Janot sobre Jucá, Renan e Sarney: “Um grave atentado contra o Estado”

janotMetrópoles – No documento em que pediu a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e de tornozeleira eletrônica para o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), em 23 de maio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o“acordão” para barrar a Operação Lava Jato” é um dos mais graves atentados já vistos contra o funcionamento das instituições brasileiras”.

O pedido de Janot, que tem como base a delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e áudios de conversas entre ele e os cardeais do PMDB, não foi acolhido pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF) em decisão de 14 de junho.

O conteúdo dos diálogos que Machado grampeou deixou perplexo os investigadores mais experientes. Eles denominaram “Pacto Caxias” o acordo dos cardeais do PMDB contra a Lava Jato.

“As conversas gravadas demonstram que eram fundados todos os temores de que uma parcela relevante da classe política estivesse construindo um amplo acordo não só para paralisar a Operação Lava Jato, mas também para impedir outras iniciativas do sistema de justiça criminal estatal, de moldes e resultados semelhantes, com modificação do próprio ordenamento jurídico brasileiro”, sustentou Janot no pedido de prisão do trio peemedebista. “Esse amplo acordo envolveria, inclusive, a seu tempo e modo, o Supremo Tribunal Federal. Trata-se de um dos mais graves atentados já vistos contra o funcionamento das instituições brasileiras.”

Lava Jato
De acordo com Janot o Plano Jucá-Renan-Sarney para barrar a Lava Jato tinha “uma vertente tática e outra estratégica, ambas de execução imediata”. O procurador sustenta que a vertente tática consistia “no manejo de meios espúrios para persuadir o Poder Judiciário” para não desmembrar um inquérito específico da operação Lava Jato e para que Sérgio Machado não se tornasse delator.

A vertente estratégia tinha como objetivo, afirmou Janot, a modificação da ordem jurídica pela via legislativa e por um acordo político com o próprio STF para “subtrair do sistema de justiça criminal instrumentos de atuação que tem sido cruciais e decisivos para o êxito da Operação Lava Lato”.

“Na vertente tática, as conversas gravadas mostram os movimentos iniciais do próprio colaborador, do ex-presidente Jose Sarney e dos senadores Renan Calheiros e Romero Jucá para designar interlocutores com vínculos pessoais de relacionamento com Vossa Excelência para interceder e tentar persuadi-lo, por meio de argumentos extrajurídicos, a não desmembrar o inquérito 4215/DF, em curso no Supremo Tribunal Federal, em que José Sergio de Oliveira Machado figura com o investigado ao lado do Senador Renan Calheiros”, afirmou Janot.

Gravações
O procurador relatou que a na vertente estratégica, “as conversas gravadas expõem a trama clara e articulada dos senadores Renan Calheiros e Romero Jucá e do ex-presidente José Sarney a fim de mutilar o alcance dos institutos da colaboração premiada no processo penal e da leniência administrativa para pessoas jurídicas responsáveis por ato de corrupção, impedir o cumprimento de pena antes do trânsito em julgado definitivo dos processos penais pelos Tribunais Superiores, e, em prazo mais longo, subtrair atribuições do Ministério Público e do próprio Poder Judiciário”.

Para Janot, as duas vertentes tinha uma motivação: “estancar e impedir o quanto antes os avanços da Operação Lava Jato em relação a políticos, especialmente do PMDB, do PSDB e do próprio PT, por meio de um acordo com o Supremo Tribunal Federal e da aprovação de mudanças legislativas”.

Sérgio Machado foi deputado federal pelo PSDB de 1991 a 1995, senador pelo PSDB e pelo PMDB de 1995 a 2001 e candidato derrotado do PMDB ao governo do Ceará em 2002. Após a derrota, aponta Janot, o hoje delator conseguiu de seu grupo político no PMDB, que hoje está no Senado, sustentação para ser nomeado presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras. Sérgio Machado ficou no cargo entre 2003 e 2014.

