Temer é flagrado autorizando pagamento de propina para Cunha

O Globo  — Na tarde de quarta-feira passada, Joesley Batista e o seu irmão Wesley entraram apressados no Supremo Tribunal Federal (STF) e seguiram direto para o gabinete do ministro Edson Fachin. Os donos da JBS, a maior produtora de proteína animal do planeta, estavam acompanhados de mais cinco pessoas, todas da empresa. Foram lá para o ato final de uma bomba atômica que explodirá sobre o país — a delação premiada que fizeram, com poder de destruição igual ou maior que a da Odebrecht. Diante de Fachin, a quem cabe homologar a delação, os sete presentes ao encontro confirmaram: tudo o que contaram à Procuradoria-Geral da República (PGR) em abril foi por livre e espontânea vontade, sem coação.

É uma delação como jamais foi feita na Lava-Jato: Nela, o presidente Michel Temer foi gravado em um diálogo embaraçoso. Diante de Joesley, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS). Posteriormente, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley. Temer também ouviu do empresário que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: “Tem que manter isso, viu?”.

Aécio Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro foi entregue a um primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho dos reais. Descobriu que eles foram depositados numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).

Joesley relatou também que Guido Mantega era o seu contato com o PT. Era com o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Rousseff que o dinheiro de propina era negociado para ser distribuído aos petistas e aliados. Mantega também operava os interesses da JBS no BNDES.

Joesley revelou também que pagou R$ 5 milhões para Eduardo Cunha após sua prisão, valor referente a um saldo de propina que o peemedebista tinha com ele. Disse ainda que devia R$ 20 milhões pela tramitação de lei sobre a desoneração tributária do setor de frango.

Pela primeira vez na Lava-Jato foram feitas “ações controladas”, num total de sete. Ou seja, um meio de obtenção de prova em flagrante, mas em que a ação da polícia é adiada para o momento mais oportuno para a investigação. Significa que os diálogos e as entregas de malas (ou mochilas) com dinheiro foram filmadas pela PF. As cédulas tinham seus números de série informados aos procuradores. Como se fosse pouco, as malas ou mochilas estavam com chips para que se pudesse rastrear o caminho dos reais. Nessas ações controladas foram distribuídos cerca de R$ 3 milhões em propinas carimbadas durante todo o mês de abril.

Se a delação da Odebrecht foi negociada durante dez meses e a da OAS se arrasta por mais de um ano, a da JBS foi feita em tempo recorde. No final de março, se iniciaram as conversas. Os depoimentos começaram em abril e na primeira semana de maio já haviam terminado. As tratativas foram feitas pelo diretor jurídico da JBS, Francisco Assis e Silva. Num caso único, aliás, Assis e Silva acabou virando também delator. Nunca antes na história das colaborações um negociador virara delator.

A velocidade supersônica para que a PGR tenha topado a delação tem uma explicação cristalina. O que a turma da JBS (Joesley sobretudo) tinha nas mãos era algo nunca visto pelos procuradores: conversas comprometedoras gravadas pelo próprio Joesley com Temer e Aécio — além de todo um histórico de propinas distribuídas a políticos nos últimos dez anos. Em duas oportunidades em março, o dono da JBS conversou com o presidente e com o senador tucano levando um gravador escondido — arma que já se revelara certeira sob o bolso do paletó de Sérgio Machado, delator que inaugurou a leva de áudios comprometedores. Ressalte-se que essas conversas, delicadas em qualquer época, ocorreram no período mais agudo da Lava-Jato. Nem que fosse por medo, é de se perguntar: como alguém ainda tinha coragem de tratar desses assuntos de forma tão descarada?

Para que as conversas não vazassem, a PGR adotou um procedimento incomum. Joesley, por exemplo, entrava na garagem da sede da procuradoria dirigindo o próprio carro e subia para a sala de depoimentos sem ser identificado. Assim como os outros delatores.

Ao mesmo tempo em que delatava no Brasil, a JBS contratou o escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe para tentar um acordo de leniência com o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ). Fechá-lo é fundamental para o futuro do grupo dos irmãos Batista. A JBS tem 56 fábricas nos EUA, onde lidera o mercado de suínos, frangos e o de bovinos. Precisa também fazer um IPO (abertura de capital) da JBS Foods na Bolsa de Nova York.

