Pra ficar contra Dino, Rocha se alia até a Renan e critica a Lava Jato

Dois dias após o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Félix Fisher, atender pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e inocentar o governador Flávio Dino (PCdoB), o senador Roberto Rocha (PSB) fez um aparte ao discurso do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no Congresso Nacional para criticar a Operação Lava Jato e a decisão do procurador-geral Rodrigo Janot, que encerrou qualquer suspeita contra Dino.

“O governador do Maranhão foi denunciado, e, ontem, o procurador-geral da República pediu o arquivamento da sua denúncia”, disse o parlamentar maranhense.

Rocha, que chegou ao Senado escorado na chapa vitoriosa de Flávio Dino em 2014, rompeu com o atual governador um ano após ter assumido o cargo, e no ano passado declarou ter interesse em disputar o governo do Estado contra Dino em 2018.

Rival confesso do governador, uma investigação contra Dino no STJ seria uma das “armas” de Roberto Rocha para tentar depreciar a campanha de reeleição do comunista no próximo ano.

No Senado, Renan Calheiros criticou as decisões de Janot com a tese de que o procurador-geral da República age “com dois pesos e duas medidas” nas denúncias contra envolvidos na Lava Jato. A ira do peemedebista contra Janot não é à toa: Calheiros foi denunciado pela PGR ao Supremo Tribunal Federal na última sexta-feira (25), acusado de corrupção passiva e lavagem em esquema de recebimento de propina oriunda de contratos da Transpetro.

Ao entrar em sintonia com a narrativa de Renan, Roberto Rocha, também conhecido como “Asa de Avião”, dá sinais de que topará qualquer aliança para 2018 para tentar derrubar o opositor Dino nas próximas eleições. Mas a missão de Rocha é difícil. Ele não conta com apoio do próprio partido para o seu projeto eleitoral em 2018 e amarga alta rejeição popular entre os maranhenses.

A única saída possível para a candidatura de Rocha é uma aliança com o grupo Sarney e com o governo de Michel Temer (PMDB). No entanto, ventila-se uma possível candidatura de Roseana Sarney (PMDB). Caso isso ocorra, o senador Asa de Avião pode ver seu sonho de governar o Maranhão ainda mais distante da realidade.

Janot pede abertura de inquérito contra Sarney, Renan e Jucá por obstrução à Lava Jato

De O Globo – BRASÍLIA – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito contra os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), o ex-presidente da República José Sarney (PMDB) e também contra o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Eles são acusados de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato.

Ano passado, Janot chegou a pedir a prisão de Renan, Sarney e Jucá por tentativa de embaraçar a apuração sobre corrupção na Petrobras.

Mas o então relator da Lava-Jato Teori Zavascki, morto em acidente aéreo mês passado, rejeitou ou pedido. O ministro entendeu que não poderia decretar a prisão porque não houve flagrante nos supostos crimes atribuídos aos parlamentares.

O pedido de inquérito tem como base seis horas de conversas gravadas por Sérgio Machado com Renan, Sarney e Juca. Numa das conversa, Jucá diz que é necessário “estancar a sangria” da Lava-Jato. Num outro diálogo, Renan fala em mudar a lei e restringir as delações, base das acusações mais explosivas da Lava-Jato contra ele e outros políticos investigados até agora. Com Sarney, Machado discute a derrubada da então presidente Dilma Rousseff para diminuir a pressão das investigações.

“No Termo de colaboração 10, o ex-diretor da Transpetro explicou o conteúdo de cerca de seis horas de conversas gravadas com os outros envolvidos, que demonstram a motivação de estancar e impedir, o quanto antes, os avanços da Operação Lava Jato em relação a políticos, especialmente do PMDB, do PSDB e do próprio PT, por meio de acordo com o Supremo Tribunal Federal e da aprovação de mudanças legislativas”, diz texto divulgado pela Procuradoria-Geral da República para explicar o pedido de inquérito.

Para Janot, Renan, Sarney e Jucá estavam se articulando para criar uma base de apoio político e, com isso, ” aprovar a proibição de acordos de colaboração premiada com investigados ou réus presos; a proibição de execução provisória da sentença penal condenatória mesmo após rejeição dos recursos defensivos ordinários, o que redunda em reverter pela via legislativa o julgado do STF que consolidou esse entendimento; e a alteração do regramento dos acordos de leniência, permitindo celebração de acordos independente de reconhecimento de crimes”.

Janot argumenta ainda que nas conversas os parlamentares tiveram a ousadia de falar sobre cooptação de ministros do STF para anistiar políticos acusados de corrupção e, ao mesmo tempo, validar as leis de esvaziamento da Lava-Jato.

– Não bastasse a trama para mudar a legislação, os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá e o ex-presidente José Sarney ainda revelam o plano de incluir o Supremo Tribunal Federal, reserva necessária de sobriedade institucional, na costura política de um grande acordo espúrio para evitar o avanço do complexo investigatório- afirma Janot.