Em sua delação, o ex-presidente da Transpetro relatou R$ 100 milhões em propinas para a cúpula do PMDB no Senado. A maior fatia do montante teria sido destinada ao presidente do Senado, atualmente alvo de 12 inquéritos da Lava Jato no Supremo. Para Renan teriam sido repassados R$ 32 milhões – quase um terço do total das propinas de Machado.

Em seguida está o senador Edison Lobão (PMDB-MA), que teria recebido R$ 24 milhões. Jucá teria embolsado R$ 21 milhões. Mais velho cacique da sigla, o ex-presidente José Sarney teria ficado com R$ 18,5 milhões. Já o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), segundo o delator, recebeu a menor fatia dos cinco, “apenas R$ 4,2 milhões”.

Janot revela que nomeação de Sarney Filho faz parte do plano para acabar com a Lava Jato

sarneyfilhoO procurador Geral da República, Rodrigo Janot, apontou uma grave acusação contra ex-presidente José Sarney e o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. Segundo Janot, no pedido de prisão encaminhado ao ministro Teori Zavascki, quando ele relata a “solução Michel”, que seria a posse de Michel Temer como presidente da República para “solucionar” a Operação Lava Jato.

Segundo apurou Janot dos áudios gravados entre Sérgio Machado, José Sarney, Romero Jucá e Renan Calheiros, parte da “solução Michel”.

“ROMERO JUCÁ também explicita em uma das suas conversas com Sérgio Machado que na solução via MICHEL TEMER haveria espaço para uma ampla negociação prévia em torno do novo governo, vejamos:

[…]

Pode-se inferir destes áudios que certamente fez parte dessa negociação a nomeação de ROMERO JUCÁ para pasta do Ministério do Planejamento, além da nomeação do filho de JOSÉ SARNEY, para o Ministério do Meio Ambiente, e de Fabiano Silveira, ligado a RENAN CALHEIROS, para o Ministério que substituiu a Controladoria-Geral da União, além dos cargos já mencionados para o PSDB”, afirmou Janot.

Com esta base de apoio político, a organização criminosa (segundo o procurador geral da República), iria aprovar medidas no Congresso Nacional para barrar a Lava Jato. Entre elas, proibir acordos de colaboração premiada com investigados ou réus presos; proibir execução provisória da sentença penal condenatória mesmo após rejeição dos recursos defensivos ordinários, o que redunda em reverter pela via legislativa o recente julgado do STF que consolidou esse entendimento, e a alteração do regramento dos acordos de leniência.

Procurador da República diz que Sarney, Renan e Temer ameaçam a Lava Jato

Coordenador da Força-tarefa da Lava Jato

Deltan Dallgnol é Coordenador da Força-tarefa da Lava Jato

O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, disse ser “possível e até provável” que as investigações do maior escândalo de corrupção do País acabem. “Quem conspira contra ela são pessoas que estão dentre as mais poderosas e influentes da República”, afirmou.

Dallagnol disse que as conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o ex-presidente José Sarney (AP) e o senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (RR), todos da cúpula do PMDB, expuseram uma trama para “acabar com a Lava Jato”. “Esses planos seriam meras especulações se não tivessem sido tratados pelo presidente do Congresso Nacional”, disse o procurador.

Os áudios do delator Sérgio Machado tornados públicos pela imprensa mais uma vez revelam movimentos para tentar interferir nos andamentos da Operação Lava Jato. As investigações correm algum risco?

As investigações aproximaram-se de pessoas com poder econômico ou político acostumadas com a impunidade. É natural que elas reajam. Há evidências de diferentes tipos de contra-ataques do sistema corrupto: destruição de provas, criação de dossiês, agressão moral por meio de notas na imprensa ou de trechos de relatório de CPI, repetição insistente de um discurso que aponta supostos abusos jamais comprovados, tentativas de interferência no Judiciário e, mais recentemente, o oferecimento de propostas legislativas para barrar a investigação, como a MP da leniência (medida provisória que altera as regras para celebração de acordos entre empresas envolvidas em corrupção e o poder público). Tramas para abafar a Lava Jato apareceram inclusive nos áudios que vieram a público recentemente. A Lava Jato só sobreviveu até hoje porque a sociedade é seu escudo.

