Rádio Timbira: Forte na Ditadura e quase aniquilada na democracia de Roseana Sarney

Djalma Rodrigues fala do sucateamento da Rádio Timbira na Era Roseana

Djalma Rodrigues fala do sucateamento da Rádio Timbira na Era Roseana

O jornalista Djalma Rodrigues fez importantes observações acerca da história da Rádio Timbira, durante audiência pública no Plenário Fernando Falcão, da Assembleia Legislativa, que discorreu sobre o papel do radialista.

Djalma representou a diretoria de comunicação da Câmara Municipal de São Luís e também mostrou os avanços no setor da Comunicação daquela Casa, incluindo o programa Câmara em Destaque, que é levado ar da segunda a sexta-feira, das 10 às 13 horas, transmitindo ao vivo as sessões do Legislativo Municipal.

Sobre a Rádio pública do Maranhão, o jornalista pontuou que, inaugurada em 15 de agosto de 1941, pelo interventor Paulo Ramos, durante o regime ditatorial denominado de Estado Novo, implantado por Getúlio Vargas, a Rádio Timbira sofreu grande contradição. Sendo uma das mais potentes emissoras AM do Maranhão, a Rádio foi forte na ditadura e enfraqueceu na democracia.

“Em 27 de outubro de 1995, a então governadora Roseana Sarney editou decreto extinguindo a autarquia que administrava a Rádio Timbira, que só não silenciou porque é uma concessão do governo federal. Atualmente, o governador Flávio Dino e o secretário de Comunicação, Robson Paz, traçam estratégias para que a Timbira reedite seus velhos tempos”, salientou Rodrigues.

A secretária adjunta de comunicação do Estado, Viviane Leite, representou o secretário Robson Paz no evento.

Ditadura? PPS deve ainda discutir e decidir caminho para eleições 2016

Eliziane deve mostrar o poder de convencimento de quem confia em seu favoritismo

Eliziane deve mostrar o poder de convencimento de quem confia em seu favoritismo

As convenções partidárias que definem o destino dos partidos nas eleições de 2016 serão em junho do ano que vem. Ou seja, ainda falta um ano e meio para que sejam batidos os martelos sobre candidaturas próprias e coligações na disputa das eleições. Ainda assim, a deputada Eliziane Gama (PPS) declarou que o partido é oposição ao prefeito Edivaldo e que os filiados que tiverem posição contrária serão convidados a se retirar, já que terá candidatura própria.

“Essa questão será colocada na próxima reunião ordinária, que até o momento ainda não foi marcada pelo PPS. Aqueles que não quiserem deixar os seus cargos na Prefeitura, serão convidados a se afastar do partido, até porque o PPS faz oposição ao governo municipal”, disse a presidente do PPS a O Estado de São Paulo.

Mas se a reunião do partido ainda nem foi marcada e os membros da legenda ainda não discutiram e deliberaram sobre o tema, como pode já estar definido que o partido é oposição e os membros devem deixar os cargos na prefeitura?

A pré-candidatura de Eliziane é legítima, até pelo desempenho eleitoral nas duas últimas eleições. Mas o convencimento deve partir dos debates internos e não pela imposição da presidência da legenda. Afinal, muitos partidos como o próprio PPS tinham cargos na gestão do ex-prefeito João Castelo (PSDB) e não coligaram com o tucano em 2012.

O hoje prefeito, Edivaldo Holanda Júnior, tinha um ano e meio antes das eleições, perspectivas muito pequenas de eleição e possibilidades de coligações. Eliziane com uma perspectiva muito maior, tenta apressar o processo e “enquadrar” à força os membros do partido, quando deve ter o poder de persuasão para mostrar que é forte candidata e que vale a pena os partidários e outras legendas apostarem nela.

A tentativa de transformar o PPS em uma “Ditadura Eliziane” mostra o receio de quem quer logo firmar posição com o partido para já buscar alianças e não a firmeza de quem tem favoritismo e sabe que terá seu partido e outras legendas até a época das convenções.

