Mas calma. O governador do Maranhão, em entrevista ao Jornal O Estado de São Paulo, não se referia a si mesmo como provável candidato. Ele citou o nome do pedetista Ciro Gomes como credenciado para disputar a presidência.
Confira a entrevista de Flávio ao Estadão:
Diante do resultado das eleições municipais, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), admite que a esquerda perdeu no País e precisa encontrar um novo caminho. Defensor da formação de uma frente que alinhe essas forças em 2018, Dino acha que a esquerda “precisa parar de olhar para trás e começar a olhar para a frente”. “Discursos do tipo ‘eu avisei’ não resolvem nada”, diz. Para ele, o grupo necessita criar um programa que responda aos “desafios da Nação” e o candidato “não precisa ser obrigatoriamente Luiz Inácio Lula da Silva”.
Eleições
Há uma constatação óbvia de que foi um resultado desfavorável para a esquerda. Acho que isso ocorreu, principalmente, pela crise econômica e pelo desemprego. O grande beneficiário dessa perda de substância eleitoral da esquerda não foi propriamente outro partido e sim a chamada antipolítica. Porque, se você olhar São Paulo, Rio e Belo Horizonte, ganharam três outsiders.
Futuro da esquerda
Primeiro, precisamos olhar mais para frente do que para trás. Acho que o que passou, passou. Não adianta ficar disputando agora críticas e autocríticas. Discursos do tipo ‘eu avisei’ não resolvem nada.
Novos caminhos
A esquerda precisa apresentar um programa que responda aos desafios da Nação, baseado na defesa de direitos e da ampliação de serviços públicos.
Frente partidária
Tenho defendido há mais de um ano a tese de um rearranjo mais frentista, parecido com o do Uruguai. A esquerda deve buscar algum tipo de frente mais orgânica, que consiga atrair o chamado centro político. Quando me refiro ao centro político não me refiro a partido A ou B. Mas sim ao centro da sociedade.
Perda de identidade
No enfrentamento da crise econômica, nessa fase mais aguda, pós 2013, de fato, houve isso. Esse prejuízo foi muito grande. Uma perda de identidade e uma desconexão com sua base política tradicional. Acho que essa é uma questão central.
Esqueçam 2002
Não podemos ficar restritos às bandeiras clássicas da esquerda. Não podemos imaginar que vamos reviver 2002, quando Lula foi eleito pela primeira vez. 2002 tem de ficar em 2002. Claro que você extrai lições daquele momento, mas não pode pretender repetir.
Reforma política
Acho que ficou mais longe agora. Porque se falava muito de cláusula de barreira, por exemplo. Na hora em que o partido do prefeito do Rio de Janeiro (PRB) seria atingido por essa cláusula, e os de Belo Horizonte (PHS) e Curitiba (PMN) também, fica mais difícil.
Clima político
Acho que a gente tem pela frente muita turbulência. A Lava Jato tem uma força muito profunda. Esse fator de instabilidade institucional ainda vai continuar. Além disso, tem um clima de muita disputa entre os Poderes e dentro deles.
Crise dos governadores
É outro foco de tensão. A gente está longe de sair dessa escuridão. O Rio, que é o terceiro maior Estado em população, vive situação de enorme dificuldade financeira. Praticamente metade dos Estados têm dificuldades de fechar as contas.
Economia
A única coisa que pode garantir alguma melhora é se a economia voltar a crescer. Existe um ditado que diz que “aonde falta o pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”. Acho que isso sintetiza a quadra atual que vivemos no Brasil.
Eleição em 2018
Lula pode até ser candidato. Mas, se for, deve ser de um movimento político mais amplo. Alguém de outro partido poderá ser o candidato dessa nova frente. Ciro Gomes está muito credenciado pela trajetória.
Temer
Ele está se virando do jeito que pode. É uma conjuntura muito difícil. Está tentando construir uma agenda praticamente baseada numa ideia central que é essa PEC do Teto dos Gastos.
Convite para Dilma
É lenda. Nunca houve convite para que fosse secretária no Maranhão.
ENTREVISTA A MARCELO DE MORAES