Conselho aos governantes

Carlos Eduardo Lula

06/05/2011. Crédito: Neidson Moreira/OIMP/D.A Press. Brasil. São Luís - MA. Carlos Eduardo Lula, advogado.Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e mais conhecido como Marquês de Pombal nasceu em 1693 e morreu em 1782. Descendente de uma família de juízes, sua avó era brasileira. Foi Ministro do Rei D. José I de Portugal, de 1750 a 1777, tendo sua história interpretações controversas.

De todo modo, no momento por que passa nosso estado, aqui relembramos alguns conselhos em carta enviada por ele ao então governador do Maranhão, seu sobrinho, Joaquim de Melo e Póvoas, que dirigiu nosso povo entre 1761 e 1775.

A justiça e a paz com que V. Exª o governar o farão igualmente benquisto e respeitado porque, com uma outra causa, se sustenta a saúde pública. Engana-se quem entende que o temor com que se faz obedecer é mais conveniente do que a benignidade com que se faz amar, pois a razão natural ensina que a obediência forçada é violenta, e a voluntária segura.

Eis o primeiro conselho, já colocado no início da carta. A obediência deve advir antes do respeito que do temor. De nada adianta a um governante ter o respeito dos seus súditos caso ele lhe seja imposto. Não tenham dúvidas de que aqueles que respeitam por temor, na primeira oportunidade tudo farão para por fim ao jugo de quem governa tiranicamente.

Casos há em que se deve usar de rigor, apesar da própria vontade; assim como vemos pelo professor, ou cauterizar uma chaga, ou cortar um braço para restaurar a saúde de uma vida, da mesma forma quem governa, se não pode conservar a saúde do corpo do misto da República, por causa de um membro podre, justo é cortá-lo para não contaminar a saúde dos demais.

Eis outro conselho que os Governantes muito relutam em aceitar: não tenham receio de demitir os seus conselheiros mais próximos sob pena de a saúde dos demais ser contaminada com os mesmos vícios. Para tanto, os Governantes também deviam lembrar-se de que não se admite quem não se pode demitir. Tal medida, por maior trauma que possa trazer de início, permitirá que no futuro o organismo inteiro não padeça dos mesmos vícios do praticante de ilícitos.

Os aduladores não se conhecem pelas roupas que vestem, nem pelas palavras que falam; quase todos os que os ouvem são do gênio do rei Acab, que só estimava os profetas que lhes prediziam cousas que os lisonjeavam; e porque Miqueias em certa ocasião lhe disse o que não lhe convinha, logo o apartou de si com ódio. Quase todos os que governam querem que os lisonjeiem, e sempre ouvem com agrado os elogios que se lhes fazem. Desta espécie de homens ou de inimigos em toda a parte se encontram; e V.Exa. os achará ta,bem no seu governo, aparte-os, pois, de si, como veneno mortal.

Eis outro conselho que os governantes maranhenses relutam em cumprir: desfazer-se dos bajuladores e puxa-sacos. Tais indivíduos florescem a não mais poder em todos os governos sempre atrás de benefícios privados. Escondem-se sob o manto de protetores do rei e com seu discurso encantador enchem o coração do Governante de veneno mortal. Marquês de Pombal chega a compará-los com stelliões (de onde deriva a palavra estelionato), animais que não matam com veneno, mas entorpecem quem os vê. Assim são os aduladores, se não negarmos a eles atenção, paralisam o ânimo e os sentidos de um governo.

Nunca V. Exa. Trate mal de palavras nem ações a pessoa alguma dos seus súditos, e que lhe fazem requerimento; porque o superior deve mandar castigar, que para isso tem cadeias, ferro e oficiais que lhe obedeçam; mas nunca deve injuriar com palavras e afrontas, porque os homens se são honrados sentem ao menos o peso dos grilhões e a privação da liberdade que a descompostura de palavras ignominiosas; e se o não são, nenhum fruto se tira em proferir impropérios. Quem se preocupa de suas paixões, faz-se escravo delas, e descompõe a sua própria autoridade.

O Governantes deve mostrar em todos os momentos, de paixão e de perigo, superior e inalterável. A prudência e o valor são os atributos necessários nesse momento. Como já lembrado no primeiro conselho, a obediência deve advir antes do respeito que do temor. O poder conferido a um governante jamais deve servir para vingar suas paixões.