Quem sabe do seu potencial não precisa se afobar.

 

Firmo Lopes, herói que lutou contra a Ditadura no Maranhão, morre aos 99 anos

firmolopesMais um dos heróis do Maranhão que que se vai e sua partida poderia passar despercebida. Firmo Lopes Filho faleceu aos 99 anos. Ele lutou pela classe trabalhadora e foi preso como subversivo durante os anos de chumbo. Assim como Maria Aragão e Neiva Moreira, Firmo Lopes foi preso por lutar pela classe trabalhadora.

O blog presta homenagem a este potiguar que abraçou o Maranhão como sua terra e esteve na luta contra a Ditadura que torturou e matou vários maranhenses.

Mais sobre a história de Firmo Lopes na carta escrita por seus familiares:

Firmo Lopes Filho

Nascido em Natal – Rio Grande do Norte, filho de Firmo Lopes do Carmo e Josefina Lopes de Macedo, Firmo Lopes Filho perdeu o pai quando ainda estava na barriga de sua mãe e, por conta da amizade do seu pai, tornou-se afilhado do Ex Presidente Café Filho, o qual o visitava com certa frequência. Começou trabalhar desde cedo. Aos 13 anos já enfrentava o mar como pescador na costa do Rio Grande do Norte em uma barcaça a vela.

Em 1936, com 18 anos, ingressou na Marinha de Mercante como “Moço de Convés”, prestando serviços nos navios: Itanajé, Itapajé e Itapé, da Companhia de Navegação Loyde Brasileiro.

Em 1942 foi destacado para ir buscar o navio Bauru B4, na Base Naval do Rio Grande do Norte para fazer patrulhamento entre a Estação 13 e Fernando de Noronha, numa viagem de aproximadamente 55 dias de vigilância ostensiva, desempenhando a função de municiador de canhão antiaéreo.

Ainda no Bauru, fez combóio de vários navios mercantes, inclusive com a presença constante de um dirigível, entre Trinidad Tobago, Porto of Spain até o Rio Grande do Sul. Após várias viagens, foi convocado para servir no navio hidrográfico Vital de Oliveira, realizando inúmeras viagens de patrulhamento.

Numa noite fria e quase sem estrelas no céu, em 1944, por torpedeamento de submarino inimigo às 4:00 horas da manhã e a 100 milhas da costa de Sergipe, veio a pique o navio Vital de Oliveira, que realizava o transporte de mais ou menos 400 pessoas à bordo, inclusive o Sr. Firmo Lopes. Neste acidente sobreviveram 17 pessoas, dentre elas este herói de guerra que passou 48 horas imerso no mar, sendo resgatado a 4 milhas da costa por navios de pesca. Neste episódio, Seu Firmo contava que ainda viu o submarino passando entre os restos do navio e corpos para ver se ainda tinha alguém vivo para serem mortos por fuzilamento. Por sorte, não passaram por perto dele.

Após o resgate, Seu Firmo foi transferido para o Rio de janeiro e ficou 1 mês internado no Hospital Marcílio Dias. Imediatamente após sua recuperação, foi convocado para embarcar no navio encouraçado São Paulo, deslocando-se para Recife.

Chegando a Recife, foi destacado para prestar serviços no navio americano: destróier SS Maika, ficando lá por pouco tempo. Logo depois foi convocado para prestar serviços na rede antitorpêdica, localizada em Recife, no quebra mar até o fim da guerra.

Em 08 de maio de 1945, desfilou na marcha da vitória na cidade de Recife.

Os relevantes trabalhos que prestou a Nação lhe renderam inúmeras medalhas de honra ao mérito e serviços de guerra, algumas, inclusive, solenemente entregues pelas Forças Armadas Nacionais e Presidência da República. Mais que merecido.

Em agosto de 1945 pediu baixa e deslocou-se até o Rio de Janeiro, onde voltou para a Marinha Mercante do Brasil, efetuando viagens para vários Países.

