A governadora Roseana Sarney (PMDB) deveria aprender muito com a gestão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC). As denúncias contra secretários existem sempre e a ação do gestor maior deve ser a mais eficiente possível para evitar até o mesmo o risco de dano ao erário por má fé de algum auxiliar. Neste sentido, as atitudes dos gestores estadual e municipal são completamente diferentes.
O secretário de Desenvolvimento Social Fernando Fialho passou três semanas sobre uma enxurrada de denúncias de liberação de dinheiro em convênios fantasmas até hoje não bem esclarecidas. A Assembleia convocou o secretário para depor na Casa e depois de adiar por duas vezes, compareceu e pouco disse.
Fialho fez convênio de R$ 5 milhões com o instituto Vera Macieira no povoado de Trechos, no município da Raposa. Os deputados de oposição procuraram de toda a forma o povoado e a sede do instituto, que simplesmente não existem. Ninguém na Raposa nunca ouviu falar de um tal de Trechos.
Na Assembleia, Fialho simplesmente disse não saber onde fica a sede do Instituto Vera Macieira ou quem são seus responsáveis legais, jogando a culpa no instituto que absolutamente ninguém soube ainda dizer onde está e quem trabalha nele. Ou seja, é comprovadamente fantasma.
O Ministério Público abriu investigação contra o secretário. O TCE também abriu investigação. Ainda assim, com robustas provas, Fialho segue no cargo e a governadora sequer providencia um afastamento temporário.
O secretário Alberto Franco respondia até bem pouco tempo por uma acusação grave de grilagem de terras juntamente com o deputado Raimundo Cutrim (PCdoB). Recentemente, o Tribunal de Justiça arquivou o processo e os dois foram inocentados. Porém, foi mais de um ano de processo, no qual foi amplamente exposto na mídia a acusação contra o auxiliar. A governadora, no mínimo, deveria tê-lo afastado até que o inquérito fosse encerrado e a inocência provada.
Já na prefeitura de São Luís, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC) deu nova demonstração de que corta na própria carne para preservar o dinheiro público. Edivaldo exonerou na de ontem o secretário José Silveira (Semosp) após denúncias que demonstravam indícios de irregularidade.
Este foi o primeiro secretário em que as denúncias revelam indícios mais fortes de que pode ter ocorrido desvio. Apesar de ainda não ter a comprovação e não fazer um pré-julgamento, o prefeito afastou o secretário para não pairar a dúvida sobre a lisura de sua administração.
Vale frisar que as demais trocas de secretários não tiveram relações com denúncias. A maior denúncia do vereador Fábio Câmara contra o ex-secretário de Educação, Alan Kardec, foi por dispensas de licitações. Dispensas estas, que estão comprovadamente dentro da legalidade da Lei 8666.
Exemplo de Dilma
Roseana Sarney deveria seguir o exemplo da presidente Dilma Rousseff (PT), já que a governadora se diz tão aliada da presidente. O começo do governo Dilam foi marcado por muitas trocas de ministros. Muitos destes por denúncias de corrupção e outros por conveniência da pasta. A exemplo da administração Edivaldo, o governo Dilma foi se adaptando e tendo modificações no primeiro ano.
A presidente hoje está com uma equipe mais sólida e com sua cara no governo. Ela demonstrou que não tinha compromisso com o erro, e em todas as denúncias, mesmo com poucos indícios, afastou o ministro. O prefeito de São Luís tem feito uma administração no mesmo sentido, e vai dando a cara do seu governo ao longo do primeiro ano.
Já a governadora do Maranhão, mesmo acusações graves e provas contundentes, mantém secretários acusados de irregularidades.