Por Clodoaldo Corrêa e Leandro Miranda
O deputado licenciado e secretário estadual de Ciência e Tecnologia e Inovação, Bira do Pindaré, fala sobre o futuro político e a atuação na secretaria para desenvolver a formação tecnológica e profissional no Maranhão. Bira não quis se colocar como pré-candidato a prefeito de São Luís, mas deu a entender que busca este entendimento em seu partido. Ele alega que sua maior preocupação é que o resultado da eleição de 2016 não atrapalhe o projeto de mudança no Maranhão liderado pelo governador Flávio Dino.
Bira afirmou que pretende continuar no PSB e espera que o partido encontre seu caminho ela esquerda. Ele criticou a quase fusão com o PPS, pela diferença ideológica entre as legendas. O secretário nem pensa em retorno ao PT, pelo grau de fragilidade hoje da legenda.
Sobre a atuação na Secti, Bira deu como prioridade a implantação dos Iemas (Instituto de Ensino Profissional e Tecnológico do Maranhão). Ele lamentou o desvio de R$ 30 milhões na da Univima, que poderia reforçar muito as ações da Universidade no Maranhão.
Como se deu sua saída do mandato de deputado para assumir a pasta da Ciência e Tecnologia? E como o senhor avalia a atuação dos deputados que estão hoje na Assembleia Legislativa?
Eu tinha preferência de ficar na Assembleia. Falei isso para o próprio governador. Mas ele me convenceu da importância das ações dessa pasta e estamos cumprindo esta missão em plena sintonia com o projeto de mudança liderado pelo governador Flávio Dino. É evidente que existe uma mudança na Assembleia, pois a correlação de forças é diferente. A grande maioria dos deputados que fazia o embate enquanto oposição não está mais na Casa. O deputado Marcelo Tavares e eu estamos em secretarias e o deputado Rubens Júnior agora é federal. Mas eu acho que aos poucos, ficará mais claro as posições e as pessoas que chegaram agora adquirem maior maturidade e certamente um maior engajamento.
A secretaria de Ciência e Tecnologia é uma das mais importantes para o desenvolvimento do Maranhão e uma das prioridades do governo Flávio. Quais são os projetos que estão sendo desenvolvidos na secretaria para garantir educação profissional de qualidade?
O governador me disse que queria uma atenção especial para educação profissional e tecnológica. Por isto, foi criado o Iema – Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão. A exemplo do Ifma, vai fazer a interface, garantindo ações na formação profissional e tecnológica. O Iema já é uma realidade, a lei já foi aprovada na Assembleia. Temos uma meta de 23 unidades para o estado. Já estamos recebendo os terrenos de prefeituras e podemos também receber de particulares. Estabelecemos o prazo até o dia 12 de junho para receber as propostas dos terrenos. E temos uma meta de pelo menos cinco unidades para serem inauguradas já em fevereiro de 2016. Uma delas será o antigo Marista, em São Luís, que será todo reforçado, todo adaptado para formar tanto no nível médio-tecnológico quanto no superior, algo inédito. Um braço forte na capacitação tecnológico. É a nossa prioridade máxima. Temos um déficit muito grande. Temos o menor número de graduados do Brasil, o menor número de mestres, de doutores, um índice baixo de patentes. Isto tudo reflete no desenvolvimento local.
Serão 23 municípios selecionados para receber as unidades do Iema. Como se deu o processo de escolha dos municípios beneficiados? E haverá alguma cooperação município-Estado?
Primeiro que o governador Flávio Dino não faz acepções políticas, inclusive tendo beneficiado municípios de prefeitos do outro campo. O critério foi priorizar as cidades médias, com maior demanda. Priorizar municípios que não tem um Ifma, e priorizamos situações onde existia estrutura que nos permitissem iniciar imediatamente. Como o caso de Bacabeira, que é um município pequeno, mas ofereceu uma escola pronta, feita em parceria com a Petrobrás. Contemplamos também São Luís e Imperatriz, que têm a maior demanda do estado. Se pegar o mapa dos Iemas cobrimos Norte-Sul-Leste-Oeste. É uma distribuição muito equilibrada. Os cursos estão sendo discutidos com a participação popular e não será uma imposição do governo, mas construiremos com cada uma das regiões a escolha.
