Papa vê igualdade de pensamento entre cristãos e comunistas

Para Jorge Bergoglio, os ensinamentos de Cristo se assemelham ao pensamento marxista: sociedade onde os pobres e frágeis decidam

papa

Revista Exame – Roma – O papa Francisco afirmou que “são os comunistas os que pensam como os cristãos”, ao responder sobre se gostaria de uma sociedade de inspiração marxista, em entrevista publicada nesta sexta-feira no jornal italiano “La Repubblica”.

“São os comunistas os que pensam como os cristãos. Cristo falou de uma sociedade onde os pobres, os frágeis e os excluídos sejam os que decidam. Não os demagogos, mas o povo, os pobres, os que têm fé em Deus ou não, mas são eles a quem temos que ajudar a obter a igualdade e a liberdade”, explica Jorge Bergoglio.

Por isso, Francisco espera que os Movimentos Populares entrem na política, “mas não no político, nas lutas de poder, no egoísmo, na demagogia, no dinheiro, mas na política criativa e de grandes visões”.

O pontífice evitou falar do recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e assegurou que dos políticos só lhe interessa “os sofrimentos que sua maneira de proceder podem causar aos pobres e aos excluídos”.

Francisco explicou que sua maior preocupação é o drama dos refugiados e imigrantes, e reiterou que é necessário “acabar com os muros que dividem, tentar aumentar e estender o bem-estar, e para eles é necessário derrubar muros e construir pontes que permitam diminuir as desigualdades e dar mais liberdade e direitos”.

Sobre os supostos “adversários” que tem no seio da Igreja, Francisco assegurou que não os chamaria assim e que “a fé une todos, embora naturalmente cada um veja as coisas de maneira diferente”.

 

Mais uma vez a falácia sobre a religião de Edivaldo cai por terra

edivaldoVira e mexe a mídia ligada ao grupo Sarney tenta induzir a opinião pública a imaginar que a religiosidade do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC), que é evangélico convicto, de alguma forma tenha alguma interferência na forma como o chefe do executivo administra a cidade. A consolidação do Programa “Peixe na Mesa” levando o alimento a um preço mais barato na Semana Santa foi mais um prova do quanto a administração da cidade nada tem relacionada à religião de Edivaldo.

Todos sabem dos problemas que enfrentou o programa do Peixe, alvo inclusive de CPI, e com isto a dificuldade para recolocá-lo em prática. O secretário de Pesca, Agricultura e Abastecimento, Marcelo Coelho, por diversas vezes colocou ao prefeito a dificuldade para elaborar o projeto, os recursos e colocar o programa em funcionamento em tão pouco tempo, mas Edivaldo insistiu que era necessário e junto com Marcelo fez com que o programa fosse colocado em prática para que a população, em sua maioria, católica e adepta da abstinência da carne na Semana Santa, pudesse adquirir o peixe a um preço reduzido no período.

Edivaldo, como em outras oportunidades, demonstrou que embora seja evangélico fervoroso e não faça um pronunciamento sem agradecer a Deus antes, é sobretudo, prefeito que administra a cidade para mais de 1 milhão de habitantes de várias religiões. O demonstrou também no apoio ao carnaval, ao São João e à Via Sacra do Anjo da Guarda.

Nesta terça-feira (15), o “Peixe na Mesa” – coordenado pela Semapa -, está em três locais: no bairro do Coroadinho, ao lado da Fundação Bradesco; no Turu, em frente à antiga Cobal; e no Vinhais, nas proximidades do Posto Brasil. Com exceção do Coroadinho, onde a venda do peixe começa às 9h, o comércio do produto será realizado entre 15h e 19h nos demais bairros. Até quinta-feira (17), o “Peixe na Mesa” deve alcançar outras localidades, como Madre Deus, São Francisco, Cidade Operária, São Raimundo e Itapera.

 

Preços do peixe

Pescada Amarela – R$ 21

Anchova – R$ 10

Uritinga – R$ 9

Palombeta – R$ 8

Corvina Cobra – R$ 12

Jaraqui – R$ 4,50

Campanha evangélica em Imperatriz

Eliziane, Costa Ferreira e Porto vão garantindo voto do nicho evangélico.

Eliziane, Costa Ferreira e Porto vão garantindo voto do nicho evangélico. Foto: Blog da Kelly Lima.

Os pré-candidatos evangélicos Eliziane Gama Gama (PPS), Pastor Porto (PPS) e Costa Ferreira participaram da “reunião anual de planejamento e distribuição de trabalho” no Templo Central da Assembleia de Deus de Imperatriz.

Ele receberam oração de mais de 2 mil lideres religiosos. A cooptação do eleitorado evangélico vai se desenhando pelo menos na cidade tocantina.

Eliziane é pré-candidata a governadora. Porto e Ferreira são pré-candidatos a deputado federal.