Em 1960, foi convocado pelo Sindicato dos Contra-Mestres, Marinheiros Moços e Remadores em Transportes Marítimos para vir a São Luís assumir a delegacia do Sindicato desta categoria.

No mesmo ano, deslocou-se para São Luís assumindo a Delegacia Sindicato dos Contra-Mestres, Marinheiros Moços e Remadores em Transportes Marítimos. Nesta época, a categoria não possuía nem piso salarial e os serviços oferecidos eram pagos a critério do contratante. Entretanto, após sua chegada, foi determinado um valor de serviços e estabelecido oportunidades iguais para todos os trabalhadores desta área. Medidas como estas causaram revolta aos empresários marítimos e a Delegacia Regional do Trabalho.

Nessa época, Seu Firmo deu visibilidade ao Sindicato, efetuando a convocação de profissionais da área e deu inúmeras entrevistas nos matutinos da época. Foi uma inovação para sofrida classe dos marítimos.

Sua família só chegou em 1961 e foram morar em um prédio na Rua Cândido Mendes nº 82, de propriedade de Ildon Rocha, pai do ex prefeito de Imperatriz Ildon Rocha.

A efervescência política da época por causa de inúmeras greves e as ideias comunistas que começava a tomar corpo no Brasil, fez com que qualquer líder sindical que lutasse por melhores remunerações de trabalho era tido como subversivo.

Às 1:00 hora da manhã do dia 1º de maio, dia do trabalho, Firmo Lopes Filho foi preso em sua residência e levado em um jipe do exercito cercado de metralhadoras e fuzis, para o 24º Batalhão de Caçadores, pois, havia uma ameaça de levante que iria acontecer naquele dia.

Por conta de sua aguerrida luta em prol dos trabalhadores marítimos, ficou preso 50 dias nas celas do 24º BC ao lado de Maria Aragão, Bandeira Tribuzi, Geraldo Coelho, Miguel Graciliano, Willian Moreira Lima e Gaudêncio, com quem tinha mais aproximação. Também dividia espaço do cárcere com mais outras pessoas, tais como Edson Vidigal, dentre outros…

Em suas conversas dizia que sua situação, na época, era muito perigosa, pois, era o único ex-combatente preso por subversão em São Luís e talvez no Brasil e isso, de certa forma, o colocava em risco eminente de uma represália mais efetiva do sistema da época.

Conversando com Seu Firmo é que pude entender uma frase que tinha lido em um livro e me chamou bastante atenção: “A prisão não são as grades e a liberdade não é a rua. Existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência”. (Mahatma Gandhi)

Após a saída da prisão, foi arbitrariamente posto para fora do sindicato pelos dirigentes pelegos que assumiram a presidência sindical no Rio de Janeiro. Entretanto, depois de dois anos de luta ganhou na justiça todos os direitos trabalhistas perdidos pela injusta demissão.

Em 1966 foi trabalhar como contramestre de embarcação no rebocador da Petrobrás. Logo após, em 1968, trabalhou na Construtora Itapoã, também como contramestre na construção das pontes do: São Francisco e Bandeira Tribuzi. Nas suas conversas, seu Firmo gabava-se dizendo que na época da construção da Ponte de São Francisco, muitas vezes, prestou serviço ao então Governador José Sarney e família levando-os para a casa de veraneio que fica no farol de São Marcos. Brincava que cansou de passar carão em Roseana e Zequinha Sarney porque viviam querendo mexer nos comandos da embarcação.

A intensa vida de Seu Firmo foi marcada por batalhas intensas, dizia que um homem é um combatente nato e que a felicidade e o êxito dos ideais só tinham valor se fossem precedidas de lutas. Isso me remete a frase: O verdadeiro heroísmo consiste em persistir por mais um momento, quando tudo parece perdido”. (W. F.  Grenfek).

Casou-se em 16 de agosto de 1945 com Dona Vanda Moreira Lopes e com ela teve os filhos; Paulo Roberto Moreira Lopes (Agrônomo), Luís Carlos Moreira Lopes (Economista e Advogado) e Lúcia Maria Moreira Lopes (Médica). Tem nove netos e 6 bisnetos.

