Ele é tido como o mais poderoso do governo Flávio, embora rechace esse título. Foi designado para assumir duas secretarias de grande porte e é o principal alvo dos adversários do governo. O secretário estadual de Articulação Política e Comunicação, Márcio Jerry, concedeu polêmica entrevista aos Blogs Clodoaldo Corrêa e Marrapá.
Márcio Jerry falou sobre como fica a comunicação do governo a partir de agora, as divisões de atribuições dele e Marcelo Tavares e sobre as críticas à sua atuação na articulação política. Ele afirmou que as mudanças no secretariado foram importantes por conta da crise econômica e ajustes do próprio governo.
Para as eleições de outubro deste ano, Márcio Jerry falou das prioridades do PCdoB e do campo político de sustentação do governo nas principais cidades. Também contou sobre uma possível candidatura sua em 2018.
Conte-nos um pouco sobre sua vida e trajetória política.
Sintetizo como o perfil de um militante político de esquerda. Comecei a fazer movimento estudantil muito cedo, lá em Colinas, onde organizei e presidi um grêmio estudantil, depois militei no movimento secundarista aqui em São Luís, quando conheci o Flávio Dino, eu no Meng e ele no Marista, depois com uma intensa militância no movimento estudantil universitário; Como jornalista, atuando nos movimentos sindicais, em organizações não-governamentais, no Sindicato dos Bancários. Também tive o prazer de ser professor da UFMA por quase cinco anos, período em que prestei três processos seletivos e fui aprovado em todos eles. Fui funcionário do IBGE aprovado em concurso público. Obtive a primeira colocação, junto com mais duas pessoas, no concurso para jornalista do Estado do Maranhão, o único até então havido, em 1993. Sempre mantive uma forte atuação política. Primeiramente na Juventude Viração, ligada ao PCdoB, depois no PT, partido em que fui da direção municipal de São Luís seguidamente, fui da direção estadual seguidamente, inclusive como presidente interino em um período na capital. Atuei em várias campanhas na área da Comunicação ao longo de muito tempo, campanhas vitoriosas, algumas que não tiveram êxito eleitoral mas tiveram êxito político. Integrei a coordenação da campanha vitoriosa do Jomar Fernandes para prefeito de Imperatriz. Conduzi toda a parte de comunicação da campanha, fiquei dois anos no governo, depois coordenei a campanha que elegeu Terezinha Fernandes deputada federal. Fui o chefe de gabinete dela em Brasília. Em 2014, fui convocado para assumir a Secretaria de Governo de Imperatriz num processo forte de recuperação do governo naquele momento. Ao final, Jomar perdeu a eleição por um pouco mais de 1% de diferença para o segundo colocado numa eleição muito disputada, com três candidatos que ficaram na casa dos 30%. Após essa experiência em Brasília, houve o movimento importante de reposicionamento do Flávio Dino na cena política, saindo da magistratura para ser candidato, e de lá para cá em processos muito rápidos de eleições. Em 2008, pude coordenar a campanha do Flávio a prefeito. Em São Luís, 2010, a campanha para governo. Em 2012, na elaboração de todo o processo que resultou na candidatura do Edivaldo Holanda Junior a prefeito, depois na própria campanha dele; e, por fim, em 2014, com essa grande e histórica vitória de Flávio Dino como governador. Qual o liame de tudo isso? Ser um militante político de esquerda que desde a adolescência tem o mesmo lado na vida, ideológico, militando pela esquerda política maranhense e brasileira. Hoje integro a executiva nacional do PCdoB, presido o PCdoB aqui no Maranhão, presidi o PCdoB em São Luís, de modo o que me identifica sobretudo, me olhando no espelho, é ser um militante político de esquerda que tem uma marca forte e inegável de coerência ideológica.
A reforma promovida pelo governador Flávio Dino te deixou mais ou menos poderoso?
