*Marcelo Sirkis
“Buscar ser simples e observar no dia-a-dia a felicidade nas pequenas coisas que estão ao nosso redor”. O segredo para a longevidade é a dica da dona-de-casa Maria Cícera Gonçalves Ferreira, carinhosamente conhecida como dona Cícera ou vó Cícera, que completa 100 anos de vida na próxima sexta-feira (22). A comemoração do centenário tem início com uma missa de ação de graças na Paróquia Sagrado Coração de Jesus do Bequimão, seguida de uma confraternização com familiares e amigos mais próximos.
Nascida no dia 22 de abril de 1916, no município de Timbiras (distante 277 km da capital), dona Cícera é a segunda filha mais velha de João Gonçalves Ribeiro e Firmiana Maria da Conceição Fernandes – os outros cinco irmãos são todos falecidos. Ao casar com Francisco Sandies Ferreira se muda para a cidade de Coroatá (247 km de São Luís). Com o barbeiro de profissão teve oito filhos (Ferreira, Walter, Cleonice, Ana, Mirtes, Antônio, Tânia e José Carlos).
No final década de 1970, o casal Cícera e Sandies se muda para São Luís, onde fixaram residência por cerca de 20 anos no bairro Monte Castelo. “Até hoje sinto falta do meu companheiro (está viúva há oito anos), mas tem a família na qual recebo muito carinho e atenção. A vida é assim e o destino já está traçado”, diz vó Cícera, que tem 20 netos, 20 bisnetos e três trinetos.
Atualmente dona Cícera reside na casa da filha mais velha. Dorme bem, não está sujeita a nenhuma dieta alimentar; e em seu último checkup médico não apresentou nenhum tipo de alteração nos exames. “Chegar aos 100 anos com essa vitalidade, lucidez e saúde são para poucos idosos. Acredito que por ter tido uma vida saudável no interior, alimentos sem agrotóxicos, o hábito de deitar e acordar cedo contribuiu para que nossa mãe esteja ainda com a gente. Uma graça de Deus para nós festejarmos juntos com ela mais um aniversário, sendo este muito especial”, salientou a filha Cleonice Gonçalves.
Em 1916, ano de nascimento de dona Cícera, a Alemanha declara guerra a Portugal; morre o ludovicense Antônio Lôbo, grande líder intelectual no Maranhão (sec. 19 e 20) – professor, jornalista, escritor (ensaísta, poeta, romancista e tradutor) – fundador da Academia Maranhense de Letras (AML); o Código Civil é publicado no Brasil; o transatlântico espanhol Príncipe de Astúrias bate em um rochedo na Ponta de Pirabura, na costa de Ilhabela (SP), e afunda. Das cerca de mil pessoas que estavam a bordo, 470 morreram; é inaugurado o estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro, pertencente ao Santos FC; nasce o sambista e compositor Silas de Oliveira, autor de Aquarela do Brasil (Império Serrano); o governador do Maranhão era Herculano Nina Parga; entre outros fatos marcantes.
*jornalista e repórter profissional há 33 anos