É possível um governo ou o Congresso pôr fim à Lava Jato?

É, sim, possível e até provável, pois quem conspira contra ela são pessoas que estão dentre as mais poderosas e influentes da República. À medida que as investigações avançam em direção a políticos importantes de diversos partidos, a tendência é de que os que têm culpa no cartório se unam para se proteger. É o que se percebe nos recentes áudios que vieram a público. Neles, os interlocutores dizem que alertaram diversos outros políticos quanto ao perigo do avanço da Lava Jato. É feita também a aposta num “pacto nacional” que, conforme também se extrai dos áudios, tinha como objetivo principal acabar com a Lava Jato. Não podemos compactuar com a generalização de que políticos são ladrões, porque ela pune os honestos pelos erros dos corruptos e desestimula pessoas de bem a entrarem na política. Contamos com a proteção de políticos comprometidos com o interesse público, mas não podemos menosprezar o poder das lideranças que estão sendo investigadas.

Curitiba foi comparada à “Torre de Londres” nas gravações. É justa a comparação?

A comparação é absolutamente infundada. A Torre de Londres foi usada para a prática de tortura. Na tortura, suprime-se o livre arbítrio da vítima e se extrai a verdade por meio de tratamento cruel. Na colaboração, respeita-se o livre arbítrio de quem, quando decide colaborar, recebe um prêmio. Mais de 70% dos colaboradores da Lava Jato jamais foram presos. Nos casos minoritários em que prisões antecederam as colaborações, eram estritamente necessárias e não tiveram por objetivo a colaboração, mas sim proteger a sociedade, que corria risco com a manutenção daquelas pessoas em liberdade.

O que o conteúdo dos áudios demonstra, na sua opinião?

Os áudios revelam um ajuste entre pessoas que ocupam posições-chave no cenário político nacional e, por isso, com condições reais de interferir na Lava Jato. Discutiram concretamente alterar a legislação e buscar reverter o entendimento recente do Supremo que permite prender réu após decisão de segunda instância. Eles chegam a cogitar romper a ordem jurídica com uma nova Constituinte, para a qual certamente apresentariam um bom pretexto, mas cujo objetivo principal e confesso seria diminuir os poderes do Ministério Público e do Judiciário. Esses planos seriam meras especulações se não tivessem sido tratados pelo presidente do Congresso Nacional, com amplos poderes para mandar na pauta do Senado; por um ex-presidente com influência política que dispensa maiores comentários; por um futuro ministro (do Planejamento) e na presença de outro futuro ministro, o da Transparência (Fabiano Silveira, também nomeado pelo presidente em exercício Michel Temer e já fora do governo). Quando a defesa jurídica não é viável, porque os fatos e provas são muito fortes, é comum que os investigados se valham de uma defesa política. Agora, a atuação igualmente firme contra pessoas vinculadas a novos partidos, igualmente relevantes no cenário nacional, reforça mais uma vez que a atuação do Ministério Público é técnica, imparcial e apartidária. Não vemos pessoas ou partidos como inimigos. Nosso inimigo é a corrupção, onde quer que esteja, e, nessa guerra, existe apenas um lado certo, o da honestidade e da justiça.

As informações são do Jornal O Estado de São Paulo.

No pedido de prisão, Janot acusa Sarney, Renan e Jucá de tramarem contra Lava Jato

janotDe acordo com a Folha de S. Paulo, está contido no pedido de prisão de integrantes da cúpula do PMDB, a acusação de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente José Sarney e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) combinaram versões de defesa e estratégias para evitar o avanço das investigações da Operação Lava Jato.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que os três tentavam impedir o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado de colaborar com a Lava Jato com receio de que ele revelasse o envolvimento deles no esquema de corrupção na Petrobras.

Em sua delação premiada, Sérgio Machado disse ter repassado R$ 70 milhões em propina para os três. De acordo com a reportagem, nem todos os áudios em poder da PGR, gravados por Machado com os peemedebistas, foram divulgados. Os pedidos de prisão se baseiam não só nas gravações, mas também em documentos que indicam movimentações financeiras, conforme apuração da Folha.

