Nesta terça-feira (26), o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA) tinha preparado um discurso para falar sobre o Maranhão durante o grande expediente da Câmara dos Deputados, em Brasília. O parlamentar, no entanto, decidiu alterar parte do seu pronunciamento para criticar a ordem dada ontem (25) pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), para que os quartéis comemorem o dia 31 de março de 1964, data que marcou o início da ditadura militar no Brasil.

“É lamentável que Jair Bolsonaro conclame o país a celebrar aquele dia triste da história brasileira, em que se rasgou a Constituição, em que se fechou este Parlamento, em que se instituiu o arbítrio, o terrorismo de Estado e que lançou sobre o Brasil uma longa e triste noite”, disse Jerry.

Para o deputado, o Brasil precisa refletir sobre o posicionamento de Bolsonaro, “para que o Brasil não faça do próximo dia 31 o momento de revirar feridas”.

“Não é cabível, não é aceitável que um Presidente da República faça uma conclamação tão estapafúrdia, tão acintosa à democracia e tão agressiva à memória daqueles que padeceram sob a ditadura”, completou

Postura incompatível

Em nota pública emitida nesta terça-feira, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, órgão vinculado ao Ministério Público Federal (MPF), também reagiu a fala do presidente. Para a Procuradoria, “é incompatível com o Estado Democrático de Direito festejar um golpe de Estado e um regime que adotou políticas de violações sistemáticas aos direitos humanos e cometeu crimes internacionais”.