Por fim, relembremos ainda o maior de todos os Conselheiros, Nicolau Maquiavel: um príncipe que não seja por si mesmo sensato não pode ser bem aconselhado. É que não basta aos governantes os bons conselhos de quem está à sua volta, é necessário sensatez para chegar a um consenso das opiniões e saber separar as boas das más. Se insensato, o príncipe não saberá nem entendê-las, nem corrigi-las, de modo que não é a prudência do príncipe que surge dos bons conselhos, mas o inverso: os bons conselhos surgem, antes, da prudência do príncipe. Em momentos de crise, os clássicos sempre trazem respostas para nossas indagações.

 

Carlos Eduardo Lula é Consultor Geral Legislativo da Assembleia do Maranhão, Advogado, Presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/MA e Professor Universitário. e-mail: [email protected]. Escreve ás terças para O Imparcial e Blog do Clodoaldo Corrêa.

Judiciário responde acusações de Roseana

Cleonice Freire reagiu às críticas de Roseana ao Judiciário.

Cleonice Freire reagiu às críticas de Roseana ao Judiciário.

A presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Cleonice Freire,  respondeu às críticas da governadora Roseana Sarney que atribui à morosidade da Justiça como uma das causas para o problema carcerário e consequentemente da segurança no Maranhão. Ela afirmou que o Poder Judiciário vem cumprindo o seu dever constitucional na decretação de prisões quanto à soltura de réus, nos casos em que a lei obriga. E que não cabe buscar culpados para a crise no sistema penitenciário, mas soluções.

“A origem dos problemas atuais no sistema carcerário é histórica e envolve fatores externos, como a falta de espaço físico para o encarceramento, número insuficiente de defensores públicos, ineficiência dos inquéritos policiais, entraves na instrução processual e outros, que independem do Judiciário e devem ser considerados na busca de soluções definitivas para essa crise”, afirmou a desembargadora.

Em nota divulgada à imprensa, disse que as causas mais determinantes para o agravamento da questão carcerária decorrem de fatos independentes do Poder Judiciário e que o tribunal vem desempenhando seu papel para a redução de presos provisórios.

Veja a nota:

O Tribunal de Justiça do Maranhão, em face dos últimos acontecimentos registrados no sistema penitenciário do Estado, que ensejaram momentos de crise na segurança pública, com lamentáveis perdas humanas, esclarece o seguinte:

1.   As causas mais determinantes para o agravamento da questão carcerária decorrem de fatos independentes do Poder Judiciário;
2.   O déficit de vagas no sistema penitenciário no ano de 2013, em torno de 3.0 00, conforme dados fornecidos pelas secretarias de Segurança Pública e Administração Penitenciária, demonstra aumento significativo comparado ao registrado em 2011, de 2.400 vagas;
3.  Em decorrência da falta de vagas, há um número excessivo de presos – provisórios ou não – em delegacias.
4.   A relação do número de presos por 100 mil habitantes no Estado é de 86.75, segundo dados do mutirão carcerário de 2011, bem abaixo de estados com menor população e extensão territorial, onde não tem sido identificado descontrole na gestão carcerária;
5. Até o primeiro semestre do ano passado, o Maranhão encontrava-se dentro da média nacional, em relação ao número de presos provisórios, não sendo este o fator determinante para o agravamento da situação no sistema carcerário;
6.    Contribuem para o aumento do número de presos provisórios entraves decorrentes de adiamentos de audiências de instrução e julgamento pela não apresentação de acusados; a falta de defensores públicos, notadamente no interior; e, ainda, a dificuldade de nomeação de defensores dativos.
7.  O Poder Judiciário maranhense vem desenvolvendo programas e ações com vistas ao saneamento da execução penal, promovendo a redução do número de presos provisórios e garantindo os direitos dos condenados e egressos;
8.  Por fim, ressalta-se que a responsabilidade na solução dos problemas carcerários, com relação à estruturação física destinada aos detentos, não compete ao Poder Judiciário.

 

Desembargadora Cleonice Silva Freire

Presidente

 

Destaque para crise no sistema carcerário do MA na mídia nacional

penitenciariaMais destaque na Rede Globo de televisão para a crise no sistema carcerário do Maranhão. A primeira foi na noite de ontem (26) à noite no Jornal da Globo. Na sequência, na manhã de hoje, a crítica foi no Bom Dia Brasil. Folha de São Paulo também criticou situação.