O discurso de que eu sou poderoso de recorte muito político, e ideológico também, e tem várias razões que não me compete julgá-las, compete apenas repelir essa ideia de que eu sou um secretário poderoso. Sou um secretário tão poderoso quanto todos os outros e só diz que há um secretário poderoso quem não conhece a natureza do governo e nem o modo pessoal de Flávio governar. O governador Flávio Dino é extremamente dedicado à tarefa de governar, tem uma compreensão muito integral do governo e governa no limite da prerrogativa de governar. Então, se existe alguém poderoso no governo Flávio Dino é o governador Flávio Dino. Os outros todos têm características diferentes, mas não há um mais empoderado do que o outro. Evidentemente que quem tem presença na gestão política, eu e o Marcelo Tavares, por exemplo, nós temos uma responsabilidade a mais ao lado do governador que pode fazer com que se projete uma ideia de ter mais poder. Acho que há um discurso exagerado de um suposto poder que eu teria e não tenho, mas é muito mais para me queimar do que para me elogiar. Vejo isso com humildade, faz parte da batalha política. Falam muitas coisas que as vezes eu fico rindo de tantas as asneiras que falam no tema do poder, até em contradição, um dia uma pessoa fala algo e no outro dia a mesma pessoa fala algo oposto do que dissera há pouco. Faz parte dessa disputa de narrativas políticas. Em síntese, poder no governo Flávio Dino tem quem o povo outorgou poder pelo voto soberano que é o governador Flávio Dino.
Qual sua opinião sobre as mudanças no secretariado?
Metaforizando, eu digo que o governador precisa ser um técnico de futebol para emular, estimular e para posicionar o time. A mudança que o governador fez atende o objetivo de uma resposta conjuntural. Há uma crise econômica em que é preciso racionalizar a gestão pública, diminuindo gastos, fazer mais com menos. É muito importante para que o governo continue tendo capacidade de investimento. As mudanças também atendem uma necessidade de ajustes naturais do governo, de fazer com que as equipes possam funcionar sempre e cada vez melhor. Você vai atuando e aperfeiçoando essa atuação. A reforma vai melhorar a performance do governo para 2016 em comparação a 2015.
Como, na prática, você vai se dividir entre as atribuições de Assuntos Políticos e Comunicação?
Estamos fazendo uma série de reuniões, inicialmente com o secretário Robson Paz e com a minha equipe de Assuntos Políticos, para a gente fazer uma rearticulação a partir de mudanças de gerenciamento, ou seja, juntar as estruturas de gerenciamento, e fazer com que haja uma clara definição de metas, um planejamento de metas do que vamos fazer. Há uma imbricação natural, evidente e lógica de comunicação com política. É obvio isso. O locus contemporâneo da política é estar dentro do campo da comunicação, então não há nenhuma estranheza. Até porque como secretário de Assuntos Políticos sempre tive uma parceria muito forte e cotidiana com o secretário Robson. Então nós vamos só afunilar o trabalho e fazer um trabalho que não descuide da política, para que a gente possa dar respostas crescentes, que já vem sendo dadas, aperfeiçoando sempre o trabalho da comunicação.
Na sua opinião como jornalista, no primeiro ano, a comunicação do governo Flávio conseguiu alcançar a população a contento?
Não conseguiu. Mas isso não está determinado por ineficiência do trabalho de ninguém. Nem do secretário, nem da equipe. Sim por circunstâncias do primeiro ano de governo. Houve um processo licitatório que demorou a ser concluído, o que é natural por ser um processo que demora pela complexidade dele. Acho que o governo conseguiu atravessar o ano se comunicando bem com a sociedade a partir da chamada mídia espontânea, das ações do governo e da performance do governador Flávio Dino que é sempre muito boa nesse quesito. No final do segundo semestre conseguimos enfim veicular propagandas do governo, fazer com que o governo tivesse o anúncio de suas ações. As primeiras peças, as primeiras campanhas não ficaram a contento. Isso é público, nós já falamos sobre isso. O próprio secretário Robson falou acerca disso, mas temos evoluído muito e eu acho que a gente vai poder melhorar muito isso aí. Não é melhorar porque estou entrando, é melhorar porque vinha em um processo de aperfeiçoamento dessa ação da comunicação. Por muitas razões não foi aquilo que poderia ser, mas tenho compreensão que a gente vai poder, com esse acúmulo de experiência, aperfeiçoar o trabalho das agências contratadas pelo governo para que a gente possa chegar de melhor maneira possível ao povo do Maranhão. Povo este que aplaude o governo. Fechamos o ano com alto índice de aprovação. Fizemos agora uma pesquisa qualitativa que reitera isto, quer dizer, o povo tem uma percepção positiva do governo. Os fundamentos principais de imagem do governo estão preservados, mantidos e o governo tem um grande crédito com o povo do Maranhão.
