Principal articulador de uma matéria televisiva que ficou conhecida nacionalmente, em razão de a entrevistada possuir transtornos mentais e relatar que trabalhou em novelas, o repórter Jonathan Sobreiro é alvo de Denúncia criminal oferecida, em 30 de agosto, pela promotora de justiça Alline Matos Pires, da Comarca de Imperatriz. A entrevista foi ao ar, no programa Difusora Repórter, nos dias 16 e 17 de agosto e foi difundida posteriormente em diversas páginas da internet.
Na matéria, o jornalista entrevista uma mulher que afirma ser atriz, não querendo mais trabalhar em novelas do SBT e da Rede Globo. A vítima passava próximo ao plantão central da Polícia Civil quando foi entrevistada. “Fui pedir ajuda e o repórter brincou comigo”, disse a vítima em depoimento no Ministério Público do Maranhão (MPMA).
A promotora de justiça afirma que a mulher possui distúrbios mentais e não poderia ter sido colocada nesta situação constrangedora. “Trata-se de uma lamentável atuação de um profissional da imprensa, que se utilizando da condição de pessoa com transtornos psíquicos, em evidente processo delirante, grava entrevista, divulgando-a em seguida, amplamente, fazendo-a alvo de chacota e zombaria”.
Para Alline Matos Pires, o denunciado ofendeu a dignidade e honra da vítima, que durante a entrevista chegou a revelar ser paciente do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Imperatriz. “A atitude do repórter, por todo o contexto, apresenta claro caráter discriminatório, chegando inclusive a estimular o processo delirante, notadamente ao fazer perguntas relativas a uma situação sabidamente ilusória”, completou.
O MPMA pede a condenação do réu pelos crimes previstos nos artigos 140 e141, do Código Penal, que tratam de injúria preconceituosa. Foi, ainda, solicitada a instauração de inquérito na Delegacia de Polícia para identificar outras pessoas responsáveis pela divulgação do vídeo.
A irmã da entrevistada foi quem denunciou o caso à 4ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência, por meio de Representação, depois da repercussão negativa para a imagem da vítima, que foi exposta ao ridículo. A entrevistada relatou, inclusive, que tem sido alvo de comentários maldosos e piadas nas ruas da cidade.
“Essa é uma causa importante, que bem simboliza a forma discriminatória e humilhante com que as pessoas com transtorno psíquico ainda são tratadas em nosso país”, ressaltou Alline Matos Pires.
Recentemente a Defensoria Pública local, por meio do defensor Fábio Carvalho, propôs Ação Civil contra o jornalista, a TV Difusora e a Google do Brasil, visando reparação por danos morais e a imediata retirada de circulação do vídeo.
As informações são do MP.