O procurador-geral apontou indícios de que os peemedebistas tentavam maquiar os desvios na gestão de Machado na subsidiária da Petrobras para dificultar a ação de órgãos de controle.

Renan, Jucá e Sarney negam intenção de tentar interferir nas investigações da Lava Jato e envolvimento em irregularidades na estatal.

Em gravação, Sarney promete ajudar Machado a “se livrar de Moro”

josesarneyA Folha de São Paulo divulgou trechos da gravação de José Sarney em conversa com o ex-presidente da Transpetro e ex-senador Sérgio Machado. O oligarca ajudá-lo a tirar seu caso das as mãos do juiz Sergio Moro “sem meter o advogado no meio”.

“Nós temos é que fazer o nosso negócio e ver como é que está o teu advogado, até onde eles falando com ele em delação premiada”, disse o ex-presidente. Machado, de acordo com a publicação, respondeu que havia indícios de uma delação.

Sarney teria explicado: “mas nós temos é que conseguir isso (o pleito de Machado). Sem meter advogado no meio”.

Machado concordou: “advogado não pode participar disso”, “de jeito nenhum” e que “advogado é perigoso”.

As afirmações de Sarney foram gravadas pelo próprio Machado, que fechou acordo de delação premiada com o STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (24).

Sarney demonstra grande preocupação sobre uma possível delação de Machado.

Segundo a Folha, a estratégia de Sarney para barrar a possível delação não fica clara nas gravações. Em resposta ao jornal, Sarney disse que não podia rebater as gravações, já que não sabe o conteúdo delas. Mas afirmou que conhece o ex-senador e que as conversas que teve com ele durante os últimos anos foram sempre “pelo sentimento de solidariedade”.

O áudio-bomba de Romero Jucá que destrói a República

 

Ministro do Planejamento de Temer, Romero Jucá, revelou exatamente para que serviu o impeachment da presidente Dilma: acabar com a operação Lava Jato. Jucá fala em grande acordo com o Supremo e diz saber que nenhum político tradicional ganharia eleição na atual conjuntura.

romerojuca

Globo – Semanas antes da votação do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff na Câmara, em março, o atual ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB­RR), sugeriu em conversas com o ex­presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma “mudança” no governo resultaria em um pacto
para “estancar a sangria” atribuída à Operação Lava­Jato.

Em entrevista à “Rádio CBN” na manhã desta segunda­feira, após a divulgação do conteúdo das conversas pelo jornal “Folha de S. Paulo”, Jucá disse que não tem intenções de se demitir.

As conversas foram gravadas de forma oculta, somam 1h15min e estão sob poder da Procuradoria­Geral da República (PGR), diz a “Folha de S. Paulo”. O ex­presidente da Transpetro temia que as apurações contra ele na Lava­Jato fossem enviadas do Supremo Tribunal Federal (STF) ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba. “O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. Ele acha que eu sou o caixa de vocês”, afirma Machado a Jucá.

Segundo a “Folha de S. Paulo”, Machado passou a procurar líderes do PMDB. Os diálogos sugerem que, para ele, o envio de seu caso para Curitiba seria uma forma de pressioná­lo a fazer delação premiada.
Machado, então, pediu que fosse montada uma “estrutura” para protegê­lo. “Aí fodeu. Aí fodeu todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu ‘desça’? Se eu ‘descer’…”, afirmou.

Machado disse ainda que novas delações não “deixariam pedra sobre pedra”. Jucá, então, concordou que o caso não poderia ficar com Moro e disse que seria necessária uma resposta política. “Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria”, disse Jucá.

SÉRGIO MACHADO ­ Mas viu, Romero, então eu acho a situação gravíssima.

