É enorme a capacidade da mídia sarneysista e seus asseclas em conceber o mundo a partir dos seus próprios interesses.
Dizem agora que Flávio Dino fugiu da entrevista da Rádio Mirante AM por medo de enfrentar os jornalistas do sistema com suas perguntas que extrapolam as propostas de governo, e chegam mesmo a citar como exemplo as entrevistas do Jornal Nacional, onde William Bonner e Patrícia Poeta colocaram os candidatos contra a parede.
Na série de entrevistas promovida pela Rádio Mirante AM com os candidatos ao governo do Maranhão, o que se ouviu foi ataques deliberados contra o candidato das oposições, e todos induzidos por perguntas (veja abaixo algumas delas) preparadas para tal.
A sabatina que serviria para orientar o eleitor sobre as propostas de cada candidato se transformou em campanha aberta contra Flávio Dino para beneficiar o candidato do grupo Sarney, Edinho Lobão.
Quando entrevistaram Saulo Arcangeli (PSTU), por exemplo, e quiseram saber qual o modelo de educação para o estado, a pergunta veio já afirmando que a Educação em São Luís, cujo o secretário é do PC do B, é um desastre.
Não é o caso de concordar ou não com a avaliação do jornalista. Mas o que isso tem a ver com a proposta do candidato para a Educação no estado ?
A eleição é para governador e não para prefeito. O certo seria perguntar sobre o modelo educacional do governo Roseana, que até hoje não entregou o antigo colégio Maristas.
Aliás, todas as questões deveriam ser remetidas ao governo Roseana, que é o único comparativo para as propostas apresentadas por cada candidato, e assim se saiba o que eles pensam da atual administração e digam o que precisa ou não mudar.
Mas como a família da governadora é dona da emissora, e a intenção era provocar ataques a Dino, que o fizessem a partir do seu programa de governo e não dos problemas enfrentados pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior.
Para completar a entrevista com Edinho Lobão foi uma excelente peça de campanha. Até mais parecia uma entrevista com assessores para passar no programa eleitoral gratuito, que começa esta semana.
Se durante a sabatina de Lobinho tivessem exercido o mesmo ” jornalismo” que pretendiam com Flávio Dino, aí não haveria o que reclamar.
Mas não. Em momento algum questionaram, por exemplo, o que ele pensa sobre as denúncias veiculadas pelo Jornal Nacional que recaem sobre a governadora Roseana Sarney, acusada de receber propina para pagar os precatórios da Constran; ou se eleito ele iria cobrar dos prefeitos as obras, objetos dos convênios milionários assinados pelo atual governo.
E isto no âmbito do interesse público, porque também poderiam partir para os problemas judiciais que enfrentou, a doméstica laranja, a pirataria com o sinal da Tv Difusora, etc.
Até mesmo quando o Lobinho respondeu sobre a renda per capita do Maranhão, uma das piores do País, e que de forma rasteira disse que o problema no estado é o tamanho da população, que se a população fosse menor do que a do Piauí, estaríamos em melhor situação. Todos aceitaram e ficou por isso mesmo.
Enquanto se sabe – e aí a sua resposta é reveladora – que o problema não é o tamanho da população, mas a prática política do grupo Sarney que beneficia poucos em detrimento da maioria. O que falta é uma política séria de geração de renda, de distribuição de riqueza, etc.
Sarney e sua trupe ao dizer que o Maranhão cresceu e é hoje um estado rico, diz a verdade.
Afinal, a turma ganhou muito dinheiro durante esses 50 anos, resultado de uma política voltada para os interesses econômicos excludentes, que no máximo rende um salário mínimo ao trabalhador maranhense, que carece de qualificação adequada.
No caso de Zé Luís Lago, que se diz herdeiro político de Jackson Lago, poderiam perguntar sobre as desavenças com o irmão ou porque ele não participou do governo Jackson, etc.
Já com os candidatos do PSOL e PSTU, deveriam esclarecer questões programáticas.
O PSTU, por exemplo, tem por regra – pelo menos até eleger um representante – que ao assumir um mandato, todos devem continuar recebendo o que recebiam antes. Quem ganha no seu exercício profissional mil reais e se elege governador com salário entre R$ 20,6 mil e R$ 21,8 mil, ficará apenas com o mesmo rendimento de antes e a diferença será entregue para o partido.
O interessante é que os candidatos do PSOL e PSTU também fizeram duras críticas ao grupo Sarney e a Edinho, mas as matérias sobre a sabatina publicadas em O Estado do Maranhão, ressaltaram apenas os ataques induzidos a Flávio Dino.
Veja abaixo algumas das perguntas dos jornalistas da Mirante, e perceba o claro intuito de atacar o candidato do PC do B, como se isso fosse uma proposta de governo.
Dino fez certo ao não participar da sabatina, que estava marcada para este sábado, já que o seu interesse é discutir os problemas do estado e o seu programa de governo.
