O sistema coronelista e oligárquico se sustenta em uma estrutura de muitos tentáculos e ocupações de espaço de fala e poder. O sarneísmo não acabou no Maranhão, mas é fato de que vivemos um período de transição desde a eleição de Jackson Lago em 2006. O mais longevo grupo de poder regional no Brasil voltou com um golpe judicial em 2009, conseguiu respirar com mais uma eleição em 2010, mas após duas derrotas, e o fim da representatividade no Congresso Nacional, o definitivo fim do sarneísmo como sistema de poder oligárquico está se consolidando.
Claro, o Clã continua tendo força nos outros dois pés do seu tripé de poder: um grande império midiático e influência judicial. Mas a internet diminuiu muito a força de sua rede de televisão e rádio e os órgãos de justiça têm um equilíbrio maior de forças. Uma prova disso foi a derrota de Nelma Sarney para a presidência do Tribunal de Justiça do Maranhão.
Neste contexto, qual será o papel do único representante da família Sarney em um cargo eletivo? Observado pelo avô como o futuro do grupo, Adriano Sarney será o principal opositor ao governo Flávio Dino na Assembleia Legislativa, já que Edilázio Júnior e Eduardo Braide foram para a Câmara Federal e Andreia Murad não conseguiu se reeleger.
Na Bahia, o “carlismo” morreu junto com Antonio Carlos Magalhães. A oligarquia coronelista muito parecida com a maranhense teve que se adaptar a um novo momento. O principal herdeiro, ACM Neto, tenta sempre se desvencilhar da herança negativa da imagem do avô. Com um bom mandato como prefeito da Bahia e uma boa relação com o ex-governador petista Jaques Wagner, sem deixar de ser opositor do PT. ACM Neto com postura política própria traçou rumo próprio, e nova liderança fora do “carlismo”. O democrata preferiu terminar seu mandato de prefeito e não concorreu ao governo quando tinha grande chance de se eleger.
Adriano Sarney pode de fato ser um opositor de bom nível ao governo Flávio Dino e ser importante na transição do modelo político coronelista mandonista do Maranhão. Para o bem do Maranhão, o sarneísmo deve mesmo ser encerrado agora. O que não significa caça às bruxas e cemitério político para quem tem o sobrenome mais conhecido da política nacional. É o fim de um modelo, de uma ideia de poderio que só levou o Maranhão aos péssimos índices.
O único político da família Sarney com mandato tem perfil para dar um outro rumo para a política do seu grupo diferente do que seu avô sempre fez.