PGE pede que Teresa Murad devolva R$ 6 milhões por obra fantasma

Obras de estradas com convênio de R$ 6 milhões ficaram só no papel

Obras de estradas com convênio de R$ 6 milhões ficaram só no papel

Blog do Garrone – O governo do Maranhão quer a devolução de R$ 6 milhões de reais desviados do Fundo Maranhense de Combate à Pobreza através de um convênio assinado entre o ex-secretário de Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar, do governo Roseana Sarney, Fernando Fialho, e a prefeita de Coroatá, Teresa Murad.

A Procuradoria Geral do Estado entrou com uma Ação Civil Pública (1ª Vara da Fazenda Pública – juiza Luzia Nepomuceno), onde aponta o pagamento de obras de abertura e melhorias de estradas vicinais – objetos do convênio – que não foram executadas.

Vistoria realizada em 2015 no município de Coroatá pela Força Estadual de Transparência e Controle, instituída pelo governador Flávio Dino para fiscalizar obras, detectou que 87% do serviço contratado e pago e não foi realizado.

A PGE ainda inclui na ação para a devolução dos R$ 6 milhões – valor final com as devidas multas –  e outras penalidades por  improbidade administrativa,  mais oito pessoas, entre funcionários públicos estaduais e municipais, e os empresários Renato Ferreira Cestari, Ussula de Jesus Macedo Mesquita e Roberto Ferreira, representantes da Proenge Engenharia e TAC – Transportes e Construções, empresas que receberam por obras que não sairam do papel.

Segundo a acusação, o esquema também serviu para abastecer a campanha eleitoral de Francisco de Sousa Dias Neto, genro da prefeita Teresa Murad, eleito deputado estadual em 2014.

A TAC – Transportes e Construções doou R$ 65 mil para a campanha de Sousa Neto, nove dias após o pagamento de R$ 1,4 milhão feito pela Sedes, e no mesmo dia do repasse de mais R$ 60 mil para completar o valor de um aditivo celebrado e pago ilegalmente.

“Embora se trate de doação contabilizada perante a Justiça Eleitoral e ainda que eventualmente dentro dos limites legais de doação, está-se diante de verbas com origem ilícita, já que, conforme demonstrado, a maior parte dos valores pagos foi indevida, caracterizando atos de improbidade e crimes contra a Administração Pública”, diz a ação assinada pelo procurador Rodrigo Maia.

A PGE também solicitou a concessão de liminar que decrete a indisponibilidade de bens dos acusados diante dos “gravíssimos atos de improbidade administrativa, causadores de prejuízo ao erário, sustentados em provas inequívocas, pois produzidas e subscritas pelos próprios Réus”.

A “Placa de obra” na prestação de contas de Coroatá

placacoroata

Esta foto está na prestação de contas da prefeitura de Coroatá. É referente á prestação quanto a convênio celebrado entre a prefeitura administrada por Teresa Murad e a secretaria estadual de Desenvolvimento Social para estradas vicinais.

Visivelmente uma montagem grosseira, a inclinação da placa não se alinha ao escrito, parecendo uma colagem feita por criança do Ensino Fundamental. A imagem está sendo periciada pelo Instituto de Criminalística – Icrim. O convênio teve repasse feito ao município de Coroatá em período vedado pela Legislação Eleitoral.

A Sedes liberou de uma vez só R$1,4 milhão, dia 18 de setembro de 2014, às vésperas das eleições de 2014. O dono da empresa beneficiada com o contrato doou R$ 65 mil à campanha do deputado estadual Sousa Neto, genro da prefeita Teresa Murad.

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Prefeita Teresa Murad comemora convênios com o marido e secretário Ricardo Murad

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A prefeita de Coroatá, Teresa Murad, e o ex-secretário de Desenvolvimento Social, Fernando Fialho, poderão responder por improbidade administrativa e ter que devolver recursos aos cofres do estado. Recursos de convênios celebrados com a secretaria de estado de Desenvolvimento Social foram repassados à administração coroataense, durante o período vedado pela Legislação Eleitoral – a menos de três meses antes da eleição de 2014.

A Sedes liberou de uma vez só R$1,4 milhão, dia 18 de setembro de 2014, às vésperas das eleições para a prefeitura de Coroatá. O valor equivale a três parcelas do convênio, para estradas vicinais, pagas de uma só vez.

convenioO convênio assinado no início de 2013, no valor de R$ 700 mil, foi aditivado em dezembro do mesmo ano. Na publicação do aditivo (imagem ao lado), não foi revelado o valor, que passou para R$ 2,3 milhões. A não publicação do valor aparentemente teria o objetivo de não revelar a outros prefeitos o favorecimento os Muras, já que estes pressionariam o governo.

O que diz a Lei?

A Lei 9.504/97 – Lei das Eleições – proíbe a transferência de recursos públicos proíbe a transferência voluntária dos estados aos municípios. Ou seja, só pode realizar as transferências constitucionais e não de convênios.

A exceção são recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública.

Ainda que a prefeitura alegue que as obras já estivessem em andamento (o que é difícil) , o cronograma foi completamente deformado. Passaram meses sem repassar nenhum recurso e se transferiu três parcelas em um único dia, justamente há duas semanas das eleições.

Auditoria e Photoshop

O titular do blog procurou o o secretário de Transparência, Rodrigo Lago, que não confirmou a auditoria sobre o convênio. Mas fonte do blog garantiu que existe, além de uma auditoria, chama atenção uma das páginas do processo de prestação de contas do convênio, onde constaria uma grosseira montagem em photoshop da placa da obra.

Secretaria de Desenvolvimento Social continua sem transparência

Fernando Fialho prometeu na Assembleia que resolveria problema da transparência. Até hoje não cumpriu.

Fernando Fialho prometeu na Assembleia que resolveria problema da transparência. Até hoje não cumpriu.

No ano passado, a secretaria estadual de Desenvolvimento Social foi alvo de graves denúncias relacionadas À convênios fantasmas entre a secretaria e entidades que até hoje ninguém ouviu falar que existem. Durante audiência na Assembleia Legislativa, o secretário Fernando Fialho prometeu colocar no Portal da Transparência do governo os convênios realizados pela secretaria, que não estavam sendo divulgados como exige a Lei.

Foram 105 convênios feitos pela secretaria e simplesmente omitidos pela pasta no Portal da Transparência do governo do estado. Quase um ano depois, a Sedes ainda não divulga os convênios que continua fazendo com municípios e entidades.

Nem na aba sobre os gastos diretos, a secretaria trata apenas de seus gastos de custeio e na aba sobre transferência municípios, a secretaria de Desenvolvimento não consta entre as que celebraram convênio nem em 2013 nem em 2014.

Até hoje não foi explicado como a secretaria fez repasses milionários à entidade “Vera Macieira”, que nunca foi encontrada.

Sedes ainda não está na relação das secretarias com convênios no Portal da Transparência

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