Como você recebeu as críticas à sua atuação na articulação política e qual o resumo do seu primeiro ano à frente da pasta?
Recebo as críticas com naturalidade e tranquilidade. Primeiro porque são legitimas as críticas e segundo porque não me tiram o foco, pois acho que o trabalho foi bem realizado. Respeito a crítica, muito embora não concorde com elas. São críticas que precisam ser refletidas e ao serem refletidas vão mostrar que fizemos um trabalho a contento. Agora, nem todo mundo tem a mesma compreensão do que é articulação política. Há conceitos diferentes disso. O governador Flávio Dino ainda na campanha estabeleceu o rumo sobre este tema, e eu sigo rigorosamente aquilo que o governador Flávio Dino definiu como conceito de articulação política. Ou seja, a articulação política que eu executo é aquela que é emanada pelo governador Flávio Dino. Isso vem desde a campanha. Nós precisamos fazer de forma democrática, de forma isonômica, de forma participativa. Dialogando com os deputados, mas não só; dialogando com os prefeitos, mas não só; dialogando com as lideranças mais tradicionais, mas também não apenas com elas. Um governo popular precisa sempre buscar caminhos de empoderamento do povo. Fazer com que a liderança que tenha a estatura de um vereador possa ser tão respeitada quanto aquela que tem a estatura de um governador.
Qual será a dinâmica da relação entre os secretários Marcio Jerry e Marcelo Tavares?
A minha relação com o Marcelo Tavares, que já é boa, vai ficar melhor ainda, porque a gente sempre jogou tabelando, e agora, além de tabelar por afinidade pessoal, vamos tabelar também por necessidade institucional. Nós temos tarefas bem definidas. Temos nos reunido todos os dias, fazendo todo um planejamento de como será este trabalho. Não há mudança. Existe muita tentativa de fazer fofoca acerca de governo, mas a minha relação com o Marcelo, desde a campanha, é uma relação sem nenhum ruído. É afinada entre nós e na nossa relação com o governador Flávio Dino. O foco prioritário do secretário Marcelo é a Assembleia, Câmara Federal e o Senado. Meu foco na articulação política é a relação com os municípios. Nosso trabalho será cada vez mais unificado para continuarmos tendo êxito na gestão política, êxito que foi comprovado em 2015, quando fechamos o ano sem problemas com o parlamento estadual. O governo conseguiu ter todas as suas demandas aprovadas na Assembleia Legislativa.
A mudança de paradigma da articulação política do governo trouxe problemas com lideranças tradicionais?
