprensa divulgou que na mesma reunião, a ex-governadora Roseana Sarney teria “escanteado” tanto o suplente de senador Edinho Lobão como o ex-secretário Ricardo Murad. Houve este direcionamento e qual o espaço destas figuras hoje no partido?

OlhoRobertoCosta2O senador lobão Filho é uma liderança que merece todo nosso respeito. Na eleição passada ele assumiu uma missão de extrema dificuldade inclusive com sua saúde e ele teve a coragem de assumir a responsabilidade naquele momento que precisávamos e ele fez um papel formidável. Ele teve uma votação estrondosa pra quem começou como ele começou. Ele deu vida naquele momento ao nosso grupo político. A questão do deputado Ricardo Murad pra mim está superada. Não vejo mais o deputado como problema dentro do partido. As acomodações vão acontecer a partir de agora de forma muito natural, com a decisão do senador João Aberto à frente do diretório estadual e a nossa continuidade no diretório municipal. Hoje defendemos a candidatura da governadora Roseana. Se não for possível, vamos buscar um aliado que represente acima de tudo um projeto que atenda os anseios da população de São Luís. 

Deputado, o senhor deixou bem claro que defende a candidatura de Roseana Sarney a prefeita de São Luís. Mas, com o nome da ex-governadora relacionado à Operação Lava Jato, o senhor acredita que ela terá condições de concorrer em 2016?

Eu tenho plena confiança na governadora Roseana. Acredito que no fechamento das investigações o nome da governadora não constará em qualquer inquérito formado em função da conclusão do trabalho de investigação. Tenho convicção que a governadora não tem nada a ver com esta situação da Lava Jato.

Caso o projeto Roseana candidata não se concretize, existem hoje duas pré-candidaturas que polarizam o debate: a do prefeito Edivaldo e da deputada Eliziane Gama. Qual destas o senhor acredita que tem maior possibilidade de aliança com o PMDB?

A primeira preocupação é a busca de candidatura própria. Isto representa o sentimento maior do PMDB. Temos que buscar candidatura com viabilidade. Se não encontrarmos, vamos fazer uma composição como fizemos em outras eleições. Eu não faço veto a nenhuma candidatura. A deputada Eliziane foi companheira na Assembleia. Tem uma história que a credencia a disputar o pleito em São Luís. O prefeito Edivaldo começou a dar passos importantes com o apoio do governador Flávio Dino e tem condições de melhorar a administração na infraestrutura da cidade. Mas nossa discussão, trataremos a partir do ano que vem. Primeiro é buscar a viabilidade. Depois, não havendo, buscar um caminho dentro de um projeto que melhore a vida da população.

O senhor falou da melhora da prefeitura com o apoio do governo do estado. Não faltou ao prefeito Edivaldo este apoio nos dois primeiros anos de mandato?

Eu participei diretamente do governo passado e acredito que as posições políticas assumidas naquele momento fizeram com que não se chegasse a um projeto concreto para as parcerias. O governo fez obras importantes em São Luís. Mesmo sem serem parceria, fez diretamente. Fez a Via Expressa, a IV Centenário e obras de asfaltamento em vários bairros. Agora, acontece que hoje o prefeito e o governador têm a mesma linha política. Assim, ao invés de fazer diretamente como nós fazíamos, o governador está passando ao prefeito o direito de executar. Mas o apoio da governadora para a cidade de São Luís sempre aconteceu. Só que o governador Flávio Dino resolveu estender a mão ao prefeito e dar condições para que ele tenha condições de recuperar as vias que é fundamental para a melhoria da imagem do prefeito junto à população.

Deputado, o senhor foi por muitos anos um deputado governista. Como está hoje a sua relação e a do partido com o governo?

OlhoRobertoCosta3Nós somos oposição. Quem quis nos colocar na oposição foi a população, que elegeu o governador Flávio Dino e nos elegeu para ser oposição. Agora, entendemos o momento político que o Estado passa. Temos discutido vários pontos que criticamos o governo Flávio Dino. Existem setores elogiáveis e existem pontos críticos, como o da segurança, que precisa de uma reposta mais rápida. O governador está fazendo algumas ações e precisamos saber se ao final do processo vai dar a tranquilidade à população. E nós criticamos de uma tranquila e equilibrada. Não vamos desrespeitar a autoridade pública. O que acharmos que é importante vamos continuar aprovando, independente de patrulhamento. Eu não me sigo em relação a patrulhamento. Sou muito transparente e converso abertamente dentro do partido.

Seu nome também é ventilado como possível candidato a prefeito de São Luís e de Bacabal. Inclusive o senhor tem feito muitos discursos sobre Bacabal. Qual é o seu destino para 2016?

Eu fui o deputado mais votado de Bacabal e tenho muito carinho pela cidade e com a população. Em São Luís, também meu nome tem sido colocado pelo partido para ficar à disposição caso a governadora não seja candidata. Esta decisão, só tomaremos no final de setembro. Nossa preocupação neste momento é continuar trabalhando aqui na Assembleia em prol da população do Maranhão. Buscar benefícios para Bacabal, que precisa do apoio do governo. Estamos cobrando do governador Flávio Dino ações importantes para aquela população. Até porque o governador teve uma votação estrondosa de mais de 70% dos bacabalenses e Bacabal espera muito dele. É um dos pontos que temos cobrado. Em São Luís, aprovamos a parceria porque temos compromisso com a cidade e o governo precisa corresponder às expectativas. Vamos decidir em setembro em conversa com os companheiros, embora eu tenha um carinho muito grande tanto por São Luís quanto por Bacabal.

