De O Imparcial
Em 1976, Edivaldo Holanda Braga (PTC), hoje com 67 anos, foi eleito vereador de São Luís, para um mandato de quatro anos, mas prorrogado até 1982. Em seguida se elegeu deputado estadual e na eleição seguinte, federal. Foi líder do governo Luiz Rocha na Assembleia Legislativa e chefe da Casa Civil. Na gestão de Jackson Lago no Palácio dos Leões, Edivaldo voltou à Assembleia, sendo líder do governo e também da oposição.
Em 2010, Holanda ficou como 1º suplente da coligação do PTC, e em 2015 está de volta ao plenário da Alema, como o único parlamentar de seu partido, mas com a disposição de contribuir com a gestão do filho, Edivaldo Júnior (PTC), na Prefeitura de São Luís, e o governador Flávio Dino (PCdoB). Graças à experiência parlamentar e em cargos no Executivo, Edivaldo Holanda vê, hoje, a Assembleia como um ponto de equilíbrio político. O plenário é formado de poucos veteranos e a maioria novatos e jovens. “Todos estão tomados de entusiasmo e vontade de fazer um bom mandato”, diz o petecista.
Para Holanda, “a Assembleia vive um momento especial na sua história. Tanto pela renovação de 50%, quanto pela juventude – fato que propiciará uma democrática e proveitosa troca de experiências entre os veteranos e os estreantes”. Ele lembra de quando chegou, em 1982 à Alema: havia uma composição de nomes que se destacavam no cenário político e valorizavam a Casa.
Para falar sobre o que pensa desse momento maranhenses, interrompendo os atendimentos que não param em seu gabinete, Edivaldo Holanda concedeu entrevista a O Imparcial, mostrando-se otimista com as mudanças que começaram em 2012, com a eleição do filho, Edivaldo Júnior, e se consolidaram em 2014, com Flávio Dino sendo conduzido ao Palácio dos Leões, com 63,5% dos votos. Tudo isso, sem perder de vista, a profunda renovação de 50% ocorrida na Assembleia Legislativa.
O Imparcial – Como o senhor observa essa Assembleia que está começando com tantas mudanças na composição e até na mesa diretora, com o PDT à frente?
Edivaldo Holanda – Para mim, a sensação é de haver chegado a um lugar novo, num terreno diferente, mesmo sendo-o conhecido. Tenho a mesma disposição da primeira vez e dos novatos que estão ansiosos para mostrar serviço a seus eleitores.
Qual a diferença daquele começo, como vereador na década de 70, em plena ditadura militar, com o de hoje, retornando à Assembleia, com o estado governado por um integrante do partido comunista?
Naquele ano, a Assembleia contava com um quadro de figuras expressivas, como Celso Coutinho, Maria da Conceição (única mulher no plenário), José Bento Neves, Raimundo Leal, Haroldo Sabóia, Mauro Bezerra e muitos outros. Hoje o PCdoB tem o governo e três deputados estaduais e um federal. Ninguém pode ignorar a relevância desse fato.
E depois, como líder do governo Luiz Rocha, que sofria um bombardeio diário até de seus aliados, foi difícil?
Não era fácil. Havia um grupo comandado por Sarney, outro ligado a João Castelo e terceiro, que era de ‘oposição de raiz’, saída do MDB. Todos contra o governo Luiz Rocha. Para mim foi o desafio e uma experiência jamais vivida – um deputado novato, no auge da vibração dos 30 anos, com pouco aprendizado na Câmara de Vereadores. Mas fiz o que era para ser feito como líder. Imagine a situação da Assembleia hoje, valorizada com seis mulheres, uma composição renovada e o governo Flávio Dino com o apoio quase unânime. É outra história que vai valorizar muito esse mandato e acredito ser altamente proveitoso para o povo do Maranhão.
E como fica o papel da Assembleia, de órgão fiscalizadora do Executivo?
Existe uma forte maioria na base governista, mas também não devemos esquecer que a oposição está pronta para cumprir o seu papel e já está demonstrando isso com vigor. Isso não é ruim, pois até o governador Flávio Dino quer que assim seja mesmo. Embora seja pequena no número, mas a oposição parece aguerrida. Por outro lado, a base governista não será omissa sobre seu papel no parlamento. Vamos fiscalizar no que for preciso, mas apoiar, sobretudo o projeto do governador Flávio Dino que a população aprovou na sua campanha.
O senhor acredita mesmo que as propostas de mudanças anunciadas por Flávio Dino trarão consequências para a população?
Elas, de fato, começaram em 2012, com a eleição do Edivaldo Júnior na prefeitura de São Luís. As mudanças estão acontecendo na prática política e na forma de governar. Em dois anos a gestão municipal, São Luís foi 1º lugar em transparência, além de o governo manter diálogo permanente com os funcionários, especialmente os professores. Ele também tem procurado realizar obras estruturantes, de valorização da cidade e para a melhoria nos serviços prestados à população.
Ainda nem bem começou e o governo Flávio Dino já vem sendo criticado pelo grupo que derrotou. O senhor acha isso é bom ou ruim?
Flávio Dino pregou a mudança e quando se fala em mudança na gestão pública, da forma como ela aconteceu no Maranhão, obviamente que tem muitos interesses contrariados. Mas ele tem dado demonstração de competência para fazer o que prometeu e a maturidade para realizar um governo popular e comprometido com a responsabilidade recebida das urnas. Quem perdeu tem o direito de espernear, e nada mais.
Como pai do prefeito Edivaldo Júnior, o senhor é sempre citado como espécie de eminência parda do governo. Qual o seu papel na administração municipal?
Papel de cidadão preocupado com a cidade. Me disponho a acompanhar o andamento da gestão, mas sem interferir. Quando aconselho o prefeito, o faço na condição de um pai preocupado com o sucesso do filho que, fazendo um bom governo, quem ganha é a população.
Essa nova Assembleia revela o quê?
Ela é o resultado de um momento político que clamou por mudança. Acredito que todos os deputados têm a devida compreensão do recado das urnas e sobre tal fato se esforçarão para dar o melhor de cada um. É isso que pretendo.
O senhor, pretende o quê?
Realizar um mandato produtivo, propondo projetos que melhorem a educação, a infraestrutura, os serviços de saúde oferecidos à população de São Luís e lutar pela juventude. Também ajudar o governo Flávio Dino cumprir seus planos de desenvolvimento do Maranhão. E que a parceria com a prefeitura se fortaleça na capital, com Edivaldo Júnior, assim também no interior, pois o governador teve o cuidado de envolver os municípios em seus planos de metas. E está começando a fazer o que anunciou.