É importante aprender com a experiência. O governador Flávio Dino dizia que era preciso ganhar a eleição e governar com aqueles que o ajudaram a ganhar a eleição. Isto é um contrato que não pode ser quebrado, é uma palavra dada, é algo muito forte na relação de confiança que se estabelece na relação entre um governante e os seus companheiros de jornada. Há quem ache que você ganha uma eleição e muda de aliados. Houve no governo Jackson Lago uma péssima experiência nesse aspecto. Não estou falando mal do governo Jackson Lago, estou dizendo que houve uma experiência que o próprio doutor Jackson Lago, em 2010, fez uma autocritica. Está nos anais da história, numa longa entrevista que ele deu ao jornal O Imparcial, em que ele faz uma autocritica a uma série de movimentos na direção apenas da classe política. É preciso saber combinar a relação apenas da classe política e a relação com o povo de um modo geral e com as lideranças. Não podemos jamais considerar equivocadamente a classe política como uma espécie estamento político. Isso é antidemocrático, inibe a oxigenação e a democratização da política. Este modo de fazer a gestão política, no conceito que o governador Flávio Dino estabeleceu, não colide nem com a classe política tradicional, nem com as lideranças populares. Valoriza ambos, não fazendo uma escala em que um é mais importante que o outro. É preciso que a gente tenha essa compreensão. É uma disputa permanente. Quem ganha um governo não ganha necessariamente o poder. É um equívoco se pensar assim. No Maranhão nós ganhamos a última eleição em condições extremamente adversas, de um grupo econômico poderoso, politicamente muito bem estabelecido, com elevadíssimo grau de hegemonia política. A gente está buscando governar construindo um processo de hegemonia política do povo que não está dada, consolidada. É uma luta permanente. Ganhar um governo não encerra a guerra, encerra uma batalha. A guerra persiste no modo de governar, nas eleições que virão em 2016, 2018, 2020. É preciso ter uma noção processual da disputa permanente de hegemonia.
Houve atrito entre PCdoB e demais partidos na relação tanto de busca de espaço, quanto na relação de busca de lideranças para 2016?
Não existe atrito. Existe aqui e ali, como gosta de dizer o senador Roberto Rocha, uma fricção democrática, que a gente senta, reúne, conversa e resolve. Não há essa história de que o PCdoB ocupa todos os espaços. O PCdoB vinha num processo crescente de organização no Maranhão, não tem uma visão burocrática de hegemonismo. A gente não quer ser o maior partido do Maranhão. Pretendemos ser um partido que facilite a unidade do campo político que elegeu Flávio Dino, mantendo este campo e ampliando. Esse é o esforço principal do PCdoB. Não somos e nem queremos ser melhores do que nenhum outro partido. Queremos ser a peça fundamental para que todos os partidos se unifiquem e tenham um caminho comum.
Como o PCdoB vai se posicionar em São Luís e Imperatriz nas eleições deste ano?
Vamos nos posicionar de acordo com a agenda política estadual. São casos diferentes. O governador Flávio Dino já disse que ele como governador não vai romper o acordo que fez em 2014 por causa de 2016. Temos vários candidatos do nosso campo e, por essa razão, o governador Flávio Dino não vai poder participar da eleição em São Luís. Isso já foi comunicado a todos os pré-candidatos. Ao prefeito Edivaldo Holanda Junior, ao secretário Bira do Pindaré, ao secretário Neto Evangelista, à deputada Eliziane Gama, todos sabem que o governador Flávio Dino não vai interferir no processo eleitoral de São Luís. Este é um ponto. O outro ponto, que é preciso tratar com muita transparência, com muita clareza, com muito companheirismo com todos é que o PCdoB ajudou a eleger o prefeito Edivaldo Holanda Junior, foi uma peça fundamental para elegê-lo. O PCdoB integra o governo Edivaldo Holanda Junior e, nada mais lógico, que o PCdoB apoiar a reeleição dele. Isso já foi dito por mim e pelo governador Flávio Dino a todos os nossos aliados, e ninguém contesta isso, pois acham que não fazer assim seria um ato extremamente incoerente. Como um partido ajudou eleger, integrou o governo e agora, no último ano de governo, rompe de última hora?! Não há como fazer isso. E o PCdoB estará ao lado de Edivaldo Holanda Junior. O governador Flávio Dino vai se preservar com uma visão isonômica. Todos os candidatos terão da parte dele o mesmo respeito, o mesmo acolhimento e a garantia de que não forçará a mão para favorecer nenhum candidato da sua base de apoio.
O PCdoB pode indicar o vice de Edivaldo?
O PCdoB não cogitou até hoje isso. O PCdoB não postula também isto aí. Acerca deste tema, só vamos nos pronunciar após o prazo de filiação, após a melhor definição do cenário eleitoral, que é a partir do mês de março.
E em Imperatriz?