E quais são os principais avanços já concretizados da sua pasta nos primeiros cinco meses?
A criação do Iema é um avanço. Esta nova visão de rede de ensino profissional e tecnológico. A preparação do Proetec – semelhante ao Pronatec em nível nacional – nós vamos oferecer cursos de formação continuada atendendo as pessoas mais vulneráveis e priorizando a agricultura familiar. Estudos já avançados para melhoria internet, pois não temos um cinturão digital. Vamos levar internet para o Sul do estado e cobrir a região Leste. Já foi aprovado pelo governador e estamos em estado final para o programa Cidadão do Mundo Vamos estimular jovens da rede pública a ter outro idioma, com intercâmbios internacionais para adquirir a fluência em outro idioma. A Uema também já ganhou investimentos para construção de um novo Campus em Imperatriz. Teremos um novo Campus na Baixada, no município de São Bento e estamos buscando recursos para estender a rede da Uema para novas unidades.
Recentemente foi descoberto o caso de desvio de R$ 30 milhões da Univima. Qual o impacto deste desvio nas ações da Universidade Virtual do Maranhão?
É um dinheiro que foi surrupiado. Abala porque é um dinheiro que faz falta nas políticas públicas, que deveria ter sido investido. Agora, do ponto de vista político, não cria instabilidade para nós. Estamos conduzindo o processo da maneira mais transparente possível. Inclusive dando as informações solicitadas pelas autoridades policiais para que eles façam as investigações devidas e punam os responsáveis por esta maracutaia.
E como ficou a obra da Univima na Praça Maria Aragão?
A obra não tinha nem licença para ser construída e foi embargada ainda em dezembro do ano passado. Quando assumimos, determinados que ela fosse deslocada para outra área da cidade, e deve ser construída no terreno do antigo colégio Maristas. Na Maria Aragão, nossa prioridade é construir o Museu do Saber, um museu da ciência e da arte do Maranhão, que é o projeto deixado pelo Oscar Niemeyer para o ex-governador Jackson Lago. Esse projeto é nosso, é do governo. Agora, vamos buscar recursos para a construção desta obra, que vai complementar a Maria Aragão e será um cartão de visita da nossa cidade, para apresentar lá o saber do Maranhão e que identifica o estado.
Quais procedimentos estão sendo tomados para tornar as ações da secretaria mais transparentes, a exemplo da distribuição de bolsas de estudo da Fapema? Foram encontradas irregularidades na concessão destas bolsas?
Acertamos que esta lista seria divulgada mensalmente. E está sendo através do site da Fapema. Não existem mais bolsas secretas nem bolsas com outras intenções que não sejam o desenvolvimento científico e tecnológico do Maranhão. Temos indícios sobre estas irregularidades, mas deixamos isto para o órgão competente que é a Secretaria de Transparência, que pode investigar e agir com rigor. E temos que elogiar a ação da Secretaria de Transparência que tem feito este trabalho em todo o governo e o resultado está aparecendo. Uma das medidas mais acertadas do governador Flavio Dino foi criar uma secretaria própria para isso e dando as condições para produzir resultado. Aí as secretarias não param suas atividades fins e tem uma secretaria para isso. É muito eficiente.
Secretário, como o senhor avalia a fusão PSB-PPS, que já parece praticamente descartada, e quais os caminhos do PSB a partir de agora?
Eu sempre me coloquei contrário, porque entendo que a fusão da forma que estava sendo encaminhada era totalmente artificial. São duas trajetórias completamente distintas. Esta fusão não tinha encaixe ideológico, mas estava pautada em conivências e por isto mesmo esta fragilidade. Graças a Deus está praticamente descartada. Espero que a partir daí o PSB possa tomar seu caminho estratégico, pensar em se fortalecer pela esquerda, como sempre foi seu caminho.
O senhor é pré-candidato a prefeito de São Luís?