E não servir de banquete em uma sabatina que se transformou em uma verdadeira alcatéia…
Leia algumas das perguntas feitas pelos jornalistas da Mirante
ENTREVISTADO: LOBÃO FILHO
Roberto Fernandes: E agora aproveitando o tempo, o senhor colocou aqui que é a questão das redes sociais. O papel que ela desempenha hoje, e a gente percebe uma … – Lobão Filho: um acirramento. Um acirramento aí –Gilberto Léda: Em baixo nível mesmo. A gente percebe que seu adversário tem procurado, acima de tudo, feito a opção por discurso para desconstruir a sua imagem. Como reagiria a isso?
Mário Carvalho: Bom candidato, é você já fez aí algumas explanações, colocando até a questão do baixo nível de campanha. Tudo aquilo que vem sendo colocado pelos adversários contra a sua candidatura que até em um primeiro momento diziam que não seria o candidato. E você chega aí, pelo menos a última pesquisa que foi divulgada pelo jornal O Imparcial você chega já nas casas dos 30% e começa a preocupar. 31%. Então isso mostra que o eleitorado tem assimilado nesses setenta dias a sua mensagem e isso a tendência é buscar é buscar ainda mais esse eleitorado que ainda não conhece Lobão Filho?
Jorge Aragão: Eu só queria fazer um adendo nessa questão de saúde, porque o seu adversário coloca que tem que vender a casa de veraneio do Governo do estado para poder construir um hospital do câncer. Seria necessário isso?
Jorge Aragão: Candidato, eu gostaria que a gente voltasse a debater aí, até a questão até nível nacional. Tem muita confusão e muita gente ainda não entende. Afinal de contas, a Dilma, a presidenta Dilma Rousseff que tem tido aqui no estado do Maranhão, as pesquisas tem apontado isso, tanto ela quanto Lula uma votação extraordinária, apoia o Lobão Filho, ou existe a possibilidade de apoiar uma outra candidatura aqui no e no estado? Por que o seu adversário, o candidato do PC do B, Flávio Dino, diz que também teria o apoio da Dilma e que apoia a Dilma aqui, mesmo estando com Aécio e com Eduardo Campos?
ENTREVISTA COM ZÉ LUIS LAGO
Gilberto Léda : Candidato, sabidamente que fazia esse discurso em 2010 era o ex-governador Zé Reinaldo , que na época era candidato a senador e o candidato a governador Flávio Dino que agora em 2014 é novamente candidato ao governo do estado. O senhor acha que tem relação com isso, com esse episódio de 2010 o fato de que um candidato dessa coligação a quem pertencem Zé Reinaldo e Flávio Dino terem impugnado a sua candidatura esse ano?
Mário Carvalho: Bom dia. O senhor tem se colocado aí, como o candidato, é o verdadeiro candidato da oposição. Colocando que os demais candidatos da oposição aí, são falsos oposicionistas do Maranhão. Como é que o candidato Zé Luís Lago é com um partido, vamos dizer emergente, pretende buscar essa parcela da oposição que não comunga com algumas questões que estão sendo colocadas aí por esses falsos oposicionistas?
Mario Carvalho: Oh! Candidato eu queria voltar, acho que foi o Jorge que levante essa questão da política de alianças, né de candidaturas. E nós temos aí uma determinada candidatura que se auto-intitula praticamente fazendo alianças com todo mundo, com o PSDB, é fazendo aliança com o PT é e fazendo aliança aí com o candidato do PPS à presidência, presidente do PSB à presidente da república. No seu entendimento, é já que o senhor se coloca aí como candidato da oposição, essa mistura toda, essa embolada toda não é uma tentativa de jogar o eleitor aí deixar ele meio atônito sem saber o que realmente tá acontecendo. No seu entendimento, isso é válido pra se chegar ao resultado final?
ENTREVISTADO: SAULO ARCANGELI
Gilberto Léda: Candidato, há pouco o senhor falou sobre o fisiologismo exacerbado das alianças, aí eu me lembrei rapidamente de um artigo que o professor Ed Wilson publicou há uns dois meses em que em ele analisava, ele citava um pouco dessas alianças do Flávio, ele é um dos entusiastas do Flávio Dino e ele dizia, ele dizia o seguinte, que no governo do Flávio Dino, se ele for eleito, os iguais serão tratados com desigualdade para que haja justiça. Nem todos os corruptos que ajudarem na vitória serão beneficiados com os privilégios do governo. Aqui são dois pontos: primeiro ele já admite uma vitória e segundo admite que há corruptos ajudando na campanha do Flávio Dino. O senhor acredita nessa tese de que um candidato se alia a corruptos para ganhar, mas na hora de governar ele vai deixar essa turma do lado de fora do governo?
André Martins: Bom Saulo, eu queria tratar do assunto Educação, saber qual o modelo de educação do PSTU pro estado e essa avaliação, se fala muito de mudança, com relação a essa eleição, o mote maior é mudança. Aqui na capital maranhense a gente tem visto como modelo que o PCdoB tem comandado na Educação foi um desastre, ta sendo um desastre, uma greve de professores há 86 dias, professores acorrentados na Prefeitura e parece que pode ser o modelo até pro estado que estão querendo implementar. Pro PSTU qual a mudança no sentido desse modelo de educação?