ROMERO JUCÁ ­ Eu ontem fui muito claro. […] Eu só acho o seguinte: com Dilma não dá, com a situação que está. Não adiantaesse projeto de mandar o Lula para cá ser ministro, para tocar um gabinete, isso termina por jogar no chão a expectativa da economia. Porque se o Lula entrar, ele vai falar para a CUT, para o MST, é só quem ouve ele mais, quem dá algum crédito, o resto ninguém dá mais credito a ele para porra nenhuma. Concorda comigo? O Lula vai reunir ali com os setores empresariais?

MACHADO ­ Agora, ele acordou a militância do PT.

JUCÁ ­ Sim.

MACHADO ­ Aquele pessoal que resistiu acordou e vai dar merda.

JUCÁ ­ Eu acho que…

MACHADO ­ Tem que ter um impeachment.

JUCÁ ­ Tem que ter impeachment. Não tem saída.

MACHADO ­ E quem segurar, segura.

JUCÁ ­ Foi boa a conversa mas vamos ter outras pela frente.

MACHADO ­ Acontece o seguinte, objetivamente falando, com o negócio que o Supremo fez [autorizou prisões logo após decisões de segunda instância], vai todo mundo delatar.

JUCÁ ­ Exatamente, e vai sobrar muito. O Marcelo e a Odebrecht vão fazer.

MACHADO ­ Odebrecht vai fazer.

JUCÁ ­ Seletiva, mas vai fazer.

MACHADO ­ Queiroz [Galvão] não sei se vai fazer ou não. A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado porque eu acho que… O Janot [procurador­geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. […]

JUCÁ ­ Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. […] Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra… Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria. […]

MACHADO ­ Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [Temer]JUCÁ ­ Só o Renan [Calheiros] que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente,
esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.

MACHADO ­ É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.

JUCÁ ­ Com o Supremo, com tudo.

MACHADO ­ Com tudo, aí parava tudo.

JUCÁ ­ É. Delimitava onde está, pronto. […]

MACHADO ­ O Renan [Calheiros] é totalmente ‘voador’. Ele ainda não compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo. Na hora que cassar o Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é
ele. Então quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor pra ele. Ele não compreendeu isso não.

JUCÁ ­ Tem que ser um boi de piranha, pegar um cara, e a gente passar e resolver, chegar do outro lado da margem.
*
MACHADO ­ A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado…

JUCÁ ­ Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com…

MACHADO ­ Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.

JUCÁ ­ Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador].

MACHADO ­ Caiu a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu?

JUCÁ ­ Também. Todo mundo na bandeja para ser comido. […]

MACHADO ­ O primeiro a ser comido vai ser o Aécio.

JUCÁ ­ Todos, porra. E vão pegando e vão…

MACHADO ­ [Sussurrando] O que que a gente fez junto, Romeronaquela eleição, para eleger os deputados, para ele ser presidente da Câmara? [Mudando de assunto] Amigo, eu preciso da sua inteligência.

JUCÁ ­ Não, veja, eu estou a disposição, você sabe disso. Veja a hora que você quer falar.

MACHADO ­ Porque se a gente não tiver saída… Porque não tem muito tempo.

JUCÁ ­ Não, o tempo é emergencial.

MACHADO ­ É emergencial, então preciso ter uma conversa emergencial com vocês.

JUCÁ ­ Vá atrás. Eu acho que a gente não pode juntar todo mundo para conversar, viu? […] Eu acho que você deve procurar o [exsenador do PMDB José] Sarney, deve falar com o Renan, depois que
você falar com os dois, colhe as coisas todas, e aí vamos falar nós dois do que você achou e o que eles ponderaram pra gente conversar.

MACHADO ­ Acha que não pode ter reunião a três?

JUCÁ ­ Não pode. Isso de ficar juntando para combinar coisa que não tem nada a ver. Os caras já enxergam outra coisa que não é… Depois a gente conversa os três sem você.

MACHADO ­ Eu acho o seguinte: se não houver uma solução a curto prazo, o nosso risco é grande.
*
MACHADO ­ É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma…

JUCÁ ­ Não, esquece. Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não.