Adriano Sarney diz que é pré-candidato a prefeito de São Luís

Por Clodoaldo Corrêa e Leandro Miranda

AdrianoSarneyO deputado estadual Adriano Sarney (PV) concedeu entrevista exclusiva aos Blogs Marrapá e Clodoaldo Corrêa. O herdeiro político do grupo Sarney diz que a alternância de poder foi boa para o Maranhão e as perspectivas de futuro para seu grupo político com o fim da Era Sarney no poder.

Não à toa o deputado participou ontem do ato de filiação da vereadora Rose Sales ao PP. Adriano também anunciou que pretende concorrer ao cargo de prefeito de São Luís, afirmando que o PV tem que ter candidato na capital para ganhar musculatura, mas também está de olho na possibilidade de concorrer em Paço do Lumiar, onde quase foi candidato em 2012.

O neto do maior oligarca do Brasil diz que não está na Assembleia para ser um defensor dos governos passados nem uma oposição ferrenha ao governo Flávio e até admite que o governador trabalha até altas horas. E abriu até a possibilidade de diálogo com o atual governo. Mas afirma que fará defesas de seu avô e criticas e assuntos pontuais do governo. Para o neto de Sarney, toda a classe política do Maranhão tem parcela de culpa pelos índices de pobreza do Maranhão.

Sobre a operação Lava Jato, Adriano afirma que não dará em nada.

Hoje só o senhor e seu pai carregam o sobrenome Sarney com mandato. Como é carregar o sobrenome Sarney e qual é o papel da família agora como oposição?

Vivemos num novo momento. Já disse isso e já foi repercutido até na mídia nacional. O ciclo Sarney acabou, aí gostam de distorcer o que eu falo, mas o grupo ainda existe, mas não sei se esse grupo pode se chamar de grupo Sarney ou não, É um núcleo que a gente continua fazendo política. Eu como Sarney venho mais para trabalhar as minhas propostas que são: desenvolver o Maranhão seguindo as suas aptidões econômicas e potencias das regiões. Esse é o meu foco. Quando entrei na Assembleia, articulei para ser o presidente da comissão de assuntos econômicos justamente para dar vazão às questões econômicas. Como já disse varias vezes: não estou aqui para defender o governo passado ou até mesmo fazer oposição pesada ao atual governo. Faço algumas defesas ao meu avô, é natural. Mas eu faço oposição muito pontual em determinadas situações. Não farei oposição por fazer. Tenho que fazer uma oposição responsável. Não tenho problema nenhum em votar em todos os projetos de lei do governador. Tenho votado na maioria e não vejo problema nenhum. Foi bom e sadio essa alternância de poder. Claro que vou cobrar o que essa alternância vai trazer ao Maranhão. Isso será a minha maior cobrança.

Por que o senhor desistiu da candidatura a prefeito de Paço do Lumiar em 2012?

OlhoAdriano1Na época, fui apoiado pela Bia Venâncio. A ideia era sair numa chapa. Eu estava atuando no Partido Verde, onde comecei minha carreira política. Fiz a articulação com o grupo da prefeita para sair como vice numa eventual reeleição dela, certo? A situação lá da prefeita foi ficando difícil. Ela começou a ver que não conseguiria se reeleger e a gente ponderou uma série de candidatos. Comecei a trabalhar politicamente e meu nome começou a aparecer. A gente fez algumas pesquisas, cheguei a ficar em segundo lugar. Na hora de realmente definir a minha candidatura, a família, o meu grupo político, preferiu, e até forçou a barra, para eu não sair candidato, pois eles entendiam que ia ser um desgaste para a gente, que ia ser difícil, que eu tinha chegado há pouco tempo lá, que seria aquela velha questão do candidato paraquedas. Naquele momento expressei a vontade de ser deputado estadual. O grupo garantiu que me apoiaria.

O senhor tem planos para se candidatar a prefeito novamente em 2016?

Não descarto a candidatura nem em Paço do Lumiar e nem em São Luís. Hoje, a situação de Paço do Lumiar está até favorável para mim. Tem o desgaste do prefeito e existem algumas lideranças lá, mas não são lideranças consolidadas. Existe uma situação muito favorável lá em Paço do Lumiar, mas resta saber se pra mim, que acabei de chegar na Assembleia, vale a pena dar continuidade aqui a um projeto ou focar no projeto de ser candidato ao executivo. Também cogito concorrer em São Luís. Meu título é de Paço do Lumiar, mas também cogito ser pré-candidato aqui. O Partido Verde precisa se posicionar, precisa tomar musculatura. Temos quatro deputados estaduais, dois federais. A gente pretende lançar candidatos nas maiores cidades do estado. Não descarto o fato de ser pré-candidato ou talvez disputar uma candidatura em São Luís a prefeito ou a vice-prefeito.

Até que ponto o grupo do qual o senhor faz parte é responsável pelos péssimos índices sociais que o Maranhão apresenta hoje?

