Evangélicos da Universal criticam bispo Paulo Luiz e dizem que votarão em Edivaldo

Fiéis da Universal revoltados com oportunismo de Paulo Luiz

Fiéis da Universal revoltados com oportunismo de Paulo Luiz ao apoiar Braide

Evangélicos criticaram a decisão tomada pelo Bispo Paulo Luiz (PRB), da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), de ter declarado voto ao candidato Eduardo Braide (PMN). Ao contrário da igreja Assembleia de Deus e da maioria das igrejas evangélicas de São Luís que apoiam Edivaldo, o vereador derrotado Paulo Luiz decidiu contrariar o caminho dos seus e votar em Braide, maior defensor do carnaval e das festas “mundanas”.

Na página do bispo no facebook, membros da própria igreja Universal ficaram indignados com o ato que consideram de desobediência à Palavra de Deus e repudiaram a atitude de Paulo Luiz.

“Cristão vota em cristão não é mesmo vereador? Pelo menos era o você PREGAVA durante sua campanha! Evangélico deve votar no homem de Deus não isso? Arrebanhava ovelhas na sua igreja com discurso comovente e agora vc me vem apoiando Braide, isso é brincar com nossa inteligência, no mínimo o que se esperava do senhor era que ficasse neutro, ou se apoiasse alguém, que fosse Edvaldo que professa a mesma fé que o senhor não se mesmo? Triste essa sua postura…”, disse um fiel de nome Zorobabel.

Outra fiel da Universal relata que não vota em Eduardo Braide por ele ser incentivador do carnaval e outras festas pagãs. “O Senhor pode nos responder o por que? consideração e respeito aos seus seguidores. Alguém que defende festas pagãs e não são poucas….”, declarou Gianielle Pinheiro.

Também evangélico, Felipe Abreu disse que iria seguir a orientação da bíblia sagrada votando em Edivaldo, que é evangélico rígido praticante e professa a fé em Jesus Cristo. “sou 12 quem é 12 fala aí, não servimos aos homens e sim a DEUS”. Já Pablo Sebastianini chega a chamar o bispo Paulo Luiz de falso profeta.

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Carta da Assembleia de Deus em apoio a Edivaldo

“Muito me admiro servos de Deus, se assim posso chamar, declarar apoio ao um candidato que nem pisa os pés na igreja. Mais a bíblia fala que falsos profetas virão e com certeza esse Bispo Paulo Luis é um deles, que usa sua influência dentro da igreja em troca por cargos político”, disparou.

Lideranças evangélicas ouvidas ficaram desapontadas com a atitude de Paulo Luiz. “Ele poderia ter ficado neutro, porém apoiar um candidato que é contra nosso irmão Edivaldo é um pecado grave contra Deus. Ainda mais ele, bispo de uma igreja de nome em todo o país. Homens são falhos e não é por que um bispo ou um pastor manda você fazer algo que é errado e que vai de encontro à palavra de Deus que você irá obedecer. Devemos colocar um servo do Senhor de verdade no comando desta cidade e quem votar contra um homem de Deus será responsável pelo o que acontecer depois “, disse um pastor, que fez um alerta aos membros da Universal (IURD).

“Não se deixem influenciar por um bispo que perdeu a visão espiritual. É tão certo que o bispo Paulo Luiz não está ouvindo a Deus que ele perdeu a eleição para vereador. O conselho que dou é que os irmãos da Universal orem e peçam a direção do Espírito Santo, pois Deus fala como todos nós, e não somente com um pastor, um bispo, um apóstolo, que muitas das vezes, mal intencionados, estão em busca das coisas materiais e dos seus próprios interesses. Busquem a direção correta de Deus e não sejam massa de manobra de alguém que provavelmente está em rebelião com Deus”, advertiu.

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Igreja Universal foi espionada pelo governo Sarney

Lucas Ferraz
Da Folha

Edir Macedo, vigiado de perto no governo Sarney.

Edir Macedo, vigiado de perto no governo Sarney.

Relatórios produzidos pela Polícia Federal e pelo extinto Serviço Nacional de Informações revelam que Edir Macedo e a Igreja Universal do Reino de Deus foram monitorados pelos serviços de inteligência durante o governo de José Sarney (1985-90).