O procurador-geral também considerou espantosa a manobra do grupo que, segundo ele, incluía a redução de poderes o Ministério Público e do Judiciário a partir de uma nova constituinte. Janot entende que o plano do grupo era claramente sabotar o Estado em defesa de interesses próprios e nada republicanos.

“É chocante, nesse sentido, ouvir o senador Romero Jucá admitir, a certa altura, que é crucial ‘cortar as asas’ da Justiça e do Ministério Público, aduzindo que a solução para isso seria a Assembleia Constituinte que ele e seu grupo político estão planejando para 2018”, afirma o procurador-geral. Caberá o novo relator, Edson Fachin decidir se autoriza a abertura de inquérito.

OUTRO LADO

O presidente nacional do PMDB e líder do governo Michel Temer no Senado, senador Romero Jucá (RR), negou em nota, ter feito qualquer intervenção nas investigações da Lava-Jato. E ressalta que, por essa razão, não tem “preocupação” com a abertura de mais um inquérito contra ele.

“A defesa do senador Romero Jucá afirma que não há preocupação emrelação à abertura do inquérito, pois não vê qualquer tipo de intervenção do mesmo na operação Lava-Jato. Ressalta que a única ilegalidade é a gravação realizada pelo senhor Sergio Machado, que induziu seus interlocutores nas conversas mantidas, além de seu vazamento seletivo. O senador Romero Jucá é o mais interessado em que se investigue o caso e vem cobrando isso da PGR reiteradamente desde maio do ano passado”, diz a nota.

O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também negou, em nota, que tenha feto algo para “embaraçar ou dificultar” a investigação.

“‬O senador Renan Calheiros esclarece que não fez nenhum ato para embaraçar ou dificultar qualquer investigação e que sempre foi colaborativo, tanto que o Supremo Tribunal Federal já manifestou contrariamente à pedido idêntico. O senador reafirma que a possibilidade de se encontrar qualquer impropriedade em suas contas pessoais ou eleitorais é zero. O senador está convencido de que, a exemplo do primeiro inquérito, os demais serão arquivados por absoluta falta de prova”, diz a nota.

Gravação de Renan: Sarney no centro de inteligência da máfia contra Lava Jato

sarney

As gravações de conversas entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, divulgadas na edição desta quarta-feira (25) do jornal “Folha de S.Paulo”. E nas gravações, Sarney é citado para ajudar a resolver a situação da Lava Jato.

Na conversa, Machado pede que Renan tenha uma conversa com José Sarney para que ele não seja preso e não tenha que fazer delação premiada contra Sarney, Renan e Romero Jucá.

Confira o trecho

MACHADO – Renan, esse cara é mau, é mau, é mau. Agora, tem que administrar isso direito. Inclusive eu estou aqui desde ontem… Tem que ter uma ideia de como vai ser. Porque se esse vagabundo jogar lá embaixo, aí é uma merda. Queria ver se fazia uma conversa, vocês, que alternativa teria, porque aí eu me fodo.

MACHADO – O Janot tem certeza que eu sou o caixa de vocês. Então o que que ele quer fazer? Ele não encontrou nada nem vai encontrar nada. Então ele quer me desvincular de vocês, mediante Ricardo e mediante e mediante do Paulo Roberto, dos 500 [mil reais], e me jogar para o Moro. E aí ele acha que o Moro, o Moro vai me mandar prender, aí quebra a resistência e aí fudeu. Então a gente de precisa [inaudível] presidente Sarney ter de encontro… Porque se me jogar lá embaixo, eu estou fodido. E aí fica uma coisa… E isso não é análise, ele está insinuando para pessoas que eu devo fazer [delação], aquela coisa toda… E isso não dá, isso quebra tudo isso que está sendo feito.

RENAN – [inaudível]

RENAN – Sarney.

MACHADO – Sarney, fazer uma conversa particular. Com Romero, sei lá. E ver o que sai disso. Eu estou aqui para esperar vocês para poder ver, agora, é um vagabundo. Ele não tem nada contra você nem contra mim.

RENAN – Me disse [inaudível] ‘ó, se o Renan tiver feito alguma coisa, que não sei, mas esse cara, porra, é um gênio. Porque nós não achamos nada.’

MACHADO – E já procuraram tudo.

[…]

RENAN – [Mudando de assunto] Bom, isso aí então tem que conversar com o Sarney, com o teu advogado, que é muito bom. [inaudível] na delação.

MACHADO – Advogado não resolve isso.

RENAN – Traçar estratégia. [inaudível]

MACHADO – [inaudível] quanto a isso aí só tem estratégia política, o que se pode fazer.

RENAN – [inaudível] advogado, conversar, né, para agir judicialmente.

MACHADO – Como é que você sugeriria, daqui eu vou passar na casa do presidente Sarney.

José Sarney e Renan Calheiros também foram gravados por Sérgio Machado

Sarney e Renan também foram gravados como Romero Jucá

Sarney e Renan também foram gravados como Romero Jucá

Lauro Jardim – Sérgio Machado não gravou apenas Romero Jucá. O ex-presidente da Transpetro na era PT registrou também áudios de  Renan Calheiros e José Sarney. Nestes dois casos, os registros foram feitas por conversas privadas teve com cada um dos dois, separadamente.