Pelo que foi homologado por Fachin, os sete delatores não serão presos e nem usarão tornozeleiras eletrônicas. Será paga uma multa de R$ 225 milhões para livrá-los das operações Greenfield e Lava-Jato que investigam a JBS há dois anos. Essa conta pode aumentar quando (e se) a leniência com o DoJ for assinada.

Os bilhões que envolvem a Ferrovia Norte-Sul e as propinas do Clã Sarney

O mapa acima mostra a grandeza da obra da ferrovia Norte-Sul e consequentemente o gigantesco desvio de dinheiro público com esta obra envolvendo a engenharia Valec, grupo político de Valdemar da Costa Neto e o grupo político de José Sarney.

Estima-se que foi gasto cerca de R$ 8 bilhões com a obra que está prestes a completar 30 anos e nunca transportou uma carga sequer. Ex-executivos da Odebrecht afirmaram que o grupo político do ex-presidente José Sarney recebeu 1% de propina nos contratos da obra entre 2008 e 2009.

Os valores de Sarney somam quase R$ 800 mil, no que foi identificado até o momento na ‘Planilha da Propina’ da empreiteira. De acordo com o ex-executivo Pedro Carneiro Leão Neto, os pagamentos eram feitos a Ulisses Assad, então diretor da Valec, que se referia ao político do Maranhão como ‘o Grande Chefe’ e ‘Bigode’ para solicitar a propina na obra.

Trem na Norte-Sul só parado com Sarney em cima. Mas bilhões foram despejados na obra.

Mas pela enorme obra e os valores envolvidos, a quantia de propina pode ser muito maior. A obra que já consumiu milhões, teve um trecho inaugurado em 2014 e ainda assim nunca funcionou é uma das maiores vergonhas nacionais com tanto dinheiro público escorrido pelo ralo.

As delações sobre Sarney e Costa Neto foram enviadas para a Justiça Federal de Goiás, onde já existe processo sobre o caso. Por lá, a Valec já teve bloqueado mais de R$ 7 milhões por conta dos desvios da obra. Conforme o inquérito conduzido pela Polícia Federal em Goiás, foi constatado que o consórcio integrado pelas empresas Construtoras Aterpa S.A e Ebate Construtora Ltda superfaturaram os serviços no contrato de R$ 31,2 milhões, recebendo por serviços não executados.

PF cumpre mandados em investigação sobre propina em Belo Monte

Márcio Lobão, filho do Senador Edison Lobão, é um dos investigados

Estadão – A Polícia Federal cumpre na manhã desta quinta-feira, 16, mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro Edson Fachin, novo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. Batizada de Leviatã, a operação tem como alvo o filho do senador Edison Lobão (PMDB), Márcio Lobão e Luiz Otavio Campos, ex-senador.

Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro/RJ, em Belém/PA e Brasília/DF, nas residências dos investigados e escritório de trabalho.

As buscas tem como objetivo aprofundar a investigação do Inquérito que apura pagamento de propina a dois partidos políticos, no percentual de 1% sobre as obras civis da Hidrelétrica de Belo Monte, por parte das empresas integrantes do consórcio construtor. Os principais envolvidos no esquema de repasse de valores aos agentes políticos são o filho do senador Edison Lobão (PMDB), Marcio Lobão e o ex-senador Luiz Otavio Campos.

Os investigados, na medida de suas participações, poderão responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O nome escolhido pela PF se inspira na obra do filósofo político Thomas Hobbes. Nela ele afirmou que o “homem é o lobo do homem”, comparando o Estado a um ser humano artificial criado para sua própria defesa e proteção, pois se continuasse vivendo em Estado de Natureza, guiado apenas por seus instintos, não alcançaria a paz social.

Lobão recebeu, sozinho, um quarto de toda a propina do PMDB, diz delator

lobao

Estadão – Em delação premiada, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirma que o senador Edison Lobão (PMDB-MA) recebeu R$ 24 milhões de propina desviada da estatal. O valor representa quase um quarto de todos os recursos que Machado alega ter pago ao PMDB ao longo dos 11 anos em que esteve à frente da empresa, que somam “pouco mais” de R$ 100 milhões.

Segundo o delator, Lobão, que foi ministro de Minas e Energia entre 2008 e 2015, afirmou que queria receber a maior propina mensal paga aos membros do PMDB. O então ministro queria que o valor para ele fosse fixado em R$ 500 mil por mês, mas Machado teria dito que só poderia transferir R$ 300 mil. Os repasses eram feitos por intermédio do filho do senador, Márcio.