Muita gente confunde o Maranhão rico com o Maranhão pobre. Riqueza pode ser medida por PIB. O Maranhão é a décima sexta maior economia do Brasil. É um estado teoricamente rico, mas tenho andado pelo estado inteiro e visto muita pobreza. Nós temos muita pobreza no Brasil. Não concordo que atribuir as mazelas do Maranhão a um grupo ou até mesmo uma pessoa seja coerente e certo, até porque muitos desses que falam em cinquenta anos foram secretários, prefeitos e participaram dos governos anteriores. Agora é um momento bom para a gente avançar. O grupo Sarney não tem mais governo, não tem mais a força que tinha antes na esfera federal. A Assembleia em grande maioria apoia o governo atual. Então, esse argumento a partir de agora está sujeito à avaliação daqui pra frente.

A sua tia Roseana é uma das investigadas no escândalo da Lava Jato. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

OlhoAdriano4As pessoas tendem a confundir a Lava Jato. Existem duas questões em relação a essa operação. Uma investigação diz respeito à Lava Jato e outra à questão do precatório [da Constran] que está aqui em São Luis. São duas coisas diferentes. Existem contradições nas falas do Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef. Num primeiro momento, o Paulo Roberto falou que o Lobão pediu para ele recursos para a campanha de reeleição da Roseana; depois, num segundo momento, ele se contradiz no segundo interrogatório. Aí depois, ele retorna no Congresso nacional com a pergunta da Eliziane Gama e reafirma tudo. Por que ele reafirma? Ele tem de reafirmar as coisas se não perde a delação premiada. Perguntaram ao doleiro a respeito disso e o doleiro disse que não lembrava dessa situação. Então, está tudo muito vago e solto. Ela vai lá depor, não sei como vai caminhar esta situação. Acho que isso não vai pra lugar nenhum. No que diz respeito ao precatório, o nome da governadora não foi mencionado. Mesmo o nome do ex-secretário João Abreu que foi mencionado, não foi mencionado que o doleiro deu recursos para o João Abreu. São questões que estão sendo colocadas por pessoas que cometeram ilícitos e que a gente tem que ponderar a credibilidade porque são pessoas que cometeram ilícitos, então vamos ponderar isso.

Inclusive a Revista Época chegou a citar o seu nome em um possível esquema da Petrobrás. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Foi uma injustiça que fizeram comigo. Fizeram um apanhado muito maluco. Pegaram uma pessoa que no passado era meu amigo, filho de um deputado federal quando eu morei em Brasília. Meu pai sempre foi deputado federal, então tinha vários amigos filhos de deputados federais. Era o pessoal que eu andava, estudava, amigos meus e tal… Pegaram o filho do ex-deputado Fernando Diniz e colocaram lá nessa reportagem que nós andávamos e fazíamos coisas ilícitas, segundo um lobista. A fonte que o jornalista usou foi um lobista. Eu poderia interpelá-lo para saber exatamente o que estava acontecendo em relação a isso. Não ia ter fundamento nenhum… Pegam ligações com pessoas do passado e fazem esse tipo de ilação.

Esse caso tem relação com o atual escândalo da Petrobrás?

Não tem relação nenhuma até porque… Não sei se esse meu amigo tem alguma relação com alguma coisa. Eu não sei. Eu era amigo dessa pessoa e não sei como é que está esse caso dele lá. Eu não sei o que que… Enfim, não me interessei e nem quero saber.

Qual sua avaliação dos quatro primeiros meses do governo Flávio Dino?

OlhoAdriano3Acredito que o governador quer acertar. Ele está se esforçando. Tenho noticias de pessoas que falam que ele trabalha até altas horas lá no Palácio. É do perfil dele. O problema é a questão de ter uma equipe, gente preparada para fazer o trabalho. O governador sozinho não consegue fazer muito, precisa de auxiliares. Acho que o Flávio quer acertar, mas peca em relação à questão da equipe. Ele tem que descer do palanque, ser mais humilde, admitir que é difícil governar e tentar dialogar com a oposição, consertar alguns erros. Eu coloco algumas coisas na minha atuação, falhas administrativas que podem ser corrigidas. Mas fica aquela insistência em não querer corrigir que gera um desgaste. Ele quer fazer um bom governo – tenho certeza absoluta disso. Talvez ele tenha que demitir secretários, ser humilde para admitir que errou sem medo da oposição e a imprensa. O governador tem que baixar o discurso do palanque e focar na gestão. Tem que chamar todo mundo pra dialogar, botar o secretário de articulação para conversar com a oposição e fazer o que todos nós queremos fazer: mudar o Maranhão. Sei que a estratégia do governo é a estratégia da herança maldita, que te dá uma carta de seguro para botar na conta da gestão passada.

E da Assembleia?

Esta Assembleia foi criada de forma muito estranha. Vi muita dificuldade na composição dos blocos. Alguns blocos sendo criados de maneira muito esquisita, como foi o nosso bloco do qual o PV fez parte…. O próprio líder do governo, o Rogério Cafeteira, até pouquíssimo tempo defendia o governo passado. Hoje já está muito melhor do que começou, pois existe um grupo de quatro oposicionistas. Quem é governo é governo, quem é oposição é oposição. Existem alguns excessos de sentimentos na Assembleia. Eu até entendo a razão. É difícil você discutir com pessoas que até pouco tempo eram amigos, discutiam políticas juntos e passaram anos no mesmo grupo. Então tudo isso gera confusão, mas acredito que a tendência é melhorar. Nas comissões esta legislatura está fazendo um excelente trabalho. Tenho conversado com funcionados e ouvido que temos deputados muito atuantes no que diz respeito a audiências e a interlocução com a sociedade. Vamos ser uma legislatura que vai marcar os 180 anos da Assembleia.