STF recebe material com menções a Dilma e Lobão

Senador Edson Lobão (PMDB)  Correio Braziliense – O juiz Marcelo Brêtas, responsável na Justiça Federal do Rio pelos processos sobre fraudes e corrupção na estatal Eletronuclear, enviou ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivos com referências à presidente Dilma Rousseff e ao senador e ex-ministro Edison Lobão (PMDB-MA) Ambos têm foro privilegiado, ou seja, só podem ser investigados no STF.

O material sobre Dilma e Lobão faz referência ao esquema investigado na Operação Lava Jato e foi apreendido pela Polícia Federal na casa do ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva. O ex-executivo foi preso suspeito de receber propina desviada de obras da Usina Nuclear Angra 3.

Teori deverá decidir se os documentos podem ou não ensejar a abertura de inquéritos contra a presidente e o senador por envolvimento no esquema da Eletronuclear ou se o material será incluído em procedimentos já abertos e em tramitação na Suprema Corte. Os autos deverão ser remetidos à Procuradoria-Geral da República (PGR), para análise.
Edson Lobão já é alvo de quatro inquéritos da Lava Jato, que apura uma rede de corrupção instalada na Petrobras.

Já Dilma poderá ser investigada por tentativa de obstrução da operação. As suspeitas contra ela têm como base a delação premiada do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) e os grampos autorizados pelo juiz Sérgio Moro para investigar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sarney, Temer e Cunha discutem como parar Lava Jato

sarneycunhatemerPouco tempo depois que o doleiro Alberto Yousseff foi preso em São Luís tentando pagar propina para a cúpula do Palácio dos Leões, na primeira etapa da Operação Lava Jato em 2014, circulou em Brasília a informação de que o então ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, havia negociado o recebimento de R$ 5 milhões em propinas que seriam divididos com a cúpula do PMDB.

Meses depois, quando Ricardo Pessoa, da UTC-Constran foi preso pela Polícia Federal, veio a conformação de que integrantes do alto clero peemedebista haviam achacado o dono da empreiteira, exigindo os R$ 5 milhões. Pessoa confirmou ao Juiz Sérgio Moro que a propina foi paga.

A cúpula peemedebista, que inclui o vice-presidente Michel Temer, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o presidente do Senado Renan Calheiros, além do grupo Sarney, já foi citado dezenas de vezes por delatores da Operação Lava Jato. Apenas Lobão foi citado seis vezes, sob a acusação de ter recebido propina, especialmente nas negociações que envolvem as obras das Usinas de Angra 3 e de Belo Monte. O vice-presidente Michel Temer foi citado pelo menos nove vezes.

Com tantas menções a seus principais líderes, o PMDB discretamente discute estratégias para garantir que a ascensão ao Palácio do Planalto garanta a paralisia definitiva da Lava Jato. Interlocutores do PMDB acreditam que o grande erro do governo Dilma foi permitir que as investigações da PF avançassem.

Enquanto a grande mídia se dedica a narrar a caminhada da presidente Dilma, conduzida ao cadafalso em uma trama liderada pelo peemedebista Eduardo Cunha, Sarney e Temer se dedicam  a encontrar uma forma de barrar em definitivo a república de Curitiba.

Flávio diz que impeachment significará engavetamento da Lava Jato

flaviodinoO governador Flávio Dino (PCdoB) tocou no ponto crucial que este Blog sempre defende: o impeachment da presidente Dilma Rousseff será péssimo para a Operação Lava Jato. Com a queda de Dilma, haverá calmaria, o esfriamento das operações, o total esquecimento da grande imprensa e a impunidade da leva de corruptos de todos os partidos atrelados à investigação.

Flávio declarou no Twitter que “uma das principais metas que alimenta o impeachment: a nomeação de um novo “engavetador” para Procuradoria Geral da República em 2017. Como Inquéritos e Ações Penais da lava jato levarão 5 anos ou mais em tramitação, um novo “engavetador-geral” teria enorme papel. Ou seja, paradoxalmente quem é a favor da Lava Jato deve ser contra o impeachment. Exatamente é o meu caso. Não quero ‘engavetador-geral'”.