De acordo com Machado, parte dos valores a Lobão, R$ 2,7 milhões, foram pagos pelas empreiteiras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão e registrados como doações oficiais. Em alguns casos, a propina ia diretamente para o diretório do PMDB no Maranhão, mas sempre “carimbadas” para beneficiar especificamente o senador. Os demais valores foram pagos em espécie.

Os repasses eram maiores nos anos eleitorais e foram feitos entre fevereiro e dezembro de cada ano. Machado afirmou que, a cada mês, era chamado ao gabinete do então ministro na Esplanada dos Ministérios para discutir como o repasse seguinte seria feito. Geralmente, segundo o delator, os pagamentos eram encaminhados para um escritório no centro do Rio de Janeiro.

Em nota, a defesa de Lobão nega que ele tenha recebido qualquer valor indevido. O comunicado também diz que a delação de Sérgio Machado tem que ser vista “com muita ressalva” dadas as circunstâncias em que foi feita para impedir a prisão dos filhos do delator.

Executivo da Camargo Corrêa diz que Lobão recebeu R$ 2 milhões em propina

Data: 13/06/2012 Editoria: Brasil Reporter: Paola Moura Pauta: Rio+20 Setor: Economia Persoangem: Ministro de Minas e Energia, Edson Lobao, participa da abertura da Rio+20. Tags: Rio+20, Dilma Fotografo: Aline Massuca/Valor Economico

Folha – Um dos executivos da Camargo Corrêa que fez acordo de delação premiada na Operação Lava Jato, Luiz Carlos Martins, afirmou que a empreiteira usou uma microempresa sediada em Santana de Parnaíba (SP) para pagar R$ 2 milhões ao senador Edison Lobão (PMDB-MA).

O depoimento foi prestado em março à Polícia Federal, em Brasília, por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal).

O pagamento, segundo Martins, estava relacionado à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Conforme o delator, que foi diretor da Camargo, o repasse foi feito porque Lobão “teria ajudado a montar os consórcios e para que ele não impusesse obstáculos ao andamento da obra”.

O depoimento consta de inquérito aberto em março pelo ministro do STF Edson Fachin como um desdobramento da Lava Jato a pedido da Procuradoria-Geral da República.

Em 2015, a Lava Jato já havia colhido a acusação da Camargo, em delação, de que Lobão havia recebido propina, mas agora a investigação recebeu os primeiros indícios do “caminho do dinheiro”.

Segundo Martins –o que foi confirmado por documentos que a empreiteira entregou à PF–, os pagamentos da Camargo para a AP Energy Engenharia e Montagem ocorreram entre 2011 e 2012, quando Lobão era o ministro de Minas e Energia no primeiro mandato de Dilma Rousseff.

Os serviços da AP eram “fictícios” e nunca foram prestados, disse o delator. As notas fiscais indicam pagamentos de R$ 1,22 milhão e R$ 1,26 milhão. Cerca de R$ 583 mil ficaram com os responsáveis da AP a título de “comissão” pelo trabalho de intermediação dos repasses, segundo o delator.

Em fevereiro de 2011, a Norte Energia, concessionária de Belo Monte, assinou o contrato com um consórcio de dez empreiteiras para a realização das obras da hidrelétrica. A Andrade Gutierrez assumiu a liderança do consórcio, com 18% das ações, seguida por Camargo e Odebrecht, com 16% cada uma.

Martins foi escolhido pela Camargo para ser o representante da empresa nas reuniões do conselho do CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte). No segundo semestre de 2011, segundo Martins, ele ouviu do representante da Andrade no consórcio, Flávio Barra, que “1%” do valor total das obras deveria ser pago “em partes iguais para os partidos PT e PMDB”.

As obras estavam estimadas em R$ 13,4 bilhões, o que projeta uma propina de R$ 134 milhões, valor dividido entre as diversas empreiteiras envolvidas no projeto. Pelos cálculos de Martins, a cota da Camargo era de R$ 21 milhões.

Surgiram, porém, problemas no acerto. O delator disse que Barra afirmou que “algumas das construtoras não haviam feito o pagamento devido” e que “o então ministro Lobão estava fazendo a cobrança em nome do PMDB”.

Martins levou o assunto ao seu superior, Dalton Avancini, que hoje também é delator. Avancini respondeu, segundo o delator, que “resolveria o problema do PT” e incumbiu Martins de “resolver o problema do PMDB”.

