Ferrys à véspera da eleição; Maranhão experimenta VLT que São Luís conheceu

Carlos Brandão, que foi parceiro de PSDB de João Castelo por muitos anos, reedita estratégia VLT com ferry à véspera da eleição

A eleição para prefeito de São Luís em 2012 foi marcada por uma das mais grotescas tentativas de estelionato eleitoral já vistas na capital: o caso VLT (Veículo Leves sobre Trilhos). Algum gênio da campanha do então prefeito e candidato à reeleição João Castelo (falecido em 2016) resolveu trazer dois vagões de VLT e expor no terminal de Integração da Praia Grande para dizer que a capital teria um veículo de transporte moderno. Foi feita uma linha férrea do terminal até o Mercado do Peixe (um trecho de 800 metros). Aliás, o veículo fez uma única viagem nesse trajeto para um grupo de convidados. Alguns disseram até que estavam se sentindo na Europa.

A estratégia malfadada é um case de como as soluções milagrosas em véspera de eleição não são mais engolidas facilmente pelo eleitor como poderia ocorrer há algumas décadas. Castelo foi o único prefeito no mandato na  história de São Luís que não conseguiu se reeleger.

Nesta eleição, o gênio da campanha do governador e candidato à reeleição, Carlos Brandão, trouxe o primeiro “VLT” na pré-campanha para abafar as críticas com relação ao sistema de transporte aquaviário para a baixada maranhense: o ferry José Humberto. Foi um tiro no pé que quase resultou numa tragédia após tantos problemas de estrutura e segurança apresentados pelo ferry que nunca havia navegado em mar. Ele foi trazido das calmas águas do rio Amazonas no estado do Pará.

Agora, o governo traz mais uma solução milagrosa a praticamente um mês da eleição: os ferrys São Gabriel, da empresa Henvil e o Cidade de Araioses, que foi tomado da empresa ServiPorto e estava parado há mais de 7 anos.

O São Gabriel também vem do Pará e também só navegou em rios. Mas é maior do que o Zé Humberto e ainda é preciso esperar um pouco para ver como ele se comporta na traiçoeira Baía de São Marcos.

O empresa Henvil teve a autorização para colocar o São Gabriel para operar por uma autorização precária de uma portaria da MOB assinada dia 19 de agosto. A informação que temos é somente o que foi publicado no Diário Oficial da portaria autorizando, sem o contrato que estabelece as obrigações e responsabilidades da empresa, os horários de viagem, a garantia jurídica que vai manter o ferry em operação, etc. Afinal, para o maranhense saber que não é vítima de mais um estelionato eleitoral, é preciso de algum documento que dê segurança ao usuário de que, após o período eleitoral, o ferry não seja retirado de circulação.

Aliás, se o governo pode agora, a 30 dias da eleição, autorizar uma empresa a operar em autorização precária até que faça a licitação, por que deixou o maranhense sofrer sete anos e meio sem o transporte aquaviário, uma vez que ele poderia simplesmente der dado as condições a título precário para uma empresa fazer a travessia até a licitação?

Isso levanta ainda mais suspeitas sobre a malfadada intervenção realizada na ServiPorto e quais as suas reais intenções. Mas a Polícia Federal e o Ministério Público Federal estão investigando.

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