Pânico para Sarney: PF faz operação contra propinas da ferrovia Norte-Sul

O ex-presidente José Sarney não acordou bem nesta quinta-feira (25). A Polícia Federal e o Ministério Público realizam a Operação De Volta aos Trilhos, que investiga crimes de lavagem de dinheiro decorrente do recebimento de propina nas obras da ferrovia Norte-Sul. Segundo as corporações, a ação cumpre 2 mandados de prisão preventiva, sendo um contra Jader Ferreira das Neves, filho do ex-presidente da Valec Juquinha das Neves, e outro contra o advogado Leandro de Melo Ribeiro.

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Em delações da Odebrecht, excecutivos citam que o grupo político do ex-presidente José Sarney recebeu entre 2008 e 2009 cerca de 1% sobre o contrato da obra, representado por Ulisses Assada, diretor de engenharia da Valec. Outros 3% seriam destinados ao grupo político do ex-deputado Valdemar da Costa Neto (PR), liderado por José Francisco das Neves, o ‘Juquinha’.

Os depoimentos que envolvem Sarney serão enviados à Justiça Federal de Goiás, onde já há apuração sobre a Valec, justamente onde ocorre a operação.

Conforme os procuradores, a ação baseia-se em acordos de colaboração premiada assinados com o MPF-GO pelos executivos das construtoras Camargo Corrêa e da Andrade Gutierrez, que confessaram o pagamento de propina a Juquinha das Neves. Além disso, a operação é embasada em investigações da Polícia Federal que levaram à identificação e à localização de parte do patrimônio ilícito mantido oculto em nome de terceiros (laranjas).

Os bilhões que envolvem a Ferrovia Norte-Sul e as propinas do Clã Sarney

O mapa acima mostra a grandeza da obra da ferrovia Norte-Sul e consequentemente o gigantesco desvio de dinheiro público com esta obra envolvendo a engenharia Valec, grupo político de Valdemar da Costa Neto e o grupo político de José Sarney.

Estima-se que foi gasto cerca de R$ 8 bilhões com a obra que está prestes a completar 30 anos e nunca transportou uma carga sequer. Ex-executivos da Odebrecht afirmaram que o grupo político do ex-presidente José Sarney recebeu 1% de propina nos contratos da obra entre 2008 e 2009.

Os valores de Sarney somam quase R$ 800 mil, no que foi identificado até o momento na ‘Planilha da Propina’ da empreiteira. De acordo com o ex-executivo Pedro Carneiro Leão Neto, os pagamentos eram feitos a Ulisses Assad, então diretor da Valec, que se referia ao político do Maranhão como ‘o Grande Chefe’ e ‘Bigode’ para solicitar a propina na obra.

Trem na Norte-Sul só parado com Sarney em cima. Mas bilhões foram despejados na obra.

Mas pela enorme obra e os valores envolvidos, a quantia de propina pode ser muito maior. A obra que já consumiu milhões, teve um trecho inaugurado em 2014 e ainda assim nunca funcionou é uma das maiores vergonhas nacionais com tanto dinheiro público escorrido pelo ralo.

As delações sobre Sarney e Costa Neto foram enviadas para a Justiça Federal de Goiás, onde já existe processo sobre o caso. Por lá, a Valec já teve bloqueado mais de R$ 7 milhões por conta dos desvios da obra. Conforme o inquérito conduzido pela Polícia Federal em Goiás, foi constatado que o consórcio integrado pelas empresas Construtoras Aterpa S.A e Ebate Construtora Ltda superfaturaram os serviços no contrato de R$ 31,2 milhões, recebendo por serviços não executados.

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A ligação direta de Fernando Sarney com as empresas investigadas por superfaturamento da ferrovia Norte-Sul é apenas uma parte do envolvimento do Clã com a Operação “O Recebedor”, desencadeada nesta sexta-feira (26) pela Polícia Federal.

A ligação direta de Roseana Sarney no esquema é investigada pela Polícia. A quebra de sigilo fiscal conseguida pelo Ministério Público Federal mostrou pagamentos das construtoras do cartel para o escritório do advogado Heli Dourado, aliado de primeira hora da família Sarney. Curiosamente no mesmo período do esquema, Roseana era representada por Heli em processos eleitorais. O advogado foi um dos responsáveis pela cassação do ex-governador Jackson Lago.

Por isto, o Ministério Público Federal investiga essa ligação. A influência do patriarca, José Sarney, foi verificada em interceptação telefônica do então presidente da Valec, Juquinha, com Heli Dourado, querendo a influência de Sarney para permanecer no cargo. Heli disse que  “Sarney conversou com o ministro duas vezes e não tem mais o que falar com ele; que ele sabe que a pessoa é sua indicada”.

O orquestrador da propina para as empresas do esquema da ferrovia teria ido até a casa de Sarney para evitar as quedas dos apadrinhados.

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A Operação da Polícia Federal desencadeada nesta sexta-feira (26) deve atingir em cheio o Clã Sarney. A Operação “O Recebedor” investiga pagamento de propina nas obras das ferrovias Norte-Sul e Integração Leste-Oeste. O empresário Fernando Sarney foi citado como possível membro da organização criminosa que superfaturou o contrato para construção da estrada de ferro no trecho entre o Pátio de Santa Isabel e o Pátio de Uruaçu, em Goiás, com sobrepreço da ordem de 29,45%.

No Inquérito Civil Público de improbidade aberto em 2009, o Ministério Público Federal acusa as empresas aliadas do Clã como Valec e Constran de superfaturamento. O procurador da República à época, Hélio Corrêa Filho, cita nominalmente Fernando Sarney e José Sarney. ele lamenta que o filho do oligarca tenha tido acesso às investigações com autorização do STJ, o que impediu os investigadores de chegarem ao organograma da organização criminosa.

fernandosarney

“Em razão disso, provas desapareceram e a identificação e individualização das condutas dos demais membros da organização criminosa (inclusive possível participação de Fernando Sarney) não pôde ser realizada, razão pela qual não foram incluídos nesta ação”, lamentou no requerimento à Justiça em desfavor dos investigados.

A Valec contratou, em janeiro de 2006, a empresa Constran para obras em trecho de 105 km, em Goiás, com sobrepreço da ordem de 29,45%.