Martins declarou que, embora “não se conformasse” com a cobrança, passou a tratar de encontrar “um caminho” para o envio do dinheiro. Segundo ele, “a remessa de valores ao Maranhão ficou ao encargo da AP Energy ou de outras empresas ligadas a ela ou até mesmo de seus sócios”. O delator não soube dar detalhes de como o dinheiro teria chegado a Lobão, mas afirmou ter “a convicção” de que houve a entrega porque “cessaram as cobranças”.

Barra, o executivo da Andrade, também fechou delação. A Folha apurou que ele prestou, em março, um longo depoimento sobre Belo Monte, ainda sob sigilo.

OUTRO LADO

O advogado do senador Edison Lobão (PMDB-MA), Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que seu cliente “não conhece a empresa AP Energy nem os sócios dela”.

“Só isso já demonstra a completa mentira e irresponsabilidade da delação. É lamentável que as palavras dos delatores tenham foro de verdade, pois no caso concreto são absolutamente falsas”, afirmou Kakay.

Localizado por telefone pela Folha nesta quinta-feira (9), um dos sócios proprietários da AP, Fernando Mendes Brito, afirmou que não se recordava do pagamento total de R$ 2,5 milhões recebido pela sua empresa, entre 2011 e 2012, da Camargo Corrêa.

Brito primeiro afirmou que já trabalhou com a Camargo Corrêa, “mas em coisas pequenas”. “Esse valor que o senhor falou, sinceramente, desconheço totalmente.” Minutos depois, porém, entrou em contradição: “Nunca trabalhei com a Camargo Corrêa, nunca com eles”.

Brito disse que a AP está desativada “há alguns anos” e que não conhece o senador Edison Lobão. “Nem sei quem é, sinceramente”, disse.

Ele afirmou que iria procurar seu advogado, que entraria em contato com a Folha, mas isso não havia ocorrido até a conclusão desta edição.

O outro sócio de Brito na AP, Marcelo Martinelli Szanto, também citado pelo delator Luiz Carlos Martins como participante da contratação “com objeto fictício”, não foi localizado pela reportagem da Folha.

Política maranhense em notas

Grampos de Youssef contra Roseana

roseanaSegundo O Estadão, a força-tarefa da Operação Lava-Jato deu parecer favorável ao compartilhamento de provas, em especial um grampo do doleiro Alberto Youssef, com a Corregedora-Geral do Estado do Maranhão para investigação interna sobre fraudes em um precatório no governo estadual durante o governo Roseana Sarney (PMDB). O esquema teria beneficiado a construtora Constran/UTC – do delator Ricardo Pessoa. O doleiro teria pago propina para que Roseana agilizasse o pagamento dos precatórios da Constran.

E crimes na Saúde

roseanaricardomuradO dia não foi favorável mesmo para Roseana. Ela foi denunciada pelo Ministério Público estadual por inúmeras irregularidades na construção de 64 hospitais do programa Saúde é Vida, que custaram aos cofres públicos ao menos 151 milhões de reais.A denúncia aponta os crimes de dispensa ilegal de licitação, fraude a licitação, peculato, falsidade ideológica e associação criminosa. O promotor aponta que R$ 1,95 milhão de reais da saúde abasteceu a campanha da ex-governadora e de seu partido. Roseana, Ricardo Murad e mais 15 pessoas são acusadas dos desvios.

Sem acordo com Ildon Marques

marciojerryMuito se fala nos bastidores que pelo fato do pré-candidato a prefeito de Imperatriz, Ildon Marques, estar no PSB, passaria à base aliada do governo Flávio Dino. Em entrevista ao programa “Ponto e vírgula”, da Rádio Difusora, o secretário estadual de Comunicação e Assuntos Políticos, Márcio Jerry, rechaçou uma “cooptação” de Marques. “Não é porque Ildon Marques é do PSB que ele faz parte do nosso grupo político”, sentenciou Jerry. Em Imperatriz, Marco Aurélio (PCdoB) e Rosângela Curado (PDT) são os pré-candidatos governistas. O governo espera um entendimento para candidatura única contra Ildon.

