A estratégia não é nova. O senador José Sarney (PMDB-AP), que há 50 anos trouxe para o Maranhão os índices que hoje envergonham o Estado, tem a perfeita noção do quanto sua imagem é ruim. E justamente por isto,como para o grupo Sarney a única regra para se manter no poder é não ter regras, o senador tem a coragem de colocar sua própria imagem desgastada à disposição para desgastar um adversário.
O senador disse em entrevista à TV Guará que o candidato a governador pela oposição, Flávio Dino (PCdoB) o agradeceu porque Sarney teria supostamente dado seu aval para que a presidente Dilma Rousseff (PT) nomeasse o comunista na Embratur.
Vários veículos da imprensa nacional publicaram na época a derrota de Sarney com a nomeação de Flávio Dino na Embratur (confira aqui e aqui, por exemplo). Jornalistas que acompanham a movimentação política de Brasília cravaram que Sarney agiu meticulosamente para vetar Dino na Embratur, mas perdeu.
A declaração de Sarney à TV Guará remete à estratégia utilizada em 2008, quando Dino foi candidato a prefeito de São Luís. Sem nada que pudesse abonar a conduta de comunista, o candidato João Castelo (PSDB) apostou tudo em dizer que Flávio Dino era aliado de Sarney. Claro que com a péssima imagem de Sarney para o Maranhão e, em especial para São Luís, o plano deu certo e Flávio perdeu a eleição.
O único fato colocado como “prova” era uma declaração do então candidato a prefeito Raimundo Cutrim, que citou uma “reunião” de Flávio na casa de Roseana nunca comprovada. O jornalista Itevaldo Júnior escreveu um ótimo texto sobre apuração jornalística onde cita o fato. Recomendo a leitura de Jornalismo de fontes invisíveis ou de invencionices….
Mais uma vez o que existe é somente uma fala: a do próprio Sarney, que diz ter recebido a visita de Flávio para agradecer o não veto. “…E eu tinha poder de veto se quisesse”, disse Sarney, como se fosse a maior autoridade do governo federal.
O que existe é uma afirmação de um lado uma negação do outro. Flávio sempre negou a relação com Sarney. É uma palavra contra a outra sem prova que corrobore o fato para ser cravado jornalisticamente.
Sarney disse o que convinha ao seu grupo: estragar a candidatura de um adversário à atrelando à sua imagem. É o que ele diz e sem a devida apuração e provas não passa disso.