Assim, para o governador, a principal função do novo presidente será definir um Procurador Geral que acabe com a sangria da classe política. Garantindo que entre os três nomes mais votados pelos procuradores esteja um com esse perfil para ser o nomeado.

Para os corruptos, é fundamental derrubar logo Dilma, acalmar o grito das ruas e fazer a Lava Jato ser esquecida. Porque é exatamente isso que acontecerá após o impeachment caso ele ocorra.

Lula diz que condução foi show de pirotecnia: “Não vou baixar a cabeça”

G1 – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na tarde desta sexta-feira (4) que se sentiu “prisioneiro” por ter sido levado coercitivamente para prestar depoimento à Polícia Federal. Ele depôs no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo e, em seguida, foi à sede nacional do PT, no Centro da capital paulista, onde fez um pronunciamento.

O presidente afirmou ainda que “acertaram o rabo da jararaca”, mas “não mataram”. E também falou sobre a presidente Dilma Rousseff: “Não permitem que a Dilma governe esse país”.

Lula é alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato, que foi deflagrada nesta sexta. Além do depoimento, foi realizada busca a apreensão em sua casa, na sede do Instituto Lula e outros locais ligados ao petista. Investigadores suspeitam que o ex-presidente tenha recebido vantagens indevidas de empreiteiras suspeitas de desvios na Petrobras.

Depoimento na PF
“Me senti prisioneiro hoje de manhã”, afirmou diante de militantes. “Já passei por muita coisa na minha vida. Não sou homem de guardar mágoa, mas nosso país não pode continuar assim. Nosso país não pode continuar amedrontado.”

Ele disse que “jamais se recusaria a prestar depoimento. Não precisaria ter mandado uma coerção”. “Era só ter convidado. Antes deles, nós já éramos democratas.” “Se o juiz [Sérgio] Moro e o Ministério Público quisessem me ouvir, era só ter me mandado um ofício e eu ia como sempre fui porque não devo e não temo”, declarou.

Lula faz pronunciamento na sede do PT em São Paulo (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)Lula faz pronunciamento na sede do PT em São Paulo (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

‘Cabeça erguida’
O ex-presidente voltou a dizer que é inocente e que está de “cabeça erguida”. “Fiquei indignado com esse processo de suspeição. Se a PF encontrar um real de desvio na minha conduta, eu não mereço ser desse partido”.

Ele afirmou que “não vai baixar a cabeça” e que, a partir da semana que vem, está disposto a discursar pelo país. “O que fizeram com esse ato hoje foi fazer com que, a partir da semana que vem, me convidem, que eu estarei disposto a andar esse país.”

Lula disse que “nem tudo está perdido” e ele e o partido vão “recomeçar”. “O que aconteceu hoje é o que precisava acontecer para o PT levantar a cabeça. […] O que aconteceu hoje, embora tenha me ofendido, me magoado… Eu me senti ultrajado. Se quiseram matar a jararaca, não mataram a jararaca, pois bateram no rabo, não na cabeça. Quero dizer que a jararaca tá viva.”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala durante coletiva de imprensa na sede do Partido dos Trabalhadores (PT) em São Paulo (Foto: André Penner/AP)O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala durante coletiva de imprensa na sede do Partido dos Trabalhadores (PT) em São Paulo (Foto: André Penner/AP)

Críticas à Justiça

Ele criticou parte da Justiça e disse que, por “prepotência e arrogância”, fizeram um show de “pirotecnia” com a deflagração da operação da Lava Jato (veja o vídeo abaixo).

“Enquanto os advogados não sabiam nada, alguns meios de comunicação já sabiam. É lamentável que uma parcela do Poder Judiciário brasileiro esteja trabalhando em associação com a imprensa.” E acrescentou: “Antigamente, você tinha a denúncia de um crime, ia investigar se existia e prender o criminoso. Hoje a primeira coisa que se faz é determinar quem é o criminoso”.

O ex-presidente Lula disse que a democracia precisa de “instituições fortes”. “É importante que os procuradores saibam que uma instituição forte tem que ter profissionais responsáveis.”