Clayton Noleto: grupo de Flávio tem que ter só um candidato em Imperatriz

Clodoaldo Corrêa e Leandro Miranda

Clayton Noleto diz que PSDB, PCdoB e PDT devem estar unidos nas eleições municipais em Imperatriz

Clayton Noleto diz que PSDB, PCdoB e PDT devem estar unidos nas eleições municipais em Imperatriz

Titular de uma das pastas mais poderosas do governo Flávio Dino, o secretário estadual de Infraestrutura, Clayton Noleto, falou sobre as ações da secretaria em entrevista exclusiva aos Blog Marrapá e Clodoaldo Corrêa. Noleto também resolveu falar sobre a sucessão do prefeito Sebastião Madeira, e afirmou que o grupo deve trabalhar pela união para ter apenas uma candidatura, ou corre o risco de perder a eleição para o grupo de Ildon Marques.

O secretário criticou as obras inacabadas do governo anterior, entregues às pressas e que estão causando transtornos à população. A Via Expressa e o Corredor Metropolitano são os maiores exemplos na capital.

Noleto explicou que as ordens de serviço assinadas na pré-campanha eleitoral no governo Roseana, eram ordens para contratação de projetos e não para início das obras como foi amplamente divulgado.

Sobre o convênio de R$ 20 milhões para pavimentação em São Luís, o secretário explicou que de imediato a prefeitura receberá 30% e as liberações ocorrem conforme a execução. Ele também anunciou que em cerca de 40 dias, um novo pacote de serviços para São Luís será lançado.

Secretário, gostaríamos que você falasse, de forma resumida, da sua trajetória política e técnica para chegar até o cargo de uma das secretarias mais importantes do estado?

Eu tive militância no movimento estudantil, mas não havia me filiado em nenhum partido até 2007. Até aquele momento, eu julgava que teria minha independência intelectual. Aí, achei interessante o projeto e me filiei ao PCdoB. Depois me tornei presidente do partido em Imperatriz. Em 2010, eu me candidatei a deputado federal, mas no meio da campanha abandonei a candidatura para me dedicar à campanha do Flávio Dino. Ganhamos musculatura e com interlocução permanente entre nossos aliados. Em 2012, fui candidato a vice-prefeito na chapa do Carlinhos Amorim e conseguimos a nossa meta que foi eleger dois vereadores. Em 2014, eu assumi a coordenação da campanha do Flávio na região tocantina inteira. E tínhamos a meta de dar a votação mais expressiva ao nosso candidato a governador na região. Elegemos o deputado Marco Aurélio em uma campanha de gasto financeira infinitamente menor do que a dos concorrentes. Politicamente, resumidamente, esta é a minha trajetória. Na parte pessoal, sou formado em História, Administração e Direito. Eu lecionei no Senac, fui consultor do Sebrae, fui professor de gestão na faculdade e tinha uma empresa de consultoria. Justamente uma das empresas da consultoria.

O senhor hoje tem um nome conhecido em todo estado e já é uma liderança consolidada em Imperatriz. Como pretende participar das eleições de 2016 na cidade?

OlhoNoleto1Eu vou participar de acordo com o que meu partido decidir. Sou muito disciplinado, até porque sempre cobrei isso dos companheiros. Todos podem expressar suas opiniões pessoais, quando o coletivo decide, todos têm que acatar. Sobre a eleição em Imperatriz, temos que ter muita maturidade para fazer o mesmo que fizemos na eleição do Flávio Dino: unir todas as forças em torno do projeto. Em Imperatriz, o campo político do grupo do Flávio não pode ter dois ou três candidatos. É fundamental que tenha apenas um para conseguirmos uma vitória que coloque a cidade em consonância com o governo.

Mas, no atual momento político, o senhor acredita que ainda existe possibilidade de uma força de oposição ao grupo, como o ex-prefeito Ildon Marques, ter uma candidatura forte?

Nós não podemos subestimar a chance destas forças vencerem em Imperatriz. Tradicionalmente, ele consegue alcançar pelo menos 20% dos votos. Se ele tem pelo menos este percentual, em um fracionamento de disputa, em uma cidade que só tem um turno, pode se eleger. Em 2004, ele se elegeu com pouco mais de 30% em uma disputa dividida.

Então, pelo que o senhor está dizendo, se a Rosângela Curado for candidata, o senhor não será, ou vice-versa?

Tem uma conexão maior com o entendimento dos partidos. Eu não consigo vislumbrar um candidato do Madeira, um candidato do PCdoB, um candidato do PDT, fracionando o campo e a oposição ao governo Flávio se unir em torno de um candidato e nos derrotar. Temos que ser maduros o suficiente para evitar isso. Mas, sinceramente, nem que eu quisesse pensar em candidatura eu teria aceitado a secretaria. Eu tenho a característica de ser focado. Por isto estou 100% focado na secretaria. Aqui é um desafio muito grande. Você planeja fazer o novo, mas sempre tem que dispor de um tempo para refazer o que foi mal feito no governo passado.

Fale um pouco sobre o cronograma de obras da Sinfra.

