A tragédia da educação terceirizada em São Luís

Os funcionários terceirizados da Secretaria Municipal de Educação de São Luís (Semed), também conhecidos como cooperativados decretaram estado de greve por tempo indeterminado. Eles alegam que estão sem receber salários há cinco meses. Mas a pergunta é: será que desta vez eles irão realmente parar e encarar seus problemas? Acredito que não.

O problema dos funcionários cooperativados da Secretaria Municipal de Educação é antigo. Não estou defendendo a prefeitura de São Luís, mas critico todas as todas as administrações dos últimos 15 anos e os próprios funcionários. E em todas elas a temática era a mesma: a prefeitura coloca a culpa na Multicooper e esta devolve a culpa para a prefeitura e os dois vão levando com a barriga.

O pior de tudo é que sempre existiu um pacto de não agressão mútua. É um tal de “finge que trabalha e eu finjo que pago”.

Os funcionários da Multicooper sempre ficam dois, três, quatro, cinco meses sem receber salários oficialmente e fica por isso mesmo. Alguns timidamente ligam para as redações dos jornais com a voz baixa e dizem que querem reclamar pelo fato de não estão recebendo salários. Quando foi coordenador de reportagem sempre recebia ligações de funcionários da Multicooper, mas quando se pede a eles que mostrem a cara e exijam seus direitos, saem de cena.

Muitos pensam “coitadinhos, não têm como sustentar as famílias, temos que ajudá-los”. Mas será que eles mesmos estão tendo pena de suas famílias? A sede pelo serviço público no Brasil é tão grande, que estas pessoas não querem nem pensar em sair da sombra e água fresca. E o pacto segue: “eu finjo que trabalho e vocês fingem que me pagam”. Os funcionários da cooperativa nunca têm faltas enviadas à Multicooper. Mas ainda assim, são os que mais faltam, pois os chefes imediatos sempre passam a mão na cabeça pelo fato de não estarem recebendo dinheiro.

Ora bolas, se você não está recebendo, qual o motivo de dar continuidade? Será que não seria um trabalhador muito mais produtivo na esfera privada? Por que não procurar emprego e sustenta sua família com dignidade? A resposta para isto é o total comodismo.

Os funcionários não recebem salários oficialmente há cinco meses, mas quando a coisa aperta, eles podem vão à Multicooper pegam um “vale” de R$ 100, de R$ 200 e assim vão levando. Continuam no comodismo.

Quanto à prefeitura, deve mesmo tomar uma atitude com relação aos cooperativados, mas é realizando um novo concurso público. Principalmente porque a educação é a base de uma melhoria da sociedade. Se a Secretaria de Educação é tratada desta forma, com funcionários terceirizados que não recebem e não trabalham, como podemos esperar que a formação das nossas crianças seja de qualidade?

A educação é concebida por um mecanismo complexo que exige o funcionamento perfeito de todas as peças das engrenagens. Se as crianças estudam em ambiente sujo porque as funcionárias da limpeza não foram trabalhar (pois não estavam recebendo salários) sua aprendizagem já estará comprometida. Se a Secretaria da escola não entrega documentos a tempo, atrasa a vida escolar do aluno. Se não tem funcionários para preparar uma ambiente para uma aula diferenciada, mais um prejuízo.

Desculpem, sei que serei criticado por isso, mas para mim serviço público é para ser ocupado por servidor público CONCURSADO. Para mim, nesta pendenga, as três partes estão erradas!