Secretário de Saúde do município diz que hospitais de emergência são sacrificados pela ineficiência do Estado.
O secretário municipal de Saúde, César Félix, rechaçou nesta sexta-feira (13) as acusações do secretário de estado, Ricardo Murad, que andou nos últimos dias acusando o município de uma suposta omissão dos hospitais de urgência e emergência. Ricardo Murad, se fazendo de vítima, está tentando repassar o dinheiro do contribuinte para hospitais da rede privada.
César Félix afirma que a proposta do secretário de estado de contratar serviços de hospitais da rede privada de São Luís confirma a ineficiência dos hospitais que estão sendo entregues pelo Governo do Estado às prefeituras, em dar resolutividade aos casos de média e alta complexidade.
“Mais de 70% dos pacientes que estão nos corredores do Socorrão I e do Socorrão II pertencem a outros municípios do interior do estado que deveriam ser regulados pelo estado. O estado deveria fazer seu papel em dar resolutividade aos casos. O fato destes hospitais regionais não darem atendimento aos pacientes acaba por conduzi-los para São Luís”, ressalta o secretário Cesar Felix. A regulação é uma ferramenta importante na gestão da saúde e necessária para o processo de implementação do Sistema Único de Saúde.
Segundo o secretário de Saúde de São Luís, a rede municipal sistematicamente vem sendo sacrificada na regulação na medida em que responde por 100% da responsabilidade pelo atendimento de casos de média e alta complexidade, recebendo apenas 45% do repasse do Sistema Único de Saúde.
Dos R$ 669 milhões recebidos pela Secretaria Municipal de Saúde de janeiro a dezembro deste ano, 50% foram repassados para o Estado e 5% para o Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, restando 45% para o município de São Luís. Para o secretário Cesar Felix, os recursos são insuficientes para o município que responde quase integralmente pelos casos de emergência e urgência do estado.
Ricardo Murad, que tenta jogar a culpa da ineficiência no município, não deverá encarar debate aberto na Câmara Municipal.
“Temos 100% de responsabilidade e só recebemos 45% dos recursos. Isso é injusto e não é suficiente para atender ao enorme fluxo de pacientes que acorrem diariamente para São Luís”, afirma Felix.
O secretário adiantou que em 2014 a Prefeitura de São Luís deve ampliar o número de leitos nos hospitais. Primeiramente a ampliação deve ocorrer nas maternidades. A Prefeitura deve ainda equipar as unidades mistas para que em leitos de retaguarda recebam pacientes submetidos a cirurgias de ortopedia, cirurgia vascular e outros casos.
Audiência na Câmara
César Félix participará nesta segunda-feira (16), de audiência na Câmara Municipal de São Luís. Ele levará para o debate a regulação dos leitos da capital. Ele pedirá a sensibilização e apoio dos vereadores para solucionar o problema para que seja possível equacionar os quadros de superlotação nos hospitais de urgência e emergência da capital.
Atualmente, cerca de 70% dos pacientes em corredores nas unidades de saúde municipais são provenientes do interior do estado. A reversão desse quadro depende da regulação plena da estrutura de leitos. Hoje, a regulação do Sistema de Saúde na capital é realizada por instituições das três esferas: federal (Hospital Universitário), estadual (SES) e municipal (Semus), o que fere as determinações do próprio Ministério, criando três centrais de regulação diferentes, gerando dificuldades na gestão da estrutura.
Ricardo Murad também está convidado para a audiência na Câmara, mas não deverá comparecer.