Clayton Noleto e  adjunto, Ednaldo Neves, mostram as ações da pasta

Clayton Noleto e adjunto, Ednaldo Neves, mostram as ações da pasta

Definimos três conjuntos de metas primeiro dar continuidade e celeridade a todas as obras que estavam em andamento com um cronograma. Sugerimos um cronograma ao governador e ele apertou mais os prazos. E também demos prioridades a novas obras como Buriti-Bravo a São Félix. Estamos elaborando o projeto da ponte sobre o Rio Pericumã. Estamos fazendo o termo de referência para a Paulo Ramos-Arame, que agora vai até Marajá do Sena. Vamos fazer o projeto de Barreirinhas a Paulino Neves e temos projeto pronto e vamos licitar a execução para São Raimundo-Doca Bezerra. Temos licitação feita para Matinhas-Itans e temos o planejamento de fazer o máximo de projetos mesmo sem recursos. Com o projeto feito, é mais fácil captar recursos.

O governo passado disse que ligaria todas as cidades do Maranhão por asfalto. Chegou a ser feito algo neste sentido ou existia projetos para tal?

Houve alguma intenção de ligação em alguns casos. Por exemplo, de Barão de Grajaú a São Francisco do Maranhão, por ser na região do litoral, o traçado teria o objetivo de ligar por terra. Mas este é mais uma exceção do que a regra. Primeiro, não tivemos transição, como em todo governo. Então, tivemos que assumir a secretaria e, a partir daí, fazer um diagnóstico. Formamos uma boa equipe e fizemos com relativa rapidez. E verificamos que houve interesse meramente eleitoral nas obras que seriam executadas. As obras que foram feitas, foram exatamente ligando prefeituras aliadas do governo anterior.

Um dos ex-secretários assinou vários convênios com prefeituras na época da pré-campanha eleitoral. Estes convênios foram executados ou iniciados?

Aqui na Sinfra não existem convênios desde 2012. A informação que tivemos é que foram transferidos pra Secid. Até porque eu acredito que o ex-secretário Luís Fernando, quando era pré-candidato a governador, não queria assinar convênios para não se complicar com a Justiça Eleitoral. O que houve foi ordens de serviço para ser executado direto pela Sinfra. Mas houve uma certa confusão na interpretação. Não sei se ele anunciava assim nas cidades, mas as pessoas entendiam que era ordem para começar o serviço. E criava a expectativa. Mas era ordem de serviço para elaboração do projeto. Aí se contrata a elaboração, passa cerca de oito meses, aí vai para a licitação para empresa que vai executar.  Enfim, passa por um trâmite que não é rápido.

O governo anterior entregou obras que estavam cercadas de expectativa ainda inacabadas, como a IV Centenário e a Via Expressa. O que a Sinfra está fazendo para resolver este problema?

A IV Centenário é de responsabilidade da Secid. A Via Expressa é da Sinfra. Mas as duas apresentam os mesmos problemas. A Via Expressa é um grande exemplo de problema de pressa, falta de planejamento e fiscalização. As irregularidades foram tantas que chamaram atenção desde o primeiro dia. Quando cedeu o pavimento, já tínhamos notificado a empresa três vezes. A empresa alegou uma série de dificuldades que não estavam previstas, pressão para entregar ainda em dezembro. Eu chamei a representação da empresa e disse que não queríamos perseguir, mas resolver o problema. Se tiver alguma coisa que não estava no projeto, iriamos acertar. Chamamos o CREA para participar do processo. Pedimos agora, recentemente um cronograma e será terminado o mais rápido possível. Este caso serve de exemplo para a consequência desta gestão sem planejamento.

A chamada Via Metropolitana tinha um projeto inicial apresentado com uma grande avenida com oito pistas e o que se viu foi uma entrega inacabada, com um viaduto que ficou apenas um grande buraco e apenas uma via de cada lado com um canteiro central enorme. O que houve e como será a continuidade daquela obra?

OlhoNoleto2Ali faz parte de um Anel Metropolitano que deve iniciar na BR-135, passa pela Uema, passa pelo Araçagy e Holandeses. O que tem projeto é desta parte da BR até a orla marítima. Ela começou com recursos do Ministério do Turismo. Depois foi complementado com recurso do Ministério das Cidades. Mas precisava incluir transporte público. Aquele traçado é para BRT (ônibus articulado). No projeto original são duas faixas de rolamento de cada lado e o BRT. Mas depois ficou uma via de cada lado e o canteiro central para dois BRT’s. Quando assumimos, avaliamos que não tinha condições de ali ter um BRT. Além de que quando chegasse na Holandeses teria que duplicar e desapropriar. Não teria condições. Apresentamos um redesenho ao Ministério das Cidades e entregaremos até 30 de junho. No novo projeto, teremos faixa exclusiva de ônibus e três pistas de rolamento. A partir daí, corrigimos aquele “monstrengo” que ficou ali. Agora, será muito interessante para a mobilidade na entrada e saída da cidade sem ter que desapropriar.

Como está a execução do programa “Mais Asfalto”?

Existiam recursos do BNDES para asfalto nas cidades. Mas é preciso envolver mobilidade urbana por exigência do BNDES. Agora como fazer mobilidade em pequenas cidades. Ainda assim, foi feito um escopo com o recurso de R$ 300 milhões para 215 cidades e deixaram de fora apenas São Luís e Porto Franco. Agora, imaginem, em ano eleitoral, cada um recebia um pouquinho de asfalto para benefício eleitoral. Executaram cerca de R$ 212 milhões e ficamos com saldo de R$ 88 milhões para executar. E desde que assumimos, só estamos pagando estes em andamento com auditoria. E nós assumimos o desafio de mostrar que era possível colocar asfalto de qualidade mesmo no período de chuva. E iniciamos o programa Mais Asfalto. Começamos por Imperatriz, Caxias e Timon. Eu disse para a empresa que não aceitaríamos um trabalho que não fosse de qualidade e o asfalto está suportando muito bem o período chuvoso.