Política e messianismo

Carlos Eduardo Lula

 LulaMessias significa o consagrado, aquele que recebeu a unção. Como conceito advindo do Judaísmo, refere-se à profecia da vinda ao mundo de um descendente do Rei Davi que reconstruiria Israel e restauraria o seu reino, trazendo paz e prosperida à Terra. Para o Cristianismo, o Messias, como todos sabem, é Cristo Jesus.

Esse discurso, que aqui iremos chamar de messianismo, deixou o terreno da religião e espraiou-se para outras áreas do conhecimento humano, notadamente a política. Tal crença na capacidade excepcional de certos indivíduos de resolver problemas sociais de forma imediata e irrreversível não deixa de ser, de algum modo, uma modalidade profana de uma crença religiosa.

O Brasil é pródigo em tais exemplos. Para ficarmos apenas no período republicano, já nosso segundo Presidente, Floriano Peixoto assumia o discurso de “salvador da pátria”. Mandava prender, deportar ou executar seus adversários com o argumento de que atropelava a lei para salvar a República e a Constituição. Sergio Buarque de Holanda narra episódio em que, diante do debate entre Ministros para tentar dar aparência de legalidade às medidas autoritárias então tomadas, Floriano teria dito: “Está bem. Fiquem discutindo, que eu vou mandando prender”.

Floriano encarnava a figura do guerreiro forte e austero, o qual, imbuído de bons propósitos, resgataria a pátria de seus mais profundos problemas. Mesmo desprezando a opinião pública, o Presidente Peixoto alcançou ao final da vida enorme popularidade.

No Maranhão, esse pedaço do Brasil em que coisas inacreditáveis acontecem, o messianismo político fincou-se com força, muita força.

Criou-se a lenda de que um “homem bom”, dotado de sapiência e boas intenções, viria para nos salvar, tirando o estado da miséria e levando o Maranhão rumo a uma sociedade livre, justa e solidária. Qualquer semelhança com o discurso de que um dia um Deus Libertador irá salvar a todos não é mera coincidência.

Nas últimas cinco décadas da história de nosso Estado, não foram poucos os Messias apresentados, todos colocados como o caminho, a verdade e a vida, a verdadeira salvação. Tiveram o estado sob suas mãos mas nem por isso deixamos de ostentar um quadro político-econômico-social nada agradável.

Não me cabe aqui saber as razões pelas quais se chegou a esse estado – com o perdão da ambiguidade – de coisas, mas apontar o fato, que me parece claro, de que não podemos esperar um messias, dotado de poderes divinos, a nos guiar, para nos tornarmos um Maranhão desenvolvido. Mesmo porque esse Messias, pelo menos no mundo da política, nunca virá nos salvar.

Em nossa história recente, tal discurso só serviu para sempre espararmos que “alguém faça alguma coisa”, quando, na verdade, necessitamos que cada um se proponha a fazer um pouco mais por nossa terra.

Na campanha que se aproxima, o que menos precisamos é de maniqueísmos bobos e frágeis (novo/velho, bom/mau, puros/impuros), que não se sustentam em qualquer análise menos rasa. A luta por um mundo justo e uma sociedade melhor não fornece a qualquer candidato uma superioridade moral perante os demais. Nenhum movimento, por mais revolucionário que se intitule, pode colocar seus ideais acima dos direitos e garantias individuais.

Todo messianismo, no fim das contas, acredita que a história possui uma direção definida e imutável. Para tal crença, objetivos elevados justificam a utilização de qualquer meio, inclusive a guerra. Se um país fere os Direitos Humanos, por exemplo, abre-se um precedente para invadi-lo sob o pretexto de salvar as vítimas de tal violação. E a modernidade nos deixou de legado que nada mais protege o homem contra ele mesmo que a força do Direito.

A ideia de cidadania, portanto, não  condiz com homens que concebem a si mesmos, como individuos que estão além de qualquer ação do Estado, acima de qualquer normatização, pairando sobre qualquer crítica.

Ninguém, por achar estar bradando a mais bela das bandeiras, torna-se o caminho, a verdade e a vida, nem detentor da verdade, do conhecimento. Essa forma de pensar acaba por transformar a política numa espécie religião, escondendo a inexistência de projetos e planos articulados para o futuro da sociedade.

O desafio da eleição de 2014 é equilibrar o pêndulo entre direito e democracia, entre a lei e a política. O direito a não permitir a tendência totalitária da democracia, a democracia a reduzir a tendência autoritária do direito. Talvez desse modo o discurso messiânico perca um pouco de sua força e tenhamos eleições com debates mais relevantes.

Carlos Eduardo Lula é Consultor Geral Legislativo da Assembleia do Maranhão, Advogado, Presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/MA e Professor Universitário. Publica às terças em O Imparcial e Blog do Clodoaldo Corrêa. 

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