Dividir e conquistar

marcoaureliorosangelaA estratégia do marqueteiro do pré-candidato Assis Ramos (PMDB) em Imperatriz é clara: dividir causando o máximo de atrito entre Rosângela Curado e Marco Aurélio. Caso consiga causar fissuras a ponto de deixar uma aliança impossível, espera crescer em meio à confusão. E ele tem usado todo tipo de artifício, como jogar “santinho” de Marco Aurélio em evento de Rosângela e espalhar um áudio distorcendo uma conversa de Marco Aurélio para que pensasse que partiu da campanha de Curado a sorrateira manobra.

Márlon Reis descarta 2016

marlonreisO ex-juiz federal Márlon Reis afirmou que irá se dedicar exclusivamente à advocacia neste momento. Mais precisamente como advogado do partido Rede. Por isso, descarta concorrer à prefeitura de Imperatriz, como vinha sendo especulado. “Não tem como ser candidato em 2016. Não terei mais um contracheque de servidor público. Estou deixando a comodidade da magistratura por uma atividade liberal. A minha subsistência depende dela e por isso, estou totalmente focado na advocacia. Em 2018, não sou candidato porque está muito longe”, afirmou, deixando uma brecha para as eleições daqui a dois anos.

Deputado que deu o voto decisivo pelo impeachment está na lista da Odebrecht

Bruno Araújo disse que estava honrado em representar milhões de brasileiros. E está na lista da propina da Odebrecht

Bruno Araújo disse que estava honrado em representar milhões de brasileiros. E está na lista da propina da Odebrecht

Estadão – O 342º voto a favor do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara foi dado pelo deputado federal Bruno Araújo, do PSDB de Pernambuco. O tucano é do grupo do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que foi derrotado por Dilma nas eleições presidenciais de 2014.

Advogado de formação, Araújo, de 44 anos, está em seu terceiro mandato como deputado federal. Ele ganhou projeção como parlamentar no ano passado, quando se tornou líder da oposição na Câmara.

Oriundo de uma família de políticos, seu primeiro cargo relevante na política foi de deputado estadual. Em 1998, aos 26 anos, ele foi eleito pelo PSDB o deputado mais jovem do Estado de Pernambucano, com mais de 34 mil votos. No Estado, chegou a presidir a Assembleia Legislativa.

“Quanta honra o destino me reservou de poder, da minha voz, sair o grito da esperança de milhões de brasileiros. Pernambuco nunca faltou ao Brasil, carrego comigo nossas histórias de luta pela liberdade e pela democracia. Por isso, vivo ao Brasil, sim, pelo futuro”, declarou o deputado neste domingo na Câmara.

Araújo teve o nome citado na lista de pagamentos feitos pela Odebrecht, relevada após busca e apreensão feita pela Operação Lava Jato em março deste ano. A citação do nome do tucano é referente às campanhas eleitorais de 2010 e 2012.

O deputado, contudo, diz que se trataram de doações oficiais, sendo as de 2010 para sua campanha para deputado federal e as de 2012, referentes a valores recebidos por PSDB e repassados “oficialmente” a candidaturas a prefeito em Pernambuco.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as investigações da Lava Jato na primeira instância, já afirmou em despachos que não é possível concluir que essa lista da Odebrecht é fruto de dinheiro de caixa dois.

Voto. Após declarar seu voto no púlpito, foi saudado por parlamentares e convidados pró-impeachment. Emocionado, abraçou colegas como Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Nilson Leitão (PSDB-MS), também emocionados.

“Nossa formação é democrata. É de buscar tudo que seja melhor para a população. Esse é um momento a nunca ser esquecido. Fico muito honrado de representar milhões de brasileiros que aguardavam este momento”.

Delator diz que Lobão recebeu R$ 600 mil em dinheiro vivo em 2011

lobAOA delação premiada dos executivos da Andrade Gutierrez aponta pagamento de cerca de R$ 150 milhões em propina na obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. O valor é referente a um acerto de 1% sobre contratos e teria como destino o PT e o PMDB e agentes públicos ligados às legendas.

Executivos da Andrade Gutierrez declararam, em delação premiada, que a segunda maior empreiteira do país pagou propina pra conseguir obras da Petrobras e do sistema elétrico.

