A imagem do passado oligárquico do Maranhão

Em uma única imagem: José Sarney, Marly Sarney, Roseana Sarney, Fernando Sarney, Sarney Filho, Adriano Sarney, Rafaela Sarney e mais alguns com mesmo sobrenome. São várias gerações de uma família que construiu um império às custas do erário e deixou o Maranhão nas últimas colocações do Índice de Desenvolvimento Humano.

A reunião foi para comemorar os 65 anos de casamento de Sarney e Marly. E o Maranhão espera que comemorem suas próximas datas festivas por aí mesmo, bem longe dos Palácios e do poder de decidir que o Maranhão fique condenado à pobreza.

Que esta imagem sirva apenas para registro histórico de um grupo político familiar que passou e não deixou saudade.

A vida como ela é…

Por Carlos Eduardo Lula

Ana

Diga-se, entre parênteses, que Ana era o que antigamente se chamava de uma “moça direita”, uma “menina de família”, uma “mulher honesta”, como dizia o Código Penal. Na rua onde morava, existiam outras, muito mais levadas. De uma delas, dezessete anos recém completos, dizia-se que fora vista com um homem casado, pai de filhos. Outra que teria avançado sobre o pastor.

Já Ana, beirando os trinta, embora gostasse de se sentir bonita e olhada pelos homens, tinha seus limites, cada vez mais rígidos impostos pela religião. Quase não namorou. Se um pretendente se animava muito, ela já se impunha:

— Tá bom, vamos parar.

— Sim, está ótimo. Qual o problema?

Era categórica:

— Não avance o sinal, ok? Você está enganado comigo. Tchau.

E Ana partia sem qualquer tipo de remorso. Não podia pecar.

Marcelo

Um dia, em saída cada vez mais rara com suas amigas, ia passando quando um rapaz, já meio alcoolizado, fez a exclamação:

— Que linda!

Era Marcelo. Sim, o galanteio foi péssimo. Mas Ana gostou. Olhou, sorriu, mexeu nos cabelos, deu o sinal. Bingo! Marcelo sabia como conquistar uma mulher. Cativou-a, encantou-a, e Ana se apaixonou de vez quando soube que Marcelo frequentava a mesma Igreja que a sua. Por ela, prometeu até largar a bebida e voltar para a religião.

Quinze dias de paixão avassaladora, Ana já fazia planos para o casamento, quando Marcelo, um pouco mais nervoso que de costume, resolve lhe fazer um comunicado em voz solene:

— Sou noivo. Mas logo acrescentou: — Não faz mal, vou acabar tudo e ficaremos juntos.

Ana chorou, entre a apreensão e a alegria.

O amor

Os dois meses que se passaram foram de intensa paixão. Noivado, casamento já agendado, planos para a compra da casa própria. Mas Ana não estava bem.

Seu pensamento flanava, passeava, ia longe. Ia, voltava e contornava. E párava. Fixo na mesma coisa, não se conseguindo mais deixar de lembrar, reviver e querer mais uma vez. Ana sequer ia ao trabalho. Aquilo havia virado uma fantasia recorrente. Real e imaginário já se confundiam.

Por mais que Marcelo tivesse confessado o noivado, o tivesse rompido, ela não confiava. Queria ter absoluto controle sobre cada ação de Marcelo. Onde ia, com quem falava, o horário que saía do trabalho, os grupos que usava no whatsapp. Fez Marcelo mudar o número de telefone, fez Marcelo sair do whatsapp, fez Marcelo deixar a academia e os jogos de futebol. Marcelo deveria a ela contar tudo, dizer tudo.

Marcelo virara sua obsessão. E ao lado dele, sua imaginação era fértil. Nunca havia lhe despido, nunca o tinha visto sequer sem camisa. Os beijos quase não ocorreram, de tão tímidos. Mas os sinais, os enredos pareciam ser tão prazerosos quanto aquele momento imaginário. Ao lado dele, já não conseguia escutar nada, coisa nenhuma, apenas a respiração de seu companheiro, que a envolvia completamente.

Estar naquela situação era tudo que seu coração desejava e sua mente rejeitava. Era como a razão lhe anunciasse solenemente:

— Por favor, não me atice. Já não respondo por mim há um tempo. Não controlo esse impulso vindo de dentro. Que sobe queimando dentro de mim, que me deixa de boca seca e joelhos fracos, desejando. Então, por favor, não brinque com fogo, não me tente, não me atente.

O desfecho

E não mais sabendo o que era real ou imaginário, o desespero lhe tomava a alma. A iminência de ele sair de perto era angustiante. Amarrou-se a ele. Prendeu-o, com corda e tudo, trancado dentro dela. Quem sabe assim não lhe perdia?

Até que um dia, quando Marcelo deixou o celular no sofá, olhou a mensagem que não queria ver. A mensagem dela, da que tinha sido noiva. Ana compreendeu, é claro. Foi até Marcelo, deu-lhe um beijo como nunca antes tinha dado para surpresa e êxtase do noivo.

Saiu do mesmo modo que entrou, sem dizer uma só palavra. Foi até o banheiro e, com a gilete, cortou os dois pulsos. Foi encontrada pelo próprio Marcelo, com o vestido de noiva nos braços completamente ensopado de sangue.

 

Carlos Eduardo Lula é Consultor Geral Legislativo da Assembleia do Maranhão, Advogado, Presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/MA e Professor Universitário. e-mail: [email protected]

Política provoca racha na família Cutrim

Raimundo Freire Cutrim e Edmar Cutrim

Raimundo Freire Cutrim e Edmar Cutrim

Família das mais poderosas no Maranhão, os Cutrim começaram uma epopéia na década de 1960, quando o jovem Raimundo Freire Cutrim deixou a cidade de Matinha e veio trabalhar e estudar em São Luís. Passou por muitos percalços, mas conseguiu se  formar em Direito, sendo aprovado no final da década de 1970, no concurso para juiz.

Na Magistratura, teve uma brilhante trajetória. Após ser eleito desembargador, foi corregedor-geral, presidente do Tribunal de Justiça e do Tribunal Regional Eleitoral. Ele foi o incentivador do irmão, o atual presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Edmar Cutrim.

Atualmente, os irmãos estão em lado opostos e sequer estão trocando palavras. Edmar começou a se afastar do irmão que o ajudou quando Raimundo Cutrim foi nomeado secretário de Articulação Política na administração de João Castelo.

O fosso entre os dois aumentou, já que Edmar Cutrim está lançando a candidatura de um filho para deputado estadual e de um sobrinho para federal. Raimundo Cutrim, que recentemente se filiou ao PSDB, disputará uma vaga na Câmara os Deputados.

Com se observa, uma família antes muito unida, agra está dividida por questões políticas. E ainda tem o deputado Raimundo Cutrim (PCdoB), primo dos outros dois Cutrins, na briga. É a luta pelo poder.