Do Valor Econômico
Um novo delator da Operação LavaJato afirmou que o senador Edison Lobão (PMDBMA) e o PMDB foram destinatários de propinas em contratos para as obras das usinas de Belo Monte e Angra 3. Tratase do exdiretor da área de Energia da Camargo Corrêa, Luiz Carlos Martins. A colaboração premiada prestada por ele na ProcuradoriaGeral da República (PGR) já foi concluída e aguarda homologação do Supremo Tribunal Federal (STF), apurou o Valor PRO, serviço em tempo real do Valor.
Com o relato de Martins, passam a cinco o número de investigados na Operação LavaJato que apontam o pagamento de supostas propinas a Lobão em contratos da Petrobras e do setor elétrico/nuclear: Ricardo Pessoa, controlador da UTC que fez delação na PGR e que também mencionou outros parlamentares do PMDB; Flávio David Barra, presidente global da AG Energia, do grupo Andrade Gutierrez (preso em 28 de julho durante a 16ª fase da LavaJato, a “Radioatividade”); Paulo Roberto Costa, exdiretor de Abastecimento da Petrobras e delator; e ainda o doleiro e personagem central da investigação, Alberto Youssef.
Lobão é um dos políticos com mandato federal com inquérito aberto pelo procurador geral Rodrigo Janot no STF. Caberá a Janot avaliar se as provas coletadas em Curitiba podem ou não embasar uma denúncia formal contra o senador.
Martins procurou os investigadores da LavaJato no final de junho, depois que seu nome foi envolvido no caso por declarações do expresidente da Camargo Corrêa. Martins disse que alguns de seus familiares “passaram mal” ao ver seu nome relacionado à propinas nos jornais. Afirmou que não foi beneficiário do esquema, que sua atuação sempre foi técnica. Mas ratificou a existência de desvios para abastecer o PMDB e confirmou que Lobão foi destinatário das supostas propinas.
Segundo Dalton Avancini, após a formação do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), integrado por 10 empresas, o então diretor de Energia da Camargo Corrêa, Luiz Carlos Martins, o informou sobre a necessidade de “contribuição” ao PMDB. O pagamento ao partido seria de 1% sobre o valor do empreendimento, totalizando R$ 20 milhões, segundo Avancini. A empreiteira tem 15% de participação na obra. O projeto de Belo Monte é orçado em cerca de R$ 30 bilhões.
O advogado de Lobão, Antonio Carlos de Almeida Castro, disse que não teve acesso ao depoimento de Luiz Carlos Martins: “Eu não li o depoimento dele e não teria como me manifestar. Eu soube da delação. E acho perigoso esse excesso de delações. É perigoso se basear na palavra do delator sem ter uma prova. O excesso de delações está fazendo com que o processo perca o seu prumo”, criticou.
Para o criminalista, também responsável pela defesa da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) e do senador Ciro Nogueira (PPPI), as menções feitas a Lobão por Youssef e Paulo Roberto Costa “são totalmente.