Com relação ao convênio com a prefeitura de São Luís de R$ 20 milhões, qual vai ser a participação da Sinfra e qual a perspectiva de novos convênios?

O recurso vai ser liberado por medição. A prefeitura apresentou o projeto à Sinfra, discutimos e vamos liberando o valor conforme a execução. Vai sendo medido, a Sinfra fiscaliza e libera. Será liberado logo 30%. Com relação a novos convênios, daqui a cerca de 40 dias, um novo pacote de investimento deve ser anunciado para São Luís.

Marcelo Tavares fala sobre a relação com Márcio Jerry

Por Clodoaldo Corrêa e Leandro Miranda

25/07/2014. Crédito: Márcio Melo/Divulgação/OIMP/D.A.Press. Brasil. São Luís-MA. Entrevista com o deputado estadual Marcelo Tavares, PSB MA.

Em entrevista exclusiva aos Blogs Marrapá e Clodoaldo Corrêa, o secretário-chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares, falou sobre sua participação como principal articulador da parte administrativa do governo Flávio Dino. O secretário não se absteve de falar da polêmica sobre a sua relação com o secretário Marcio Jerry e os espaços de cada um.

Tavares disse que não existem vaidades e “ilhas de poder” no governo, diferente do que ocorreu no governo passado. Ele também garantiu que a relação com Jerry é a melhor possível e que a oposição tenta criar crises inexistentes. Curiosamente, logo após a entrevista, justamente Márcio chegou ao gabinete de Marcelo para mais uma reunião entre a dupla.

O secretário também falou sobre a atuação das bancadas de governo e oposição e a herança de falta de organização e dívida de R$270 milhões dos recursos do BNDES.

 Secretário, qual a herança que o senhor recebeu da gestão anterior?

marcelotavaresolho1Neste governo, a Casa Civil funciona, tem a missão de gerenciar todas as secretarias e os programas que o governo está executando. Não sei qual o papel que a ex-secretária exercia, mas o que nós recebemos da gestão anterior foi uma total falta de organização. Era um governo com muitos indícios de corrupção e muita desorganização. Nada funcionava corretamente, e isso não tem sido fácil corrigir. O BNDES, por exemplo, tem recursos substanciais, mas o governo anterior meteu os pés pelas mãos, e agora o banco apresenta uma glosa de R$ 270 milhões em função do péssimo gerenciamento que era dado para o programa na gestão anterior. Nós estamos atualmente prestando contas do que não havia sido prestado e estamos reorganizando as obras que serão gerenciadas com recursos do BNDES.

O governador Flávio Dino estabeleceu metas de gestão em todas as pastas do governo. Como a Casa Civil tem acompanhado a execução destas metas?

marcelotavaresolho2A Casa Civil é responsável por gerenciar estas metas. E elas são constantemente cobradas tanto pelo governador, que as acompanha pessoalmente, quanto pela Casa Civil. Nestes três primeiros meses, tudo o que nós planejamos para os primeiros cem dias foi cumprido. E tenho certeza que neste ano nós teremos um governo com muitas realizações e benefícios para a população do Maranhão.

Muito se fala de que haveria uma “queda de braço” entre o senhor e o secretário de Assuntos Políticos, Márcio Jerry. Como é a sua convivência com o secretário?

Este é um governo que tem comando. Eu e os demais secretários cumprimos as determinações dadas pelo governador. Esta não é uma gestão de várias ilhas, núcleos de comando e de poder. A figura do Flávio Dino é extremamente voltada para cumprir o que prometeu na campanha eleitoral. A minha relação com o secretário Marcio Jerry é a melhor possível. Ninguém vai inventar crise neste governo, principalmente onde não há nenhum resquício de crise. Eu passei a campanha inteira convivendo com o Márcio da melhor maneira possível e com extrema facilidade. Tentaram inventar crises na campanha, não conseguiram, e não conseguirão inventar crises no governo. Não há nenhum problema de relacionamento entre os secretários, e eu estendo isso para máquina estadual inteira. Não temos e nem teremos problemas de relacionamento entre os nossos secretários. No que diz respeito ao Jerry, seria muito difícil trabalhar sem a colaboração dele. Quero deixar um aviso claro a todos aqueles que tentam criar crises neste governo: nós somos vacinados contra isso. Temos experiências suficientes para não cair nestas armadilhas. Não nos desviaremos do foco de fazer com que os benefícios sejam refletidos na vida de todos os que confiaram no projeto de mudança. Não perderemos tempo com fofocas e boatos.

Também é comumente colocado por parte da mídia que a sua secretaria estaria preterida no governo justamente em favorecimento à secretaria de Assuntos Políticos. Existe algum esvaziamento da sua pasta?

marcelotavaresolho3Tentam criar uma crise em relação aos cargos que sairão da Casa Civil e passaram para a Articulação Política. Isso aconteceu por indicação minha. Não há absolutamente nenhum problema quanto a isso, e aqui ninguém está brigando para ser melhor ou mais poderoso do que o outro. Aqui não existe homem forte do governo. Forte é o governador Flávio Dino, suas diretrizes e comandos, que são determinantes nas ações de governo nos próximos quatro anos.