Quem teve acesso aos áudios diz que o que foi revelado hoje em relação a Jucá “não é nada” comparado ao que Renan e Sarney disseram.

As gravações foram feitas no âmbito da delação premiada que Sérgio Machado está negociando com a Procuradoria-Geral da República desde março. O acordo com a PGR foi selado na semana passada.

Na delação, Machado gravou apenas três políticos: o responsável pela sua indicação para a Transpetro (Renan), Sarney e Jucá. Mas comprometeu outros senadores do PMDB. São eles Jáder Barbalho e Edison Lobão.

Eduardo Cunha, Aécio Neves, José Dirceu e Lula não aparecem nos depoimentos dados por Machado.

A delação de Machado está na mesa do ministro Teori Zavascki, esperando homologação.

Deputados do PT vão ao Supremo contra Renan por ignorar decisão de Waldir

Lindberg Farias (PT-RJ) diz que só a Câmara poderia rever decisão do presidente da Casa

Lindberg Farias (PT-RJ) diz que só a Câmara poderia rever decisão do presidente da Casa

O GLOBO, DE BRASÍLIA – Senadores do PT vão ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de ignorar a decisão de anular o processo de impeachment na Câmara e levar adiante a votação do do parecer de Antonio Anastasia (PSDB-MG), aprovado na comissão especial. que pode afastar a presidente do cargo por até 180 dias. Calheiros afirmou que vai manter o cronograma do processo do impeachment na Casa, apesar do posicionamento do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA).

— Vamos preparar na bancada um recurso ao STF contra a leitura do parecer — disse ao GLOBO o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Os petistas questionam a decisão por entender que somente a Câmara poderia rever a decisão de Maranhão, e não o presidente do Senado. Ressaltam que o STF tem tratado questionamentos sobre o rito como “interna corpus” e, portanto, não caberia a uma casa legislativa “anular” ato da outra.

O vice-líder do governo na Câmara, deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) disse que a decisão do presidente do Senado é uma agressão à Constituição.

— Renan Calheiros, infelizmente acaba de agredir a Constituição. Ele tomou uma decisão literalmente equivocada e política. A decisão do senador Renan é, do ponto de vista jurídico, constitucional, lamentável — disse o deputado, acrescentando:

— Não é a Mesa da Câmara que decide essa petição da Advocacia-Geral da Uniião (AGU). Segundo o regimento, isso é prerrogativa do presidente da Câmara. A AGU não errou em nada, fez tudo certo, e nós vamos judicializar essa questão do impeachment. Porque não pode Renan Calheiros tomar uma decisão equivocada e a gente ficar parado.

O deputado ainda criticou a oposição, que vai entrar no Conselho de Ética contra Waldir Maranhão.

Roberto Rocha vota em Luiz Henrique; Lobão e João Alberto em Renan Calheiros

O primeiro embate do Senado já demonstra a importância do Maranhão ter uma voz divergente dos interesses do grupo Sarney no Senado Federal. A eleição da presidência da Casa promete ser acirrada com dois candidatos do PMDB: Luiz Henrique (SC) e Renan Calheiros (AL).

Roberto Rocha e senadores do PSB votam em Luiz Henrique

Roberto Rocha e senadores do PSB votam em Luiz Henrique

É de conhecimento de todos a relação de Calheiros com Sarney e o lado peemedebista mais ligado a escândalos. Ele foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes de corrupção pela Procuradoria Geral da República (PGR). O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, denunciou o senador por peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso.

Roberto Rocha fechou com os outros senador do PSB o voto em Luiz Henrique, nome mais leve, sem ligações com grandes escândalos. Tradicionalmente, o partido com maior número de senadores indica o presidente, no caso, o PMDB. Como não há como votar em outro partido, os socialistas preferiram o nome menos ruim.

Segundo Rocha, Henrique se comprometeu com as propostas apontadas pelo PSB: discussão e votação de uma reforma política, concreta e objetiva, que contemple, principalmente, o financiamento de campanhas e o estabelecimento de cláusulas de desempenho eleitoral; votação de uma reforma tributária e um novo pacto federativo que fortaleça Estados e municípios; democratização do Senado Federal, com mudanças no Regimento Interno, que ampliem a participação de todos os senadores nas relatorias e presidências de Comissões Permanentes, Temporárias, Mistas, Especiais e de Inquérito, rompendo com a atual centralização e concentração de poderes nas mãos de um seleto e reduzido grupo, que por cerca de duas décadas se revezam no Poder.

João Alberto e Lobão vão de Renan

Os senadores sarneystas João Alberto e Edison Lobão fecharam com Renan Calheiros. Na última sexta-feira (30), os dois e participaram da reunião da cúpula do PMDB que definiu a candidatura do enrolado senador como oficial do PMDB.

Os dois já haviam votado em Renan em 2013, quando venceu a eleição.