Máfia das ferrovias: Fernando Sarney citado desde 2009 por possível participação

Fernando Sarney e empreiteiros amigos de faculdade: acusação de esquema de superfaturamento na Norte-Sul

Fernando Sarney e empreiteiros amigos de faculdade: acusação de esquema de superfaturamento na Norte-Sul

A Operação da Polícia Federal desencadeada nesta sexta-feira (26) deve atingir em cheio o Clã Sarney. A Operação “O Recebedor” investiga pagamento de propina nas obras das ferrovias Norte-Sul e Integração Leste-Oeste. O empresário Fernando Sarney foi citado como possível membro da organização criminosa que superfaturou o contrato para construção da estrada de ferro no trecho entre o Pátio de Santa Isabel e o Pátio de Uruaçu, em Goiás, com sobrepreço da ordem de 29,45%.

No Inquérito Civil Público de improbidade aberto em 2009, o Ministério Público Federal acusa as empresas aliadas do Clã como Valec e Constran de superfaturamento. O procurador da República à época, Hélio Corrêa Filho, cita nominalmente Fernando Sarney e José Sarney. ele lamenta que o filho do oligarca tenha tido acesso às investigações com autorização do STJ, o que impediu os investigadores de chegarem ao organograma da organização criminosa.

fernandosarney

“Em razão disso, provas desapareceram e a identificação e individualização das condutas dos demais membros da organização criminosa (inclusive possível participação de Fernando Sarney) não pôde ser realizada, razão pela qual não foram incluídos nesta ação”, lamentou no requerimento à Justiça em desfavor dos investigados.

A Valec contratou, em janeiro de 2006, a empresa Constran para obras em trecho de 105 km, em Goiás, com sobrepreço da ordem de 29,45%.

PF faz Operação na Maranhão e mais cinco estados

policiafederalUOL – A Polícia Federal deflagrou mais uma operação nesta sexta-feira (26/02), em seis Estados e no Distrito Federal, onde cumpre 44 mandados de busca e apreensão e sete mandados de condução coercitiva.

O foco são contratos de construção de ferrovias e os indícios de irregularidades foram colhidos em acordos de delação premiada e de leniência firmados na operação Lava Jato.

A ação da PF, no entanto, não foi classificada como uma nova fase da investigação que corre em Curitiba e apura prejuízos causados por um cartel de empreiteiras contra a Petrobras e a Eletronuclear. Segundo investigadores, trata-se de um desdobramento da Lava Jato.

A operação recebeu o nome de “recebedor”.

Há ações na sede da Odebrecht do Rio de Janeiro, além das construtoras Serveng, Queiroz Galvão e Mendes Junior. As diligências ocorrem no DF,  São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Paraná e Maranhão.

Cartel em ferrovias

As buscas têm como objetivo recolher provas sobre possível pagamento de propinas para a construção das Ferrovias Norte e Sul e Integração Leste-Oeste. Há suspeita de formação de cartel e lavagem de dinheiro a partir de superfaturamento das obras.

A Operação surgiu a partir de acordo de leniência e delação premiada de um dos investigados na Lava Jato, que forneceu documentos. Depois disso, a PF colheu depoimentos de pessoas relacionadas ao caso. No ano passado, o presidente da Camargo Correa, Dalton Avancini, contou à força-tarefa que pagou propina de R$ 100 milhões na construção da Norte Sul – obra emblemática do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O primeiro desdobramento da Lava Jato ocorreu com a Operação Cratons, que investigou crimes ambientais e comércio ilegal de diamantes em terras indígenas em Roraima (RO) no fim do ano passado.