O ex-governador José Reinaldo Tavares chegou a ser anunciado como secretário de Minas e Energia e acabou não assumindo o cargo. Houve algum problema com o governador? Algum indício de rompimento?

Não há nenhuma relação com crise. O ex-governador José Reinaldo preferiu permanecer em Brasília e o Flávio indicou uma nova secretária para a pasta. Não há crises quanto a isso. Pelo contrário…

Como o senhor avalia a atuação da base governista na Assembleia Legislativa?

Nós temos uma maioria ampla que tem aprovado todas as matérias encaminhadas. É bom que se diga que não são propostas de difícil aprovação, pois elas são de tanto amparo aos anseios da população que até os parlamentares de oposição têm votado de forma favorável. Um exemplo é a Lei de Organização Básica do Corpo de Bombeiro que foi votada de forma rápida e por unanimidade. Os deputados de oposição fazem o discurso oposicionista por mera marcação de posição, pois nos seus votos tem aprovado as medidas encaminhadas pelo governador Flávio Dino são tão favoráveis ao povo do Maranhão que eles não têm condições de votar contra elas.

E a oposição?

Quando fui líder da oposição, tudo o que nós levamos para a tribuna, nós levamos com provas, quando todas as estruturas midiáticas escondiam aquilo que era denunciado. Hoje é diferente. Pegam fatos muitos pequenos, sem qualquer fundamento, e tentam dar uma repercussão maior. Eles terão uma longa jornada pela frente, mas são importantes para o processo democrático. A atuação do governo tem sido tão boa que a maioria dos votos deles foram a favor da gente. Não que eles tivessem tal desejo, e a postura deles tem mostrado isso, porém como ficar contra medidas em favor da população?! Como ficar contra a Lei de Organização dos Bombeiros? O Mais Bolsa Família? Como ficar contra o novo reajuste salarial para a segurança pública?

Murilo Andrade diz que inquérito dará as respostas sobre a fuga

Por Clodoaldo Corrêa e Leandro Miranda

20150409_151743_resizedA fuga de quatro presos do complexo penitenciário de Pedrinhas no último final de semana o colocou no Centro das atenções. Murilo Andrade assumiu a secretaria estadual de Justiça e Administração Penitenciária com a missão de desarmar a bomba do sistema penitenciário do Maranhão, um dos principais problemas do governo passado.

Em entrevista exclusiva aos Blogs Marrapá e Clodoaldo Corrêa, Andrade destacou as ações que estão sendo executadas pela sua administração e garante que a antiga condição de presos com chaves de celas fazendo o que queriam na penitenciária acabou. Ele trabalha por metas e cobranças de resultados.

Sobre a fuga, o secretário reafirma que houve erro operacional, mas que possível facilitação e boicote só poderão ser confirmados com o resultado do procedimento aberto para investigar o caso. Mas afirmou que muitos não estão gostando da moralização do sistema.

Murilo afirmou que o governo anterior deu calote nas empresas que abandonaram as obras dos presídios em reforma e a nova administração já negociou com as empresas e entregará sete presídios reformados até julho.

As notícias da penitenciária de Pedrinhas no ano passado eram de decapitações, rebeliões e orquestração de ataques. Com relação a este caos encontrado, o que já pode ser destacado de avanço no sistema prisional maranhense?

Primeiro temos os problemas corriqueiros de tentativas de fuga, resgate de presos. Na lógica prisional, pode acontecer a qualquer momento. Você trabalha com pessoas que estão à margem da lei. Mas além disso, estamos passando por um momento de transformação interna. Teremos que mudar todos os servidores do sistema penitenciário. Aqui é tudo terceirizado e estamos passando por um processo de desterceirização. Outro fator é a estrutura física de Pedrinhas. Parar de furar parede ou serrar grade. Também estamos mudando a humanização. Por isso, nestes 90 dias, estamos gerenciando os problemas naturais e a parte administrativa. Estamos avançando muito.

O governador na posse e em outros momentos pautou metas e cobranças para o secretariado. Neste sentido quais seriam as da Sejap e como estaria o cumprimento destas?

OlhoMurilo1O governador estabeleceu metas de 90 dias, metas de um ano e metas de quatro anos. Nós tivemos várias ações implantadas e estamos agora entrando nas metas de um ano. Agora, nós repassamos as metas pré-estabelecidas para todas as unidades prisionais. Metas de diminuição de motins, fugas etc. Anualmente vamos fazer a mensuração premiando as três unidades com melhores indicadores. Isto dá visibilidade e estímulo para cada unidade. E a cada três meses reuniões de boas práticas para cada unidade compartilhar e trazer boas práticas para as outras.

O que de fato aconteceu no último dia 05 quando os quatro presos fugiram de Pedrinhas?

Eu acredito que foi realmente uma falha operacional muito grave. Em tese se sabia o que iria acontecer. Mas ainda será explicado com o inquérito. A falha é um fato e as responsabilidades saberemos no decorrer do procedimento para saber quem errou, quantificar a culpa de cada um. Existe muito disse-me-disse. Na lógica, existia uma grade de uma cela serrada por onde os presos, isso foi uma grande falha.

O senhor acredita que houve alguma facilitação ou até mesmo uma sabotagem por agentes do próprio estado ou pessoas que trabalham no sistema prisional que estão insatisfeitos com as medidas adotadas?