Eu não posso ainda afirmar isso. Acho que ainda é cedo para falar em eleição municipal. Sou secretário de um governo e priorizo as ações do governo. Prefiro falar de questão eleitoral a partir de 2016, inclusive em sintonia com o que pensa o governador, que eu acho correto. Acho que não pode deixar que eleição municipal contamine o andamento do governo.
Mas é fato que o senhor é deputado estadual com expressiva votação em São Luís e dentro do PSB, haveria interesse partidário na disputa na capital com candidatura própria?
O PSB tem interesse e vai participar e discutir ativamente o melhor caminho a ser seguido na capital. Eu, em particular, tenho meu nome lembrado desde 2008 nas eleições municipais na capital. Até hoje não tive oportunidade de ser candidato a prefeito. Do ponto de vista pessoal, seria uma grande honra ser candidato na capital, que é a minha cidade. Mesmo sendo ‘Bira do Pindaré’, a cidade que me adotou foi São Luís, porque cheguei aqui desde aos 5 anos de idade. Conheço São Luís não porque me falaram, porque estudei, mas porque vivi intensamente todas as dificuldades que o povo enfrenta até hoje na saúde, no transporte. Sou uma pessoa de origem de periferia da capital. Por isso, seria uma honra participar do debate público na capital.
Até o momento as pré-candidaturas que se apresentam são do prefeito Edivaldo e da deputada Eliziane Gama. Em o senhor não sendo candidato, como avalia a possibilidade de aliança com alguma destas candidaturas?
São nomes respeitáveis. O prefeito Edivaldo é um aliado do governador e nós torcemos para que ele possa progredir cada vez mais, porque o progresso do prefeito é benefício para a cidade e eu não posso torcer contra. Agora, estamos atentos com todas as movimentações partidárias. Estamos discutindo a melhor forma de avançar no Estado. Por isso não podemos de antemão aderir a este ou aquele. Temos que construir um projeto próprio e é isso que eu acho que o PSB está fazendo.
Existe a possibilidade de o senhor retornar ao PT?
Existe uma minoria que defende o meu retorno no PT. São pessoas que eu tenho uma relação próxima e eu fico lisonjeado. Por outro lado, não há nenhuma discussão oficial sobre retorno. E o PT se encontrar em um momento de muita fragilidade, principalmente no Maranhão que fizeram uma escolha muito errada de se aliar à Oligarquia. Isso é reforçado pela crise a nível nacional, por problemas econômicos, da investigação da Lava Jato. Eu fui filiado por mais de duas décadas no PT e prefiro manter um diálogo com as bases do partido que têm valores importantes. Mas olho para frente, pensando estrategicamente o Maranhão, nessa perspectiva da transformação, da liderança do governador Flávio. O que há de convergência em fortalecer isto, temos que ajudar.
O PSB virou outro partido após a morte de Eduardo Campos. Como o senhor vê o futuro da legenda para em 2018 no Brasil e no Maranhão?
O PSB iniciou a discussão de um planejamento estratégico, mas ele não concluiu por causa do debate da fusão. Agora, com a fusão não se concretizando, vamos retomar o debate estratégico. Hoje, temos que reconhecer que foi uma grande perda o Eduardo Campos. O partido ficou sem uma liderança nacional. Isso dificulta inclusive a congregação do partido. Agora é se reorganizar. Eu vou trabalhar para que o partido mantenha sua posição à esquerda. O partido sempre esteve no campo popular. Devemos valorizar as lideranças locais. Aqui, temos o presidente Luciano Leitoa, que tem conduzido com muita habilidade, a liderança do deputado José Reinaldo, que é um forte interlocutor e temos um Senador da República. Então, precisamos colocar numa mesa para discutir projeto. Minha grande preocupação com 2016 é que o resultado fortaleça o projeto de mudança no Estado do Maranhão liderado pelo governador Flávio Dino. Esse é o nosso foco e dessa forma que a gente vai se posicionar. Seja com candidatura própria – que é o desejo da maioria do partido – ou com outras opções de aliados.