Em Imperatriz é preciso ter muita paciência e compreensão do processo eleitoral. Não é difícil entender isso. O prefeito Madeira é nosso aliado. A Rosângela Curado é nossa aliada. Se não há um acordo entre a deputada Rosângela, que é nossa aliada, e o prefeito Madeira, que é nosso aliado, é obvio que o PCdoB tem que ficar recuado. O PCdoB não pode antecipar nenhuma posição sua para desagregar o campo político que nos dá sustentação na cidade de Imperatriz. Nós temos que montar uma mesa de debates entre os partidos, uma mesa de debates sincera, franca, com o objetivo de unificar o PSDB, PDT, PCdoB, PT, PP, Solidariedade, PSB, enfim, esses partidos todos que integram hoje a base do governador Flávio Dino precisam sentar-se à mesa para dialogar e buscar o chamado consenso progressivo. É isso que o PCdoB defende, que todos nós nos sentemos para botar as cartas à mesa e buscar um caminho, com o princípio de buscar a unidade, pois se a gente se dividir, a gente perde a eleição em Imperatriz. A gente precisa ganhar e a gente vai ganhar a eleição em Imperatriz com um campo político unificado.
E quanto aos demais municípios grandes?
Estamos propondo aos demais partidos que precisamos separar as 25 maiores cidades do Maranhão, e esses partidos apresentarem quais são suas prioridades. A partir do momento que cada um deles apresentar suas prioridades, nós vamos conversando. Em Timon, a prioridade é reeleger o Luciano Leitoa. Em Caxias, a prioridade é reeleger o Léo Coutinho. Isso é muito óbvio. Em Pinheiro, nós temos o doutor Leonardo Sá e o Luciano Genésio, pois temos que definir, dentro do processo político, quem dos dois vai disputar a eleição lá. Barra do Corda, uma das dez maiores cidades, o Erick é do PCdoB, e na base do Erick estão todos os partidos da base estadual, portanto ele é o candidato óbvio. Em Balsas, nós temos uma divisão. O PSB está de um lado, o PDT de outro. Vamos ver como que busca um entendimento, se for possível. Cada caso é um caso, e nós temos que ter um método para isso. O método é: a mesa de partidos colocar suas prioridades para a gente ir ajustando. Isso servirá de modelo para as composições que ocorrerão nos demais municípios.
São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar?
Em Ribamar nós temos quatro aliados importantes. O Arnaldo Colaço, que é pré-candidato do PSB, nosso aliado e companheiro. Temos o PCdoB, que não tem, digamos assim, uma expressividade, mas é um partido antigo na cidade, que precisa ser ouvido e respeitado. Nós temos o Luís Fernando, do PSDB, que é uma pessoa que nós temos uma proximidade muito grande, e o Gil Cutrim, que é do PDT, e também está no nosso campo de alianças. Nós vamos conversar para encontrar um caminho de construir uma unidade. Apesar das notas em jornais e blogs de diferenças insanáveis e intransponíveis entre o Gil e o Luís Fernando, eu não creio nisso. Acho que nós vamos construir um caminho de unidade para que a gente possa ganhar a Prefeitura de Ribamar. Na Raposa, é óbvio que nós temos a candidatura da Talita Laci e, em Paço do Lumiar, nós temos uma definição clara, já apresentada aos outros partidos, que é a candidatura do ex-deputado Domingos Dutra, com grande viabilidade e que nós vamos disputar com muita vontade de vencer.
Você acredita na possibilidade de reaglutinação do grupo Sarney?