Que existe muita gente que não está gostando da moralização a gente sabe. Mas acho prematuro falar que houve sabotagem. Eu sou muito ‘ver pra crer’. Na hora que tiver o resultado teremos estas respostas. Agora, muita gente não está gostando porque estamos saneando muita coisa errada, colocando os pingos nos ‘is’.

Existe uma fragilidade em ponto ou em vários pontos do muro de Pedrinhas onde é possível a fuga com uma escada?

olhomurilo2É importante lembrar que são 90 dias. Estávamos trabalhando nas reformas para Pedrinhas, entre elas a colocação da concertina [a cerca em espiral utilizada em muros de presídios] em todos os lugares. A colocação de um muro de 6m de altura na CCL 2, onde ocorreram a maioria das fugas. E por mais que nos outros lugares tenham concertina, ela tem que ser trocada, porque já está enferrujada e não suporta mais. Grades que por muitos anos sofreram com ferro e solda têm que ser trocadas. São reformas que temos que fazer e estamos implantando estas melhorias.

É fato que este não é um problema só do Maranhão, mas como os presos tem tanta facilidade de acesso a arma, celular e drogas nos presídios? E o que está sendo feito para combater isto?

Só existem duas maneiras: por visitantes ou servidores corrompidos. Atuamos nas duas frentes. Hoje temos o acesso muito livre de entrada e saída e por isso estamos fazendo um acesso único. Outra medida é a proibição da alimentação externa e estamos tendo muita reclamação, mas sabemos que muita coisa entrava pela alimentação. Quando colocarmos uma entrada única, teremos um scanner de triagem para liberar o alimento, fiscalizar bolsas. E teremos o scanner de corpo, que além da segurança, acabará com a revista vexatória, o que melhora a humanização. Estamos avaliando como colocar um bloqueador de celular. É uma luta constante, mas detectamos que nestes últimos meses diminuiu muito a entrada destes materiais.

Como a secretaria trabalha com a questão das facções, já que é de conhecimento público o domínio de Bonde dos 40 e PCM nas penitenciárias?

As facções estão separadas em todas as unidades justamente para diminuir o confronto e as mortes. Isso tranquilizou o sistema. Mas em todo o país se lida com facções e organizações criminosas. Quem está preso tem direitos, mas devemos cobrar os deveres. Nós estamos deixando claro que quem manda nas unidades é o Estado. Aqui são duas, mas tem estados com cinco, com seis. Damos os direitos mas cobramos os deveres.

O governador disse que recebeu o sistema penitenciário em tal ponto, que os presos ficavam com as chaves das celas. Isso de fato ocorria e como está hoje?

olhomurilo3Eles ficavam todos soltos. Tinham as chaves dos cadeados. E não é mais a realidade atual. Ficam todos trancados, saem e retornam para o banho de sol, saem e retornam para o atendimento médico. Todos os procedimentos disciplinares estão sendo interiorizados para mantermos procedimentos padrão. Para que não aconteça o que ocorria aqui e acontece em outros estados do Estado ficar até um ponto e de lá pra frente é da forma dos presos. Como aconteceu recentemente. Mataram um preso no CCDP. Foi muito mais fácil resolver a situação do que no passado, porque antes ficavam todos presos. Agora, tinham nove pessoas na cela e os nove foram autuados por homicídio. Você delimita e o estado age com mais eficiência. O fardamento foi adotado.

O senhor foi questionado por responder supostamente por desvio de armas quando era subsecretário de Administração Prisional em Ribeirão das Neves-MG. O que o senhor tem a dizer sobre o caso?

Roubaram 42 armas da Central de Escolta. Neves é uma cidade que tem 9 mil presos. É uma cidade presídio. Diante deste cenário, lá foi feita uma central de escolta de presos. E lá nesta central, em uma noite tinha seis ou sete agentes e todos dormiram e sumiram 42 armas de forma muito suspeita. Na realidade, foram dopados. A polícia, em um trabalho fantástico, apurou que um dos agentes deu Rivotril para os demais. O irmão dele o ajudou a roubar as armas e levar pra casa. Eles estavam vendendo estas armas. Nós achávamos que era uma grande facção criminosa e era um agente que primeiro roubou para depois pensar o que fazer com as armas. Ele está preso até hoje. O caso foi solucionado. Eu não respondo absolutamente nada sobre isso. Quem publicou foi mal informado ou agiu de má fé.

O governo anterior anunciou no início de 2010, a construção de 26 presídios. No auge da crise penitenciária no início de 2014, quando decretaram estado de emergência, anunciaram recursos para 11 presídios. O governo acabou e não se tem notícia de nenhum novo presídio. O senhor encontrou recursos, algum presídio ou obra iniciada?

O que tem são quatro construções e algumas unidades em reforma. Algumas com prazo perdido, não renovaram contratos e as obras pararam. Nós estamos retomando as oito obras. Chamamos as empresas renegociamos as dívidas e caminhamos para terminar sete reformas no primeiro semestre e uma com problema na licitação só no ano que vem. E uma delas é de 2007, então não está neste anúncio, que é a de Imperatriz. Estamos trabalhando na construção de unidade de segurança máxima como anunciou o governador. E estamos estudando a real necessidade de novas unidades levando em conta a regionalização. Inclusive uma das metas é assumir todos os presos da Polícia Civil, que são 1.300.