Segundo a delação, o ministro se reuniu com as empresas para fazer um acerto sobre a concorrência, e deu orientações sobre a disputa para que fosse passada à opinião pública a ideia de que haveria uma concorrência de verdade na obra.
Segundo a delação, o ministro se reuniu com as empresas para fazer um acerto sobre a concorrência e deu orientações sobre a disputa para que fosse passada à opinião pública a ideia de que haveria uma concorrência de verdade na obra.
Otávio Marques de Azevedo disse ainda que foi orientado por Lobão a reunir outras empreiteiras, Odebrecht e Galvão Engenharia, que deveriam dar, juntas, 1% do valor total da obra para o PT e para o PMDB, cerca de R$ 150 milhões, ou seja, R$ 75 milhões para cada partido. Segundo a delação, o interlocutor para tratar desse assunto no PT era o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, que está preso, e, no PMDB, o ex-ministro Lobão.
De acordo com a delação dos executivos, Lobão pediu e recebeu R$ 600 mil em dinheiro vivo em 2011. Os recursos teriam sido entregues para um de seus filhos e abatidos na parcela destinada ao PMDB.
A defesa do ex-ministro Edison Lobão disse que seu cliente e o filho dele negam o recebimento de qualquer quantia e que está ocorrendo uma tentativa de criminalizar a política.

Família Sarney no centro das investigações da Operação “O Recebedor”

Acusado de distribuir as propinas da ferrovia, Heli Dourado foi advogado de Roseana contra Jackson Lago: ligação antiga com o Clã

Acusado de distribuir as propinas da ferrovia, Heli Dourado foi advogado de Roseana contra Jackson Lago: ligação antiga com o Clã

A ligação direta de Fernando Sarney com as empresas investigadas por superfaturamento da ferrovia Norte-Sul é apenas uma parte do envolvimento do Clã com a Operação “O Recebedor”, desencadeada nesta sexta-feira (26) pela Polícia Federal.

A ligação direta de Roseana Sarney no esquema é investigada pela Polícia. A quebra de sigilo fiscal conseguida pelo Ministério Público Federal mostrou pagamentos das construtoras do cartel para o escritório do advogado Heli Dourado, aliado de primeira hora da família Sarney. Curiosamente no mesmo período do esquema, Roseana era representada por Heli em processos eleitorais. O advogado foi um dos responsáveis pela cassação do ex-governador Jackson Lago.

Por isto, o Ministério Público Federal investiga essa ligação. A influência do patriarca, José Sarney, foi verificada em interceptação telefônica do então presidente da Valec, Juquinha, com Heli Dourado, querendo a influência de Sarney para permanecer no cargo. Heli disse que  “Sarney conversou com o ministro duas vezes e não tem mais o que falar com ele; que ele sabe que a pessoa é sua indicada”.

O orquestrador da propina para as empresas do esquema da ferrovia teria ido até a casa de Sarney para evitar as quedas dos apadrinhados.

Denúncia de “fluxo de propina” deve mudar situação de inocência apontada por advogado de Roseana

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O jornal O Estado de São Paulo trouxe novas informações do novo delator da Operação Lava Jato, Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará. O delator afirmou à Procuradoria-Geral da República que o doleiro Alberto Youssef – peça central da operação – lhe mostrou no final de 2013 um rascunho indicando “fluxo de propina” dividido em vários níveis, um deles identificado pela palavra ‘Leão’ – suposta referência ao Palácio dos Leões, sede do governo do Maranhão.

E a ex-governadora Roseana Sarney está no centro do fluxo, que diz respeito à liberação do precatório da Constran, que furou a fila com pagamento de milionária propina, segundo as investigações. O delator afirmou que tratou do negócio do precatório com um intermediário ligado à então Governadora do Maranhão, Roseana Sarney. O intermediário seria o corretor Marco Antonio Ziegert, o Marcão, apontado como elo entre o governo maranhense e a Constran.

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Roseana Sarney afirmou que “Marcão” é uma pessoa que conhece a família. “Este assunto foi investigado, já tem denúncia recebida pela Justiça e a Roseana foi inocentada. Ela não foi incluída na denúncia. Tudo mais não nos interessa, o processo termina aí para ela”, disse Kakay ao Estadão.

Isto porque a denúncia formulada pelo Ministério Público Federal consta apenas o nome do ex-chefe da Casa Civil, João Abreu, e não o nome de Roseana. Esta seria a carta na manga de Kakay par afirmar a inocência da ex-governadora.

Porém, o procurador-geral Rodrigo Janot mandou encaminhar ao Ministério Público do Maranhão cópia desse novo depoimento do delator. Com as provas do “fluxo de propina”, a inocência pelo fato de não haver ainda denúncia contra Roseana deve mudar.