Dia 29 de abril deste ano, aos 95 anos o combatente viajou para encontrar o criador deixando um legado de luta, honradez e gloria. Foi enterrado com honras militares tanto da Marinha quanto do Exercito. Aproveito para parabenizar e agradecer suas pertinentes iniciativas.

Tenho certeza que com a morte deste combatente, o Brasil e o Maranhão perdem uma substancial história e estimula a uma reflexão sobre a maneira tímida como nós brasileiros e maranhenses “cultuamos” os nossos próprios heróis, POIS SÃO GENTE SIMPLES E HEROIS SIMPLEMENTE ESQUECIDOS.

Família Moreira Lopes.

 

Os fantasmas de 1964

06/05/2011. Crédito: Neidson Moreira/OIMP/D.A Press. Brasil. São Luís - MA. Carlos Eduardo Lula, advogado.Por essas ironias do destino, na data de ontem celebramos (?) 50 anos do Golpe de 1964, no mesmo dia em que comemoro meu aniversário. Mas deixando de lado o infortúnio do meu natalício ser comemorado no mesmo dia do fatídico fato, devemos relembrar 31 de março de 1964 como ele realmente foi.

O 31 de março de 1964 foi um golpe militar que impôs a pior ditadura da história do Brasil, com tortura, mortes e censura. Sim, o que se estabeleceu em 1964 não pode ser caracterizado de outro modo.

Causa-me extrema preocupação uma revisão negacionista que tem ganhado corpo no Brasil. Marco Antonio Villa, por exemplo, acaba de lançar obra em que afirma textualmente que não é possível chamar de ditadura o período de 1964 até 1968, diante da movimentação político-cultural existente. Muito menos chamar de ditadura os anos 1979-1985, com a aprovação da Lei de Anistia e as eleições para os governos estaduais em 1982. Para ele, vivemos um pequeno período após o AI-5 que pode ser considerado ditadura. A ditadura não foi tão ditadura assim. Nada mais aterrorizante.

Uma possível releitura desse período seria apontar para o apoio dos civis aos primeiros momentos do Golpe. Não mais que isso. O golpismo não foi só dos militares, mas também dos civis.

Depois da tomada do poder pelas Forças Armadas, a imensa maioria da população acomodou-se e até aplaudiu. Com o passar dos anos e os excessos praticados pelo regime, a tendência nacional posicionou-se contra o mesmo.

Para isso, transcrevo alguns jornais de cinquenta anos atrás, que bem traduzem o sentimento da sociedade à época:

Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente das vinculações políticas simpáticas ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é de essencial: a democracia, a lei e a ordem. (O Globo – Rio de Janeiro – 4 de Abril de 1964)

Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade. Toda área localizada em frente à sede do governo mineiro foi totalmente tomada por enorme multidão, que ali acorreu para festejar o êxito da campanha deflagrada em Minas (…), formando uma das maiores massas humanas já vistas na cidade. (O Estado de Minas – Belo Horizonte – 2 de abril de 1964)

Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade … Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas. (Editorial do Jornal do Brasil – Rio de Janeiro – 1º de Abril de 1964)

Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República …O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve. (Correio Braziliense – Brasília – 16 de Abril de 1964)

O Brasil já sofreu demasiado com o governo atual. Agora, basta! (Correio da Manhã – 31/03/64 – Do editorial, BASTA!)

Quando a sociedade se deu conta, já era tarde. Junto com qualquer ditadura vêm a truculência, o arbítrio, a tortura e a censura. Querer minimizar crimes contra a humanidade, como os ocorridos nesse período, é contribuir para não exorcizarmos de vez os fantasmas de 1964.

 

Carlos Eduardo Lula é Consultor Geral Legislativo da Assembleia do Maranhão, Advogado, Presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/MA e Professor Universitário. e-mail: [email protected] . Escreve ás terças para O Imparcial e Blog do Clodoaldo Corrêa