O presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB), em entrevista a O Globo, falou sobre a polêmica questão da aliança com o PT e a composição de seu palanque, garantindo que dará palanque a Eduardo Campos (PSB), até porque seu candidato a senador é do PSB.
Dino disse que a questão do PT está sendo tratada pela direção nacional do PCdoB. Ele lembra que mesmo que não tenha o apoio oficial do PT, a militância do partido estará em sua campanha.
Confira a entrevista:
O GLOBO – O PT fechou apoio, mais uma vez, ao candidato da família Sarney no Maranhão. Desta vez o senhor tinha expectativa diferente?
FLÁVIO DINO – Há uma batalha de versões, a do (presidente interino do PMDB, Valdir) Raupp e a do Rui Falcão. O presidente do PT disse que não há nada fechado. Uma coisa é a vontade do PMDB, outra é a realidade. Esse processo demanda uma série de questões anteriores. Quando acabará o PED (Processo de Eleições Diretas) do PT do Maranhão? Quem ganhará (a presidência do diretório regional do PT)? Isso influencia na distribuição dos delegados (na convenção) e na proporcionalidade do diretório, que afinal é quem decide. Isso vai até junho do ano que vem.
Em 2010, o PT fez uma intervenção nacional no diretório do Maranhão. Então, o resultado do PED não conta muito…
Não creio que, se nós ganharmos no (diretório do PT no) Maranhão, vá ter nova intervenção. Isso seria um absurdo tão grande que eu não consigo acreditar que um raio caia duas vezes no mesmo lugar. Ainda tenho expectativa de que a gente vá ganhar o apoio do PT do Maranhão, como ganhamos em 2010, e que esse resultado vai ser respeitado pelo PT nacional. É uma brutal incoerência um partido que se autodenomina dos trabalhadores ser o principal sustentáculo da última oligarquia do Brasil.
O candidato ao Senado de sua chapa é do PSB. Isso quer dizer que vai ter lugar no seu palanque para o Eduardo Campos?
Claro. O nosso modelo é o que eu chamo de solução acriana. Em 1998, para derrotar a turma da motosserra, do crime organizado no Acre, todas as forças se juntaram em torno do (candidato do PT) Jorge Viana, inclusive o PSDB. Havia uma questão regional mais forte, que é o caso do Maranhão, evitar os 50 anos do Sarney (no comando do estado). A gente busca um palanque amplo.
O ex-presidente Lula ou alguém do PT nacional chegou a fazer um apelo para que o senhor não ceda o palanque para o Eduardo Campos?
Não, a conversa com o PT é conduzida pela direção nacional do PCdoB. O que o PCdoB tem colocado é que queremos o apoio do PT. Se não tivermos, é claro que isso tem consequências. Estamos esperando a reciprocidade do PT.
Se o senhor fechar apoio ao PT, seu palanque não terá mais espaço para o Eduardo Campos?
Claro que tem espaço para Eduardo Campos. O PSB vai estar na nossa coligação, vai ter o candidato a senador na nossa chapa.
Independentemente do que acontecer, parcela do PT do Maranhão vai fazer campanha para o senhor.
A parcela majoritária, inclusive, a base real do PT. E não poderia ser diferente. Essa questão no Maranhão é muito forte, não existe meio termo. Não existe o morno: é quente ou frio. Historicamente o PT do Maranhão é uma força antioligárquica. Essa virada do PT a favor de Sarney é muito recente. A questão no Maranhão não é só política, é meio sociológica.
Quando o senhor vai deixar a presidência da Embratur?
Em janeiro. Eu poderia ficar até junho, porque o prazo legal para autarquias é de quatro meses (antes da eleição).
Se o PT apoiar o PMDB, e o senhor estiver junto com o Eduardo Campos, fica desconfortável para o senhor permanecer no governo?
Minha situação é absolutamente confortável. Estou aqui no espaço que compete ao PCdoB, que apoiou Lula e Dilma sempre. Não estou aqui em nome próprio. E não estou aqui indicado pela presidente Dilma, apenas. Estou aqui em uma cota partidária, conseguida nas urnas. Eu informei a presidente, há cerca de duas ou três semanas, que sairei em janeiro.
Parece que a presidente Dilma não gostou nada de uma foto do senhor com o Eduardo Campos…
Mas eu tenho uma com ela também, lindinha, bem agarradinho com ela (rindo).