O Jornal da Globo afirmou que o governo federal irá apressar a construção de presídios no país através de medida provisória por conta da pressão gerada pela grave crise do sistema prisional no Maranhão. A reportagem também lembrou o que já vinha sido tratado por este blog. Em 2011, o Governo Federal mandou para o Maranhão, R$ 22 milhões. Dinheiro para ser usado nos presídios. O estado não usou nada e o dinheiro voltou para o Tesouro.

No Bom Dia Brasil, a cobrança foi mais dura por soluções. “O governo do Maranhão precisa dar uma resposta com a falta de respeito aos direitos humanos. A desculpa de falta de dinheiro não pode mais ser usada pelo governo do Maranhão”, disse a jornalista Cláudia Bontempo.

A Folha de São Paulo publicou um editorial com o título “Cenas Maranhenses”. “Tal situação não se estabelece sem a complacência de autoridades. Não só os encarregados da disciplina do presídio se mostram destituídos de poder, quando não cúmplices dessas cenas dantescas. Também a governadora Roseana Sarney (PMDB) e seus auxiliares diretos têm responsabilidade diante desses fatos. Com capacidade para 1.700 detentos, o maior presídio maranhense tornou-se a arena em que 2.500 se engalfinham”, afirma o Editorial.

Governo Roseana vive dias de crise com aliados

Do Blog do Domingos Costa, com edição

Crises com aliados marcaram semana política do governo.

Crises com aliados marcaram semana política do governo.

Os fatos políticos nesta semana, não foram nada agradáveis para o grupo Sarney. A semana foi marcada por crises com aliados da primeira linha: Priscylla Sá, Ricardo Archer Júnior e Stênio Rezende foram alguns aliados que entraram em choque com o Palácio dos Leões.

Logo na segunda-feira 09/12, a deputada estadual Priscylla Sá (PEN) foi à Tribuna da Assembleia  e demonstrou toda sua indignação por não ter sido convidada para participar da solenidade de assinatura do convênio celebrado entre a Prefeitura de Presidente Dutra e o Governo do Maranhão. A deputada governista apadrinhada pelo dono da Mirante, Fernando Sarney, disse que os secretários de Roseana estão distribuindo convênios de acordo com seus interesses políticos.

“O que me revoltou foi a articulação do Luis Fernando. Isso que me chateia, pois me boicotarem dentro da minha cidade, não posso aceitar”.  dsse a Deputada.

Na terça-feira 10/12, foi a vez do ex-secretário de Articulação Política de Roseana que teve passagem relâmpago pelo Governo, Ricardo Archer,  após ser  exonerado por conta da lei da Ficha Limpa, conseguiu emplacar o filho, suplente de deputado federal Ricardo Antônio Archer.

O problema é que os aliados não confiam em Ricardinho para resolver seus problemas. Quando alguém é direcionado para a pasta tentando resolver algum pepino, logo dispara: “Revolver com esse menino o quê? Ele não tem poder de resolver nada!” 

Os próprios aliados da família Sarney murmuram pelos corredores do Palácio Henrique de La Roque reclamando das desarticulação do Governo.

Na quinta-feira 12/12, o deputado estadual Stênio Rezende (PRTB) mandou um recado para a Governadora Roseana Sarney e seu pré-candidato a governador Luis Fernndo, disse: “Se for assim eu não voto em nenhum candidato do PMDB”, se referindo a tentativa via Justiça da cúpula do seu antigo partido, o PMDB, de tentar tomar seu mandato por infidelidade partidária, em virtude do parlamentar ter deixado a legenda para se transferir para o PRTB.

A declaração, que pra muitos, beira a radicalidade, foi em resposta ao Agravo que o PMDB impetrou para recorrer da vitória de Stênio Rezende no Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão. A insistência do partido na tentativa de tomar seu mandato, fez o Deputado Estadual declarar que não deve votar em nenhum candidato do PMDB para o Governo do Maranhão.

Roberto Costa teve que por panos quentes e pedir para que o partido não recorresse da decisão que permitiu a saída de Stênio do PMDB.

A crise continua forte dentro do grupo Sarney.