O objetivo da investigação, de acordo com os papeis, era descobrir a origem do apoio financeiro da igreja e sobretudo tentar identificar os “testas de ferro” da organização que adquiriam emissoras de rádio e televisão.

“Recentemente a seita tem adquirido emissoras de radiodifusão através de testas de ferro e ao custo de milhões de dólares de procedência desconhecida”, diz documento da Polícia Federal. Outro trecho afirma que a Universal comprou naqueles anos dez emissoras de rádio ao custo de US$ 6 milhões.

Os relatórios, elaborados em 1989, listam ainda excentricidades da igreja, que completara naquele ano pouco mais de dez anos de fundação.

A Folha teve acesso aos relatórios e documentos sobre Edir Macedo e a Universal, desclassificados recentemente pelo Arquivo Nacional na esteira da Lei de Acesso à Informação.

A investigação, que nunca foi oficializada, lista que a igreja estimulava o pagamento de dízimo em dólares, a fama de ter fiéis arruaceiros, a primeira sede que ficava junto a uma funerária na zona norte do Rio e a prática de charlatanismo. Fundada no final da década de 1970, a Universal teve rápido crescimento na década de 80, o que motivou a investigação.

Para o primeiro governo civil após 21 anos de ditadura, a igreja era uma “seita” que merecia controle e atenção dos órgãos de vigilância.

À época, segundo os documentos, a Universal tinha mais de 500 templos em todo o país, com presença também nos EUA e Uruguai. Hoje a organização conta com mais de 6 mil templos em 200 países.

PEDIDO DE BUSCA

Em documento de junho de 1989, a Divisão de Segurança e Informações do Ministério da Justiça distribui a órgãos de segurança do governo federal, entre eles Polícia Federal e SNI, um pedido de busca com seis tópicos sobre a Universal.

Entre outras coisas, buscava-se o fundamento legal para a instalação da igreja no Brasil, os objetivos da “seita”, o apoio financeiro de pessoas e entidades (a maioria do dinheiro chegava pelas contribuições dos fiéis) e os “testas de ferro”, que não foram identificados.

Conforme o dossiê, agências do SNI e da PF em todo o país se mobilizaram para levantar informações. Até em Estados onde não havia a presença da igreja à época, como Goiás.

Os órgãos de inteligência do governo Sarney também levantaram a relação dos pastores com políticos, fraudes e casos de charlatanismo.

Paralelamente à investigação do governo Sarney, estava em curso uma outra apuração, a cargo do Ministério Público, que levaria Edir Macedo à prisão, em 1992. O criador da Universal passou 15 dias preso pelos “delitos de charlatanismo, estelionato e lesão à crendice popular”.

Ele atribuiu sua prisão à Igreja Católica.

OUTRO LADO

Em nota enviada à Folha, a Universal afirmou que os documentos sobre Edir Macedo e a atuação da igreja mostram “práticas condenáveis que o extinto aparelho repressivo praticou” e que a “perseguição religiosa foi somente mais um capítulo” daqueles anos.

A Universal disse que nunca soube que fora monitorada pelo Serviço Nacional de Informações e Polícia Federal. Tampouco tomou conhecimento da investigação do governo Sarney.

Sobre os “testas de ferro” e as aquisições de emissoras de rádio e TV citadas nos documentos, disse que a “afirmação é falsa”.

“O bispo Edir Macedo, ao longo de toda a sua trajetória, já teve sua atuação religiosa questionada em mais de 30 procedimentos investigatórios. Muitos aventaram eventuais práticas de estelionato, charlatanismo e curandeirismo. Em todos esses procedimentos foi reconhecida sua inocência”, afirmou a organização.

Com relação à prisão de Macedo, ele mesmo atribuiu, no livro “Nada a Perder”, a culpa à Igreja Católica.

“A cúria não admitia o surgimento de um povo livre da escravidão religiosa imposta por eles”, escreveu. “Para quem me odiava, bispo Macedo era sinônimo de bandido. Isso é assim até hoje.”