Independente do êxito do governo Flávio Dino, o grupo Sarney tem ainda uma força no Maranhão. Eles são, como dizia o saudoso Walter Rodrigues, mais do que um grupo político, eles são um esquema de poder. O conceito de esquema envolve muita coisa. Então é um grupo que tem força midiática, força econômica, força simbólica em pelo menos 30% da sociedade, força nas instituições. Não dá para, de forma arrogante, desprezar a força que eles têm, pois seria burrice. Mas, com segurança, eu afirmo que eles não voltarão, porque nós estamos trabalhando para constituir um novo bloco de poder, renovado, participativo, mobilizador, republicando, que melhora as condições de vida do povo do Maranhão, e, neste caso, haverá sempre uma comparação muito forte entre o que é o governo Flávio Dino, flagrantemente, a olho nu, imensamente melhor que qualquer um dos governos da oligarquia. O governador Flávio Dino conseguiu mostrar em um ano que o Maranhão tem rumo, planejamento, está em boas mãos, e que o governo Flávio Dino é incomparavelmente melhor que todas as experiências de governo da oligarquia. Eles não se preocuparam com o desenvolvimento do Maranhão, não se preocuparam com a educação, com a saúde, com nada. Apenas com uma política de perpetuação do poder. A lógica do sarneyzismo sempre associou o patrimonialismo econômico com a sustentação política. Fazer um governo para pilhar o estado e ganhar outra eleição. Esse governo acabou. Vamos comprovar isso construindo cada vez mais a agenda administrativa de mudanças do governador Flávio Dino.
Como secretário de Assuntos Políticos, como o senhor avalia o comportamento da oposição no primeiro ano do governo?
O comportamento da oposição em 2015 foi isolado e extremamente desqualificado. As pessoas que vocalizam a oposição ao governo Flávio Dino beiram ao ridículo. Seja pelos discursos que fazem, seja pelas questões que colocam na agenda política. O principal porta-voz dessa oposição, por exemplo, é um homem que a Polícia Federal diz ter desviado mais de bilhão da saúde maranhense. Não só a PF, o Ministério Público Federal também disse, tanto é que pediu a prisão dele. Quem tem como porta-voz alguém da estatura de quem é acusado de ser chefe de uma organização criminosa, por aí você tira a medida e a qualidade desse tipo de oposição.
Márcio Jerry é pré-candidato a deputado federal ou senador em 2018?
Quem faz política por vocação, lembrando Max Weber, é obvio que algum dia você pode ser candidato. Agora seria um exagero meu, e seria uma mentira também, dizer que pensou, planejo ou estou organizando isso. Não estou. Tenho muita responsabilidade, trabalho muito, tenho muita dedicação ao que faço, sei do papel que cumpro no governo, e tenho um desprendimento muito grande a isso, de modo que não pensei em candidatura, não planejei, articulei ou conversei com ninguém. Isso deve ser pensado e será pensado pelos meus companheiros de partido depois de 2016, quando tiver pelo menos no ano pré-eleitoral. Temos várias candidaturas postas para o Senado e, neste campo, não há a menor possibilidade de eu vir ser candidato ao Senado. O que a gente vai continuar fazendo é esse trabalho de ajudar o governador Flávio Dino. Vejo preconceitos espalhados em alguns órgãos de comunicação, do grupo Sarney, espelhando uma visão extremamente elitista da política. No começo do ano, li no jornal que era um absurdo eu vir trabalhar no Palácio dos Leões porque aqui não era para qualquer um. Por si só, isso já diz o grau de atraso, de medievalismo, dessa afirmação. Depois, no fim do ano, para coroar essas aleivosias conservadoras, uma outra afirmação questionando o que justificava as minhas pretensões, afinal eu era “apenas uma pessoa simples do sertão maranhense”. Recebo isso como elogio, pois isso revela com mais agudeza aquilo que a gente mesmo é. Tenho orgulho da minha condição de militante político de todas as causas boas. Não há, nas últimas três décadas, nenhuma luta por justiça, por igualdade, por meio ambiente, enfim, nenhuma luta por causas diversas que eu não tenha tido participação. Quem é da luta popular do Maranhão sabe do que estou dizendo. Digo isso com humildade e muito orgulho, pois é bom olhar para trás e ter satisfação dos passos que deu na vida, sem ceder a nenhum tipo de desvio de conduta, caráter, visão ideológica ou prática política. Isso não me dá o desejo obsessivo de ocupar um mandato parlamentar. Se vier, será naturalmente, em decorrência não de uma ambição, mas de uma longa trajetória.